quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

o que é Nacional é bom (as bolachas, por exemplo.)

A notícia passou ontem pelas televisões e salta hoje para as páginas dos jornais. 
No caso do I, o título que a anuncia reza assim: "Caos na saúde. Tribunal de Contas revela contabilidade pouco fiável e incentivos à ineficiência." Acrescenta-se em sub-título que os hospitais públicos portugueses estão sub financiados, mas que, mesmo assim, desperdiçam dinheiro. 
Desperdiçam e não será pouco. Pelas contas do Tribunal, o desperdício anda na casa dos 2 milhões de euros por dia.  E que, assim sendo e por exemplo, no ano de 2008 se gastou mais 745 milhões do que o necessário.
A explicação de como o financiamento aos hospitais se processa em Portugal vem logo em entrada de texto. E diz assim: "todos os anos os hospitais contratam com o Serviço Nacional de Saúde as actividades que vão realizar, com base em previsões e nem sempre sobre a população que servem e são pagos a um preço definido pelo Estado com base na contabilidade de cada unidade e numa matriz importada dos Estados Unidos." 
Acrescenta-se ainda que, como a contabilidade dos hospitais não abrange todos os actos utilizados neste sistema de pagamento, acabam por ser sub financiados – ou porque o preço do Estado não cobre os custos, ou porque são ineficientes na gestão dos recursos.
Enfim, estes são os prejuízos visíveis, contabilizáveis, detectáveis na gestão dos hospitais públicos portugueses.  Mesmo assim e sem irmos mais ao fundo da questão já temos um prejuízo de 2 milhões de euros ao dia...
Mas o que fica em aberto é esta questão: diz aqui que "os hospitais são pagos com base na contabilidade de cada unidade e numa matriz  importada dos Estados Unidos"... E que haverá aí que garanta, que essa matriz norte americana funciona em Portugal? A outra questão é esta:  serão os custos de gestão hospitalar norte americanos iguais aos portugueses? Podem ser, podem não ser. Não é evidente.
E depois há um pormenor que talvez tenha alguma influência, para compreendermos esta preocupante conclusão... é que a matriz pode ser norte americana , mas em Portugal, quem a aplica, não foi importado de lado nenhum, é produto nacional.
E se calhar e ao contrário do que diz o anúncio.... é bem capaz de haver aí casos, em que, nem sempre, o que é Nacional é bom.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

É estúpido, não é? Eu avisei.

 Traz chamada de capa , hoje no Público, que o novo regime de taxas moderadoras vai obrigar os doentes com epilepsia a requerer uma junta médica para a avaliação da sua incapacidade. 
jornal acrescenta que este procedimento vai burocratizar muito – o muito com aspas e tudo – burocratizar "muito" os pedidos de isenção.
Mas deixemos a questão da burocracia que esta decisão implica, que, isto de burocracia já devia ter sido, ela sim, eleita Património Imaterial da Humanidade. Pelo menos da Humanidade Nacional Portuguesa...
E vamos antes a esta passagem, onde se lê que o novo regime de taxas moderadoras vai obrigar os doentes com epilepsia a requerer  uma junta médica para confirmar que são  mesmo epiléticos e que essa doença os classifica como  incapazes, ou menos válidos, como se diz em espanhol , o que os isenta, enfim,  do pagamento das taxas moderadoras. Isto é o que se lê em chamada de capa..   que vai obrigar os doentes a requerer uma junta médica. Portanto, a ideia com que se fica é que será o próprio doente quem vai ter de fazer essa diligência. Ora e aqui chegados, a pergunta que salta é esta: e porquê o doente?!... Não é o Estado quem desconfia que alguém o pode estar a tentar enganar fazendo-se passar por doente de uma maleita que não tem, ou que pelo menos não o torna beneficiário de nenhuma atenção em especial, quanto ao pagamento de taxas, ou emolumentos, ou o que seja?... Então porque tem de ser o doente a convocar a junta médica?! Porque não é o Estado a fazê-lo? 
Deixem que vos dê um exemplo meio disparatado.  Diz o polícia: estou desconfiado que o meu amigo é ladrão... Aconselho-o a contratar um dectetive para o investigar, depois, se for verdade, dê-nos uma apitadela que nós vamos lá a casa efectuar a detenção.
É estúpido, não é? Eu avisei.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

e que bem se estava na praia, dona Aurora!

