quarta-feira, 21 de março de 2012

Girafas?! Isso não existe.


Afinal não será bem um vazio legal. O que acontece é que em 99 a lei foi revogada e a partir daí abriu-se então, aquilo a que, por exemplo, o Diário de Notícias de hoje chama de vazio legal, que deixa impunes os políticos que falseiam declarações de riqueza.  Em sub-título relembra-se então que, desde 1999 que, em Portugal, ninguém é punido por faltar à verdade perante os órgãos do Estado e que até deixou de ser crime mentir nas comissões parlamentares de inquérito. O jornal sublinha a propósito a comissão de inquérito ao BPN, que aliás arranca hoje para uma segunda sessão de trabalhos, ou seja, arranca hoje a Segunda Comissão de Inquérito ao caso BPN, no Parlamento...  
O Diário de Notícias explica depois outros casos em que os responsáveis... enfim, neste caso, o melhor é chamar-lhes apenas detentores de cargos públicos.. estão isentos de sanções... é o caso de declarações falsas de rendimentos no Tribunal Constitucional, é o caso de  mentir em comissões parlamentares de inquérito, ou ainda o caso de dar-se uma identidade falsa à polícia ou à máquina fiscal...
Bom, apresentada que fica  esta confortável almofada para mentirosos, que a lei portuguesa providencia aos seus políticos em exercício, avancemos para a próxima perplexidade... esta.. é que o vazio legal, de que fala o título, não nasceu de geração espontânea.. alguém o criou.. em 1999... foi então que alguém fez revogar a lei, que punia políticos mentirosos. Agora... Enfim, agora, das duas uma: ou deixou de se considerar crime a mentira nestes casos.. ou concluiu-se que  na classe política é impensável haver gente mentirosa , daí a inutilidade evidente de haver uma lei, que puna gente dessa. É aliás recorrente e pública a blague, geralmente acompanhada de um ar ofendido: "não admito que se ponha em causa a minha seriedade!", ou "ainda está para nascer quem seja mais sério do que eu!", ou ainda... 
Enfim, quase como se dissesse – como na anedota: Não podem cair pedras do céu, porque no céu não há pedras.. ou então essoutra.. Girafas?! Isso não existe.  Eu nunca vi nenhuma.

sexta-feira, 16 de março de 2012

o burro fugiu do presépio. alguém o viu?


Os feriados... os que ficam e os que caem a bem da Nação.
Hoje o DN recupera o anúncio feito ontem pelo secretário da presidência, Marques Guedes... que este ano, tolerância de ponto para a Função Pública  só mesmo pelo Natal... Nem a Páscoa, nem o Fim de Ano, nem mais nenhum, só mesmo o Natal, ou a véspera de Natal, será de tolerância de ponto para a Função Pública.
E o jornal acrescenta também o argumento apresentado pelo secretário de Estado para justificar esta tolerância natalícia. Depois de se sublinhar o facto da véspera de Natal, este ano, cair a uma segunda feira, o secretário Marques Guedes, do conselho de ministros, acrescentou, como quem conclui – não faria sentido para o Governo que as famílias não se pudessem reunir após o fim de semanafim de citação,
Então – e ainda que mal pergunte -  e se não se pudessem reunir  antes do fim de semana, ou mesmo a uma quarta feira, ali mesmo a meio da semana.. já faria mais sentido?... 
E quando o Natal calhar a um domingo?..   

Mas este ano, cai a uma terça, o que faz a tolerância ir para a segunda, o que não melhora nada, porque a segunda cai a seguir ao fim de semana e,  a menos que não queiram mesmo reunir-se, durante um fim de semana as famílias têm, não um, mas dois dias para estarem juntas. Qual a pressa de voltarem a reunir-se logo na segunda feira a seguir?...
E já agora também e uma vez que o Natal se pode considerar um feriado religioso, a tolerância de ponto que eventualmente se lhe cole, não haveria de ser decisão da Santa Sé, do Papa, ou pelo menos de um cardeal, mesmo já velho e vesgo?...

quinta-feira, 15 de março de 2012

beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses.. com gasosa é mais 5 tostões!


