António Saraiva, que o Público de hoje apresenta como o presidente da Confederação Empresarial de Portugal... acha que a legislação laboral é só um pedregulho na estrada do crescimento.
No seguimento da notícia, ficamos a saber que, para António Saraiva, o acordo assinado em sede de concertação social foi o possível e vale por um tempo, mas , garante António Saraiva, a CEP, a que preside, vai continuar a defender algumas das propostas que ficaram de fora desse mesmo acordo; como por exemplo, as que compensavam o recuo no aumento do horário de trabalho diário.
Acrescenta-se que, para António Saraiva, da CEP, o acordo - este acordo da concertação social – não representa uma perda de direitos, mas apenas de benefícios, algo que deveria ter acontecido há já mais tempo.
E diz também, António Saraiva que, se os sacrifícios, agora impostos, não resultarem, as pessoas terão razões acrescidas para se indignarem...
Ora, deixemos agora isto por um momento e vamos até ao Diário deNotícias, onde se lê, em breve texto, que - Portugal é o país europeu mais liberal.
Bom, mais liberal , neste particular do mercado de trabalho, ou antes e mais particularmente ainda... no despedimento colectivo.
Vamos ler: Portugal é o país europeu onde é mais fácil avançar com processos de despedimento colectivo. Segundo o ranking de protecção laboral da OCDE, numa escala de 1 a 6, Portugal está no 1,88. O que representa não só o valor mais baixo entre os países europeus avaliados, como carimba o país como um dos mais liberais entre todas as economias da OCDE...
Como se viu, para António Saraiva talvez não o seja ainda suficientemente – liberal, digo eu...
Já quanto ao resto... se os sacrifícios não resultarem, as pessoas terão acrescidas razões para se indignarem... enfim, não vamos por aí... que – segundo já vimos, não vá de confundir-se direitos com benefícios... e aqui neste caso, se os sacrifícios não resultarem... se alguém tem o direito a indignar-se será quem decretou esses mesmos sacrifícios. Certamente não porque a receita esteja errada... mas porque, como dizia o padre Vieira... se o sal não salga, não será porque a terra não se deixa salgar?
Ou, se preferirem a versão brechtiana da coisa: não será melhor demitir este povo e eleger outro?...
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