Com certas coisas não se brinca..
Posto isto vamos aos factos. 
Um deles é –como se sabe – que os contractos de arrendamento vão ser revistos por forma a atualizarem-se as rendas antigas e tornar mais fáceis os despejos em caso de incumprimento dos inquilinos, em coisas como, por exemplo, pagar a renda da casa.
Pois, mas o assunto agora nem é esse, mas antes o caso da prisão de Lisboa, cujas instalações foram vendidas pelo Estado, há meia dúzia de anos à Parpública, a empresa que gere parte do património do Estado e que, desde então, por falta de pagamento da renda da casa, foi acumulando uma dívida que já vai perto dos 10 milhões de euros.
Se recuperarmos a história, lembramo-nos que, na altura, em 2006, o contracto previa que o Estado transferisse todos os reclusos para novas instalações, o que entretanto e como se sabe não aconteceu, pela razão simples que não há novas instalações prontas para receber a população que se encontra reclusa no Estabelecimento Prisional de Lisboa, o EPL.
A renda mensal é de 220 mil euros e o jornal Público garante que foi o próprio ministério da Justiça quem o confirmou, que nos últimos anos o Estado não tem pago a renda e que por isso mesmo foi até multado em 2008 em mais de 3 milhões de euros.
Ora, como se sabe e perante esta situação e também – admitamos – para estancar esta espécie de sangria desatada, a ministra Teixeira da Cruz quer comprar de volta o EPL... 
E aqui chegados temos um cenário curioso pela frente.  Recorde-se que o EPL foi vendido em 2006 à Parpública por 62 milhões e 300 mil euros; ora, pode ser que a Parpública , mesmo que concorde em vender de volta o EPL ao Estado, fixe o preço um pouco, ou bastante acima desse valor dos 62 milhões e qualquer coisa que pagou em 2006. Já lá vão 5 anos e a inflação e essas coisas podem ter feito subir o preço... Aliás, tanto quanto se sabe, não haverá ainda nada que proíba alguém de fixar o preço que bem entenda sobre qualquer coisa que lhe pertença... o mais que lhe pode acontecer é fixar o preço tão alto, que não consiga arranjar comprador, mas isso, cada um sabe de si e deus sabe de todos, como se diz.
Outra hipótese absurda em aberto é a Parpública , enquanto senhoria da EPL, resolver mover uma acção de despejo contra o inquilino faltoso –no caso - o Estado português. O que faria com que todos os residentes no EPL fossem despejados para a rua.. e para a rua mesmo, já que , ao que se viu, não há uma cadeia alternativa para os receber.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

E quanto mais burro mais santo.