Vem no Correio da Manhã e , para além de merecer chamada de capa, merece depois uma página inteira, no caso, a página 28. 
Na capa lê-se que Santa Comba regista a marca Salazar.. em continuação escreve-se depois que a Câmara de Santa Comba quer aproveitar o nome do ditador (de Salazar, portanto) para promover produtos do concelho e diz-se também que, entretanto, a autarquia ainda não desistiu de criar um Museu do Estado Novo. 
Bom, para isso são precisos 10 milhões de euros e espera-se que alguns mecenas privados se convençam, porque, ao que parece, parte do investimento terá de vir dos privados.. isso e chegar-se a acordo com os herdeiros de Salazar, para que permitam a compra do património do falecido, que seja relevante para um Museu deste tipo, claro está... 
Aliás, esta ideia de criar marcas e produtos que divulguem a região parece ter como objectivo último financiar, ou ajudar a financiar a criação do Museu...
Mas regressemos à marca Salazar, que já foi registada e que nomeará um vinho do Dão, que há-de sair para o mercado já neste Verão, em Agosto. O vinho vai chamar-se Memórias de Salazar  e o autarca de Santa Comba defende que, numa altura de grave crise, temos de deitar mão a tudo o que nos possa ajudar a ultrapassar as dificuldades.. enfim, há já quem assalte supermercados para resolver essa questão, mas isso não tem nada a ver com o que estamos a falar... 
O autarca de Santa Comba, JoãoLourenço – já agora, fica apresentado – quer, em última instância, recuperar o património da família de Salazar para fins turísticos. E, enfim, claro que a História vista assim, com olhos de turista tem sempre outra graça.. até mesmo o horror que ela nos possa contar ganha um outro encanto e sortilégio....   
Mas fixemo-nos no Vinho, neste Memórias de Salazar 2012.. Fixemo-nos no precioso néctar e inspiremo-nos e deixemo-nos levar por essa frase inspirada, ela também do patrono  desta nova "pomada". Essa, que  dizia que beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses..

Isso vai contra os meus princípios, portanto, não há hipótese


No Correio da Manhã a notícia merece apenas um breve destaque, em forma de citação. E o citado é o ex governador do banco do Canada, WilliamWhite e diz que acha surpreendente que tão poucos banqueiros tenham ido para a prisão...
Já no Diário Económico a matéria merece uma página inteira de texto e traz à ribalta Greg Smith, director do banco norte americano Goldman Sachs – que o jornal não hesita em classificar como a mais poderosa instituição financeira do mundo. Greg Smith apresentou ontem a demissão e disse ao New York Times porquê... Porque considera que o banco está em bancarrota moral. Diz o Económico que foi provavelmente uma das declarações mais estrondosas da história financeira... No artigo publicado no New Yor Times, o ex director do Goldman Sachs acusa o banco de não defender os interesses dos clientes, fixando-se apenas no objectivo de ganhar dinheiro a qualquer custo.. aliás, o que Greg Smith diz é que o banco só pensa em como tirar dinheiro aos clientes e garante mesmo que ouviu alguns directores gerais referirem-se aos clientes como FantochesSabe-se que o Goldman Sachs foi alvo de duras críticas, tanto da administração norte americana, como de autoridades políticas da Europa. É também um dos alvos do protesto dos manifestantes do movimento Ocupy Wall Street, que o identificam  como o exemplo vivo do lado negro do mundo financeiro. 
A verdade é que o regulador norte americano está a investigar este banco, acusando-o de vender produtos financeiros tóxicos aos clientes de forma deliberada. 
Segundo conta o Económico a coisa fazia-se assim – ao mesmo tempo que se vendiam esses produtos tóxicos relacionados com o sub prime, o banco apostava na desvalorização desses mesmos produtos.. Aliás, consta que  foi já obrigado a pagar multas milionárias por causa da forma como se comportou durante a crise financeira..