E hoje, na crónica de opinião, no Diário de Notícias, João César das Neves, professor universitário, faz uma espécie de apologia do Burro. Não de um burro qualquer, mas do Burro do Presépio. 
Acha o professor que o Presépio até podia dispensar a vaca, os pastores, os carneiros, os reis magos... podia até dispensar os próprios Anjos e a figura de S. José, mas o Burro é que não. 
Resumindo, para o professor João César das Neves, no Presépio existem apenas 3 personagens indispensáveis: Maria, Jesus e o Burro.
Fixemo-nos no Burro e vamos ver porque é que ele é mais importante e até indispensável, em detrimento de outras personagens , como a afável vaquinha, os celestiais anjos, os sábios reis magos, os simples pastores e o próprio S. José. 
Porque, para João César das Neves  - "Jesus é o Deus que se faz homem, que muda o sentido do universo, que cria o presépio. Maria é o caminho que Jesus escolheu para vir (estou a ler tal como aqui está) e o burro é o meio de lá chegarem." E assim sendo, segundo César das Neves, sem Jesus não havia presépio; sem Maria, Jesus não tinha nascido e sem o burro , Maria não chegaria ao Presépio
Mas, o Burro... porque é ele tão especial, para além do facto de ter carregado Maria cheia de graça até Belém?... Regressemos ao texto... começa assim: "no céu também há cavalariças – é isso que ensina o burro do presépio – até aqui, ainda não é muito claro porque é que o facto de no céu haver cavalariças faz do Burro um animal tão especial.. vamos em frente. E voltemos ao texto de César das Neves: "Nos palácios do céu estão os grandes apóstolos, os mártires heróicos, pastores atentos, doutores sublimes, virgens puras, santos incomparáveis. Mas lá também há lugar para aqueles de nós que nos limitamos a levar com fidelidade e diligência a carga que nos foi imposta..."  
Bom e se isto não chega para garantir ao Burro um estatuto muito especial , César das Neves acrescenta: "Sem fazer coisas extraordinárias, sem sequer compreender bem o sentido de tudo isto, mas desempenhando todos os dias a tarefa que nos está atribuída." Ora e posto isto, conclui o professor César das Neves que  é normal que no fim não tenhamos lugar nas mansões do Céu; mas até lá ( no Céu, subentende-se ) as cocheiras são maravilhosas. E quereis saber porquê? O professor explica: "Porque no Céu os currais são presépio." 
De saída fiquemos com uma ressalva, que talvez seja importante para nos ajudar a perceber o ponto de vista do professor.  E a ressalva apresenta-se em forma de pergunta. Pergunta o professor César das Neves: "quer isto dizer que qualquer asno entra no céu? Afinal também lá chegam vozes de burro?" E responde: "Não. Não basta ser um bom jerico para chegar ao céu. Claro que é preciso ser um jumento de qualidade, o que não é fácil..." E não é fácil porque, segundo César das Neves e no seguimento desta parábola asinina... "um bom burro é aquele que leva o que for preciso e leva-o todos os dias. Carrega tudo que tiver de ser, sem discutir, sem  resmungar, sem pedir descanso,contentando-se com a ração."E como a conversa já vai longa, remato-a com a legenda que o jornal escolheu para resumir a matéria. Diz assim: esta é a grandeza do burro do presépio, uma das mais notáveis  da história da salvação. 



Posto isto, 
caguemos no Burro



E vamos antes ouvir  o que disse o cardeal patriarca de Lisboa na mensagem de Natal deste ano.
O DN avisa que não só o cardeal José Policarpo, mas todos os bispos portugueses sublinharam e chamaram a atenção para as dificuldades a que os portugueses estão e vão ser submetidos nos próximos tempos, mas – sublinha o jornal - o cardeal patriarca de Lisboa foi mais longe  ao aprofundar a questão da crise.
Entremos pela frase, que o jornal escolheu para começar a contar a história -  "Os momentos difíceis servem para uma purificação da sociedade" E assim falou o cardeal patriarca de Lisboa, na Missa do Galo deste ano... Depois, terá exortado os portugueses a olharem para este momento de sofrimento colectivo que o país atravessa de uma forma positiva e optimista, porque essas provações purificam.
D. Policarpo – acrescenta entretanto o DN - pediu ainda uma ordem económica que acentue o bem comum. Já quanto ao sofrimento, a crise, o desemprego, o aumento da pobreza... diz o jornal que o cardeal se socorreu do exemplo de Cristo. 
Citemos: Jesus ensina-nos a não nos assustarmos com o sofrimento, mas enfrentá-lo com coragem e generosidade...  subentende-se : com a coragem e generosidade que Jesus demonstrou em vida.   Uma coragem e generosidade que – é histórico – teve um final um pouco – digamos assim - complicado para o próprio.
Enfim, esperemos que o exemplo citado pelo cardeal de Lisboa se fique só mesmo por aí... pela  coragem e generosidade que a vida de Cristo representa, já que, quanto ao desfecho histórico do exemplo citado, estou em crer que o povo português talvez ainda não esteja preparado para tanto.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

não há nada mais triste que ser ceguinho...

mula1.jpgE esta vem no Diário de Notícias – como sempre, é bem provável que os outros diários dêem igualmente conta dela, mas, sigamos a prosa do DN.