E agora a resposta dos responsáveis do banco. 
A resposta às acusaçõesde Greg Smith, claro.. e a resposta é brilhante de esclarecedora... já ouvimos a acusação – que o banco está em bancarrota moral que há administradores que chamam fantoches aos clientes e que o banco só pensa em  fazer dinheiro, sem respeito pelos depositantes e que terá mesmo viciado o mercado vendendo produtos envenenados.. 

Pois perante uma acusação destas, o Goldman Sachs responde desta forma – ficamos desapontados ao ler afirmações de um indivíduo que não refletem os nossos valores, a nossa cultura e o que a grande maioria das pessoas no Goldman Sachs pensa sobre a firma e sobre o trabalho em prol dos nossos clientes... e acrescentou-se ainda, em jeito de pedra sobre o assunto, que para 89% dos 30 mil empregados do banco, o Goldman Sachs presta serviços de excepção aos clientes – enfim, se vender-lhes produtos tóxicos se pode considerar um serviço de excepção e é bem possível e até desejável que se possa considera-los assim...
Termina a defesa do banco dizendo que numa empresa tão grande não é chocante que algumas pessoas se sintam descontentes
E se bem reparam, nenhum destes argumentos que acabámos de ouvir contradiz ou responde a uma única das acusações enunciadas pelo ex director Greg Smith.. ou seja, se um ladrão de galinhas apanhado em flagrante delito for a tribunal e em defesa própria responder o que o banco Goldman Sachs acaba de dizer....   o juiz pode achar que o arguido está a mangar com ele em claro desrespeito pelo tribunal... 
- Roubar galinha, eu?!... Isso vai contra os meus princípios, portanto, não há hipótese.. nem que a própria galinha assinasse um termo de responsabilidade apontando-me o bico acusador.

quarta-feira, 14 de março de 2012

garnizés e ipods


E falo disto por causa desta palavra castiça – Garnizé
"Os garnizés".
É sob este título pícaro que se apresenta a crónica de Vasco Graça Moura, (VGM), nas páginas do Diário de Notícias de hoje. 
Tem a ver com a polémica levantada pelas declarações de Cavaco Silva sobre a lealdade, ou falta dela, do ex primeiro ministro José Sócrates.  E a propósito lê-se que, segundo VGM, enunciar a verdade histórica nunca é um ajuste de contas. Isto para quem, eventualmente alguns garnizés, ache que as declarações de Cavaco são uma espécie de ajuste serôdio de contas com o ex primeiro ministro... Enfim, é histórico que Cavaco, já desde que foi ele também primeiro ministro que tem uma certa dificuldade em mexer-se entre as várias oposições. Lembram-se da blague das forças de bloqueio e do famoso – deixem-nos trabalhar?.. Bom, adiante e voltemos ao texto. 
VGM é aqui apresentado como escritor e não como responsável pelo CCB e o jornal faz questão de acrescentar em rodapé que o autor, por decisão pessoal, não escreve segundo o novo acordo ortográfico... Pois não. E se calhar, nem segundo o antigo, já que, o meu dicionário escreve "garnisé" com "s" e VGM escreve com "z". 
Posto isto, vamos aos garnizés.
Escreve VGM que a governação socialista conduziu o país à catástrofe e que durante esse processo o primeiro ministro sempre fez orelhas moucas às advertências, às análises, aos alertas, aos sinais de alarme que lhe chegavam de todo o lado e vaticinavam o que ia acontecer. Já no segundo parágrafo, VGM sublinha que esse facto poderia indiciar alguma obstinação ou mesmo estupidez da governação socialista, mas o que aconteceu foi uma enorme fraude  política assente na manipulação intencional da opinião pública. Bom, não vamos por aí, que por aí, parece-me que ninguém terá as mãos assim tão limpas quanto isso, se é de manipulação da opinião pública que se fala...
E agora sim... Chegámos aos garnizés! 
Escreve VGM, já no terceiro parágrafo, citemos: "não me lembro de ver nenhum dos garnizés de serviço à propaganda e à concretização da governação  socialista aparentar qualquer espécie de inquietação, apreensão ou simples prurido quanto ao caminho que estava a ser seguido e quanto ao que ia acontecer a Portugal, tão certo como dois e dois serem quatro." 
Bom, é natural que os garnizés de serviço à propaganda da governação socialista não  se mostrassem preocupados, se aceitarmos que, para a governação socialista, o caminho era o mais acertado. Nem faria grande sentido que fosse o contrário. Como se pode defender uma ideia em que não se acredita? Enfim, poder pode, assim nos paguem. Mas quanto ao resto e usando a terminologia de VGM, todos os garnizés de serviço na Oposição , CDS, PSD e  a esquerda à esquerda do PS alertaram, criticaram, atacaram a governação socialista.. como aliás teriam feito o mesmo fosse qual fosse o governo e fosse qual fosse a circunstância. Se uma Oposição não se opõe, quem se impõe?!... E como se os garnizés da Oposição Parlamentar não chegassem, houve ainda o Presidente Silva, que não se cansa agora de dizer que bem avisou,,, que bem avisou, a seu tempo e o tempo todo, mas os outros garnizés não o ouviram..
Um garnizé... soa a qualquer coisa como aquilo que o povo chama de pato bravo, chico esperto, artolas...  Mas o melhor é ir ao dicionário.
Garnisé: Diz-se de uma galinha pequena, originária de Guernesey. Galo pequeno e petulante. Homem pequeno e irascível. 
É então uma dessas coisas que VGM está a chamar aos socialistas