Advogados saem à rua para exigir a demissão da ministra... da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, obviamente.
E porquê? Porque saem os advogados à rua exigindo a demissão da ministra?... O melhor é ler o que escreve o jornal.
Diz assim: Depois da ministra da Justiça ter divulgado a auditoria ao sistema de apoio judiciário em que foram detectados mais de 17 mil pedidos de pagamento irregulares, que representam um valor pedido em excesso superior a meio milhão de euros, os advogados oficiosos consideram-se alvo de uma campanha difamatória e vão amanhã manifestar-se em Lisboa a exigir a demissão de Paula Teixeira da Cruz...

E é isto. Enfim, a notícia continua explicando que este aviso foi ontem feito  à agência Lusa e que o protesto começa amanhã pelas 11 da manhã, frente ao Conselho Geral da Ordem, ao largo de s. Domingos, em Lisboa. Daí partirá, em sendo duas da tarde, em desfile pela rua Augusta até ao Terreiro do Paço e até à porta do ministério de Paula Teixeira da Cruz, onde se montará uma espécie de vigília até às 11 da noite. 
Os advogados que organizam este protesto – sublinha o DN – falam em iniciativa histórica e sem precedentes na democracia portuguesa.. e falam também, como já se ouviu, em campanha difamatória contra os advogados perpetrada pela ministra da tutela... denunciam também a falta de pagamento das defesas oficiosas por parte do ministério...  E este poderá ser um motivo razoável de protesto, já quanto à alegada campanha difamatória... 
Bom, se é bem verdade que, como se diz, quem não se sente não é filho de boa gente... parece ser igualmente certo que, aquilo a que estes advogados chamam de campanha difamatória resulta, ao que tudo indica e até prova em contrário, de uma auditoria feita às contas do sistema de apoio judiciário. E terá sido no âmbito dessa auditoria que se detectaram esses mais de 17 mil casos de pedidos de pagamentos irregulares, que somam mais de meio milhão de euros...

A que se poderá então chamar de campanha difamatória?... O querer apurar-se com rigor as contas da Justiça em Portugal?!...



carta de um leitor:

Burros do camano, sr dos Macacos, esses trolhas de advogados que nem argumentar sabem, foram descobri-los onde?
Pois não seria mais fácil invocar o rifão que diz que tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta?
É que, se receberam dinheiro a mais, ou dinheiro por coisas que nunca fizeram, em resumo se receberam dinheiro ilegalmente, porque não apontam o dedo a quem lhes pagou, ou a quem, depois de ter pago, não verificou se o serviço tinha sido feito?
Ou, pondo a coisa de outra forma: se eu disser assim: por obséquio, importa-se de me dar todo o dinheiro que tem aí nos bolsos, mais o que tem lá em casa e os anéis e esse relógio catita que tem aí a brilhar no pulso, por favor, se não der muito trabalho e muito obrigado... e o interpelado em questão der tudo sem resistência, nem pedir factura...poderá chamar-se a isto um assalto, ou mesmo um roubo?...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

arre gaita que abade sou eu e não como tanto!

O orangotango ganhou o euromilhoes
Vem no Diário de Notícias, na página dedicada à Ciência e leva-nos até à Indonésia e a esta experiência, realizada pela antropóloga norte americana Erin Vogel, da universidade de Rutgers. 
As conclusões são hoje publicadas na revista Biology Letters e – segundo a prosa do DN – abre uma perspectiva sobre os mecanismos das perturbações alimentares e a obesidade nos seres humanos
Acontece que a experiência, ou antes, o estudo foi feito junto de uma comunidade de orangotangos. Porque os orangotangos são considerados muito próximos dos seres humanos em vários aspectos. No caso destes orangotangos , acontece que se encontram regularmente confrontados com a falta de comida. Daí que, quando a têm, comem tudo o que podem, para armazenar gorduras para os dias de vacas magras... É uma espécie de defesa, uma salvaguarda que evita que morram de fome, quando falta a comida.


Citando agora a própria antropóloga: existe hoje uma espécie de epidemia generalizada de obesidade mas não conhecemos bem o que está na base do problema, nem como funcionam as dietas de baixas ou altas calorias neste contexto.. continua depois o jornal reafirmando  que Erin Vogel foi à procura dessas questões nos orangotangos,  já que são os únicos próximos do ser humano que acumulam gorduras quando a comida é abundante para poderem usar essas reservas em tempos de escassez... Remata-se a prosa com uma afirmação que também já referi... a de que a equipa de Erin Vogel verificou que este mecanismo é uma salvaguarda que evita que os animais morram de fome quando não há comida.
É verdade que não chega a afirmar que é pelas mesmas razões que os seres humanos, ou pelo menos, alguns seres humanos, comem demais, ou têm uma dieta saturada de coisas que engordam...  diz só que , neste caso, os orangotangos comem tudo o que podem enquanto podem, prevenindo a austeridade a  que a natureza os obriga sazonalmente. Não diz também que estes orangotangos da Indonésia tenham sido surpreendidos a comer hambúrgueres a escorrer mostarda, ou batata frita de pacote, ou pizzas congeladas, ou refrigerantes adocicados...  que, isso sim e ao que parece é o que mais provoca a obesidade epidémica que ameaça a sociedade do assim chamado primeiro mundo e de que , por exemplo, os Estados Unidos tanto se queixam e tanto temem...
De resto.. quanto a armazenar comida para a ir consumindo mais tarde... os exemplos não se esgotam com estes orangotangos indonésios. Os camelos fazem-no pelas mesmas razões...  antes de ir para o mar aviam-se em terra. Consta que antes de se aventurarem em grandes travessias no deserto, bebem toda a água que podem e os deixam.. Já o caso dos ruminantes, em geral,  a razão parece ser outra.  Será eventualmente não só uma forma de despachar o assunto antes que alguém mais forte apareça para lhes disputar o pasto, ou muito simplesmente porque preferem ir depois para um sítio sossegado comer em paz, onde ninguém os incomode...
No caso dos seres humanos e pelo que ficou dito e lido não parece muito imediata a ligação entre o que a antropóloga Erin Vogel observou junto dos orangotangos indonésios e o comportamento humano, pelo menos daqueles que comem mal e demais e engordam de forma doentia... Uma verdadeira epidemia de obesidade- sublinha o jornal -  e  diz que esta observação abre uma perspectiva sobre os mecanismos das perturbações alimentares e a obesidade nos seres humanos... Abrirá, eventualmente. Essa perspectiva de se poder dizer, a quem come mal e demais e coisas que só fazem mal e engordam...  olha que nem os macacos na Indonésia comem essas porcarias.



OH patêgo, olha o Bosão!

ou de como se conclui que a partícula de Deus 
fica lá no cu de Judas...