E não é só Graça Moura no CCB , diz o Jornal de Notícias que também o juiz do tribunal de Viana do Castelo se recusa a aplicar o novo Acordo Ortográfico.  Aliás, o que o jornal diz é que o juíz, Rui Oliveira, proíbe a utilização da grafia do novo acordo ortográfico. A ordem de serviço, entretanto emitida, justifica a proibição com o facto dos tribunais não estarem abrangidos pela resolução do Governo. Porque os tribunais não fazem parte do Governo, nem são superintendidos, nem dirigidos, nem tutelados pelo Governo. E ponto final. Ou não, que o juiz acrescenta e alerta ainda para o facto de ser no Direito e nos tribunais que há mais mudanças, na intensidade de utilização de certas palavras. E isso pode provocar, com o mesmo texto, um sentido totalmente diferente. Um pormenor que, no entender do juiz Rui Oliveira, nunca foi pensado nem acautelado, na elaboração do novo acordo ortográfico...
E realmente pode. Entre o assassino que espeta a faca, o espetador, e o que fica a ver, o espectador, há realmente mais qualquer a distingui-los que um "c" curvo.


Bom, a verdade também é que cada vez vai fazendo menos falta saber como se escreve correctamente em português, se tivermos em conta a quantidade de termos e expressões estrangeiras, que vão invadindo o nosso falar quotidiano.
Saltemos um par de páginas neste JN, até aqui onde se anuncia que a Metro do Porto vai dar prémios aos passageiros.
A iniciativa arrancará no próximo mês e assim sendo, em Abril, os 8 clientes que fizerem mais validações dos títulos de transporte serão premiados logo em Maio.
Vamos então aos prémios que esperam os passageiros da Metro do Porto. 
O primeiro, o que tiver efectuado mais carregamentos das assinaturas ou títulos de viagem... receberá um IPHONE 4. O segundo recebe um IPAD e o terceiro, um IPOD... Quanto aos restantes 5 vencedores receberão vales de 100 euros em compras para o El Corte Inglês.
E pronto. Um IPOD, um IPAD, um IPHONE  e compras no el Corte Inglês....    Talvez alguns preferissem uma espécie de livre trânsito para andar de borla de Metro durante, vamos supor, 2 meses, ou mesmo 3... Mas não. A Metro do Porto prefere oferecer IPHONES, IPADS e IPODS e ...
Ai flores ai flores de verde pinho...

terça-feira, 13 de março de 2012

olha o bispo de Beja a pedir chuva!



Vem no Público, discretamente, mas vem e cita o bispo de Beja...
Entremos pelo título – bispo de Beja lamenta que haja mais fé em Bruxelas que em Deus...  bom, isto da fé em Bruxelas, já terá sido mais certo, mas deixemos isso e vamos ao texto...
António Vitalino Dantas, chama-se o bispo e, segundo o Público, terá lamentado a falta – ou a aparente falta de orações dos crentes a pedir chuva a deus. Adiantou mesmo que a maioria da população só acredita na previdência de Bruxelas e que, noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva e conclui dizendo que parece que os crentes não se fazem ouvir e que a maioria da população não acredita na providência divina.. e aqui, leia-se providência e não previdência.. portanto, no que toca a Bruxelas, os crentes acreditam na Previdência da Europa.. previdência de como quem prevê.. já quanto a deus, a questão escreve-se com “O” -  Providência.. o que o dicionário diz que é a acção pela qual deus dirige o curso dos acontecimentos, de maneira a que as criaturas realizem o seu fim, como pode também ser uma circunstância feliz, ou ainda a disposição que se toma para evitar um malMas, vamos à previdência. E tendo em conta que, ao que parece, estas secas violentas são fenómeno sazonal e quase previsível...  então talvez que, mesmo sem a providência divina, algum poder mais deste mundo o pudesse ter feito entretanto.. ou seja, prever e prevenir o país para estes episódios dramáticos..  já quanto ao poder da oração, seja como precipitador de chuva, ou do que seja, é bem verdade que sim, como diz o bispo, noutros tempos já se teria levantado um coro de súplicas aos céus... mas isso era noutros tempos.. hoje, por muito que seja o desespero, já muita gente percebeu que nem os senhores da meteorologia têm esse poder, o de fazer chover.. limitam-se a ler as cartas e a prever o tempo que nos espera.. prever, que é diferente de prevenir, ou de providenciar.. ou seja, se o senhor da meteorologia diz que amanhã vai chover, não é porque ele assim o queira. É porque vai mesmo.
Mas agora muito sinceramente acredita mesmo o bispo de Beja que se Portugal ajoelhar em coro e desatar a rezar a deus que mande chuva....a chuva vem mesmo? Assim mesmo, como deus a dá?...

sexta-feira, 9 de março de 2012

o duplo anarquista


E porque hoje cumpre o primeiro ano do segundo mandato, o actual presidente da República publicou um volume com os textos dos discursos que entretanto foi proferindo. É a partir desse texto, que alguns jornais do dia sublinham essa declaração – explosiva, segundo alguns - de Aníbal Cavaco Silva. Acha o presidente que Sócrates, enquanto primeiro ministro não foi leal. 
Na primeira do semanário Sol lê-se mesmo isto: A falta de lealdade de Sócrates ficará na história da democracia
Já o jornal Público abre duas páginas especiais para assinalar a data... e logo em chamada de capa deixa esta pergunta:  Podem os presidentes ressuscitar?  Claro que não é nenhuma certidão de óbito, o que o jornal está aqui  a passar ao presidente, mas antes o sublinhar de um estado de profunda erosão a que Cavaco está neste momento confinado. Diz mesmo que é uma coisa inédita na política portuguesa, o estado de erosão política do actual presidente e deixa-se em aberto essa questão crucial – será que vai recuperar e voltar a ser central na política portuguesa?  
O Público foi ouvir alguns ex assessores de alguns ex presidentes a saber o que pensam sobre o assunto.. Por exemplo, Joaquim Aguiar, ex assessor de  Mario Soares e Ramalho Eanes acha que o presidente tem de exercer o mandato numa sociedade que não quer governo nem oposição. É o duplo anarquista. Já outros, antes dele, o tinham dito por outras palavras - ou seja, que os portugueses não se sabiam governar nem queriam que ninguém os governasse.. mas isso é História.  
Actualmente, junta-se a esta questão a lembrança de que ontem entrou no Parlamento uma petição exigindo a demissão de Cavaco, o jornal sublinha entretanto que não compete ao deputados decidir sobre essa matéria, mas fica o aviso à navegação...



Bom e enquanto isso..  zarpemos até às páginas do Diário de Notíciasonde em discreta e breve notícia ficamos a saber que, segunda que vem, Cavaco Silva vai até à outra banda, ao arsenal do Alfeite condecorar...  Enfim condecorar só assim sem mais.. não.. vai condecorar o navio escola Sagres... como Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo. Diz o jornal que nessa ocasião, o presidente haverá também de fazer uma visita à fragata Corte Real, que há-de partir brevemente para a Somália... a fragata.
Mas fixemo-nos na comenda.    
Confesso que não sei quantas existem nem quem as patrocina... mas, se houvesse uma que tivesse uma ressonância menos bélica... a Ordem Militar de Cristo... não que eventualmente não a mereça, mas a Sagres é um navio escola.. uma escola de navegação.. não é um vaso de guerra.. aliás, tanto quanto consegui perceber, acho que nem canhões tem... nem dos pequeninos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Barriga, mãe, há só uma!


Muito provavelmente este é um assunto que deveria preocupar apenas os mais directamente interessados, o que não será o caso da maioria  da população portuguesa em geral, mas já que os jornais lhe dão um destaque tão urgente e foi até matéria e notícia de abertura no telejornal de ontem, à noite na RTP, vamos só referi-lo de passagem.
E tem a ver com o novo operador, que mede as audiências de televisão em Portugal... Enfim, pelo que se percebeu ontem, é em Portugal e não só. Mas vamos aos factos. 
E o mais recente deles todos é que, segundo os novos analistas de audiências, a RTP terá ficado, uma destas tardes e durante quase meia hora, com o nível de audiência reduzido a zero. Uma queda abrupta, de que se reergeu passada a tal mei’horita, como se nada se tivesse passado, com os índices a regressarem aos  valores em que se encontravam antes da avaria, do apagão, se assim se pode dizer.. O próprio operador já reconheceu a falha técnica e responde, contra atacando, que toda esta campanha de suspeição mais não é do que isso mesmo, uma campanha de suspeição.  Diz aliás mais que isso – citando António Salvador, o homem no centro do furacão, como lhe chama o Público... citando então o líder da tal empresa de sondagens – a GFK -  estamos (enfim, está a empresa que dirige) sob um clima de terrorismo puro e duro.
Ontem, o pivot do telejornal da RTP falava em “avaria selectiva”sublinhando que o apagão afectou apenas dois canais da RTP e ainda a BBC e o canal Hollywood, que só passa filmes na televisão por cabo... uma coisa selectiva, portanto... Como quem diz.. isso mesmo: uma coisa selectiva, premeditada, escolhida a dedo.. 
Mas deixemos isso agora e vamos pensar em voz alta. É claro que o problema que realmente preocupa os responsáveis - neste caso da RTP – é a fuga dos anunciantes para outros canais, ao verem que – no caso, a RTP – esteve a falar para o boneco durante meia hora. E sublinhe-se este pormenor.. foi durante meia hora e em jeito de morte súbita.. como se de repente tivesse havido uma espécie de “apagão analógico”, que é uma expressão recente da linguagem televisiva.. como se, de repente, as trevas tivessem caído sobre a RTP.. por maldade, ou castigo dos céus.. Claro que só um lerdo, muito lerdo pode acreditar num tal prodígio... Não que não seja possível, mas pouco provável decerto que é
E aqui chegados, há duas conclusões preocupantes e surpreendentes a reter. Primeiro esta - que o mais poderoso órgão de comunicação social português – a televisão do Estado -  não teve a capacidade de comunicação suficiente para explicar aos anunciantes, que o zero de audiências se explica com uma alegada avaria técnica e que seria coisa muito bem combinada , se de repente toda a gente à mesma hora tivesse mudado de canal.. E deixemos de lado as razões para que alguém o pudesse ter feito ou vir a fazer.
Depois a outra conclusão preocupante, se bem que talvez não tão surpreendente é esta: a fraca inteligência dos empresários que investem – pelo menos,  em publicidade – que possam ter acreditado que a RTP tenha descido aos infernos da impopularidade durante meia hora e que isso seja o alarme suficiente para começarem a fugir e a comprar publicidade noutro sítio...
Ter mais olhos que barriga é coisa pouco recomendável – dizem os antigos, se bem que também aqui seja de crédito duvidoso , o aforismo, já que, olhos, todos temos um par deles.. já quanto à barriga... Barriga, mãe, há só uma.
Entretanto fica esta curiosidade... como terão reagido a esta avaria selectiva o canal Hollywood e a BBC?...

quarta-feira, 7 de março de 2012

e quem o diz é quem o é


Frases feitas... entremos por esta: não admito que alguém ponha em dúvida a minha seriedade... E quem diz seriedade, diz honra, honradez, ou honorabilidade.. o que – vamos a ver - pode não ser bem a mesma coisa. 
Então, antes que avancemos, vamos abrir o dicionário.. honradez é a qualidade de quem é honrado e é o mesmo que honra, probidade, brio, integridade de carácter, honestidade – que o dicionário diz também que equivale a algum recato e   modéstia – a honestidade... Já quanto a honorabilidade – essa é qualidade de quem, ou daquilo que é digno de ser honrado. O que lhe concede tal dignidade.. isso há-de variar consoante o contexto e os protagonistas, claro está. Mas vamos aos factos.
Diz o Diário de Notícias que, por causa das guerras de audiências no sector das televisões, o actual presidente da Comissão de Análise e Estudos de Meios, que é acusado de acumular essas funções com a de director de um dos canais privados de televisão.. insinuação pérfida.. pois a isso responde Luis Marques que está farto de insinuações e não admite que se ponha em causa a sua – dele – honorabilidade.

A outra notícia leva-nos até outra frase feita – a das rescisões amigáveis e por mútuo consentimento. 
Neste caso a situação passa-se numa conhecida cadeia de supermercados que quer dispensar 1500 trabalhadores.  Pouco interessa saber-se o nome da empresa, fica só o essencial. E o essencial é que a proposta em cima da mesa é esta – ou aceitam sair , ou aceitam passar a trabalhar em tempo parcial, com a inevitável redução de ordenado. Os jornais falam – citando a empresa –em redução de recursos humanos de uma forma voluntária. Então e se esses 1500 , de forma voluntária e amigavelmente responderem que nem uma coisa nem outra, que o que querem mesmo é continuar a trabalhar e a receber o ordenado , mesmo sem aumento, que o tempo não está para festas?... Que hipótese é que têm de chegar a alguma coisa que , mesmo de longe, se pareça com um mútuo acordo amigável e voluntário?...

E por fim uma notícia de ciência.
Diz o Público que uma equipa de investigadores norte americanos quer determinar com toda a precisão científica o exacto local onde, no nosso cérebro, nasce a criatividade.
Já é consensual que o hemisfério direito do cérebro comanda a parte lógica e racional do nosso comportamento e que o hemisfério esquerdo é onde a criatividade se agita e manifesta... Agora, diz o jornalista do Público... agora estes investigadores norte americanos querem encontrar o local onde nasce a criatividade do cérebro e garantem que o hemisfério esquerdo desempenha uma função determinante no processo.
E a rematar a prosa, o jornalista escreveu isto: Como no tango, são precisos os dois hemisférios para criar... Diz que dizem.  Enfim, o que poderia eventualmente indiciar que esta frase não seria da exclusiva lavra do jornalista... No entanto ela mantém-se – a dúvida. Com que metade do cérebro é que se terá chegado a uma conclusão tão brilhante?.. esta do tango...  já agora, também o fandango e a valsa e o corridinho precisam de dois para serem bailados a rigor.. claro que também se podem dançar sem parceiro, mas não tem a mesma graça.