Por outras palavras, sem o bosão de Higgs fica mais difícil explicar porque é que existem coisas no Universo... é o que se lê na prosa do jornal Público, onde se resume o encontro de ontem à tarde em Genebra, onde os cientistas do CERN deram conta das mais recentes experiências do Acelerador de Partículas do Laboratório Europeu de Física das Partículas. 
O jornal lembra que este laboratório entrou em funcionamento em 2008 e que tem como função  esmagar partículas sub atómicas umas contra as outras a altíssimas velocidades, na esperança de que dessas colisões resulte a produção do bosão de Higgs, ou seja, a também chamada partícula de Deus.
Só que ainda não foi desta! Aliás, no própria página da internet do CERN já se tinha avisado que não seria ainda desta vez que se ia anunciar ao mundo a descoberta da partícula de Deus, mas que – fiquem atentos – disse o director do CERN - fiquem atentos para o ano... 
É que os avanços conseguidos nos últimos meses e até nas últimas semanas têm sido espetaculares, com os detectores de partículas a funcionarem a tal nível de sensibilidade que permitem agora esperar que os sinais que vierem a ser detectados em 2012 possam finalmente fornecer – muito provavelmente – citando agora a senhora Fabiola Gianotti, porta voz desta experiência – poderão fornecer muito provavelmente a resposta à questão shakespereana : Ser ou não ser.
Mas não sigamos pela filosofia e fixemo-nos nos factos.  
E o facto é que se conseguiu reduzir a incerteza sobre o valor da massa do bosão de Higgs e isso vai permitir procurà-lo com maior precisão... Quanto ao bosão propriamente dito... foi uma tese apresentada em 1960 pelo físico inglês Peter Higgs, daí o nome de bosão de Higgs. Trata-se portanto de uma partícula sub atómica que pode estar na origem da criação do Universo. Ou seja, essa partícula de Deus é a que transforma em matéria o que é energia pura. Daí  a afirmação com que começámos a conversa: sem o bosão de Higgs fica mais difícil explicar porque é que existem coisas no Universo.
E cá estamos! Digo eu, cá estamos onde não será muito prudente misturar filosofia com física nuclear..  Diz aí que sem o bosão é mais difícil explicar porque é que existem coisas no Universo. Talvez fosse mais avisado dizer-se que sem o bosão se torna mais difícil perceber como é que existem coisas no Universo.. Já saber porquê?... Aí talvez já a partícula de Deus tenha alguma coisa a dizer sobre o assunto...
E depois?...
Para o ano, ou quando for, quando se localizar o bosão de Higgs, quando se puser o dedo sobre a partícula de Deus para se dizer é aqui; é aqui que tudo começa...  E quando esse dia chegar, que se fará com tal conhecimento?... Desataremos a construir novos universos em laboratório, ou avançaremos então para a fase seguinte, ou seja, saber o que havia antes de não haver nada? Ou, por outras palavras... o que andava Deus a fazer antes de criar o universo?...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

entregue aos bichos

E o jornal chama-lhe empatia... pois seja.

Reporta-se a breve notícia a uma conclusão acabada de anunciar pela revista Science e que resulta da experiência efectuada por uns neurologistas da Universidade de Chicago.
E desta vez, os ratos de laboratório, mais que simples cobaias, foram mesmo o objecto e propósito do estudo. 
Empatia – escreveu o jornal e, enfim, o que se fez foi mais ou menos isto: fecharam-se os ratos numa caixinha; ensinou-se os ratos a abrir a porta da caixinha; lá fora havia bocadinhos de chocolate; quando um rato saía, a porta fechava-se, deixando o outro lá dentro. Acontece que, o primeiro rato, em vez de correr logo para o chocolate, voltava atrás tentava fazer sair o companheiro da caixinha e depois sim, ambos corriam para o chocolate que compartilhavam alegremente. Enfim, com uma alegria de ratinho... A isto, o jornal chamou empatia  e considera que, a partir daqui, se pode dizer que a empatia é um sentimento natural. 
No parágrafo seguinte, o jornal lembra que estudos idênticos foram já feitos com macacos e que então se concluiu que o altruísmo não é uma característica exclusiva do ser humano, sendo que, neste caso, com ratos, foi a primeira vez que tal se conseguiu observar, já que, eventualmente, terá sido também a primeira vez que se fez tal experiência.

E basicamente é isto..
Ou quase... 
Falta só  deixar a pergunta: onde se lê empatiaaltruísmo não deveria ler-se, por exemplo, solidariedade?... Ou até espírito de equipa, ou saudades da família, ou um  instinto que lhe diz que a união faz a força e essas coisas e que o melhor é irmos os dois, que, se aparece o dono dos chocolates sempre somos dois a dar de sola, vai um para cada lado e a velha não nos apanha... 


É que altruísmo talvez se pudesse dizer se, por exemplo, o primeiro ratinho a sair da caixa , voltasse atrás para libertar o companheiro e depois o deixasse comer o chocolate todo sozinho. Como quem diz, tu, que nem jeito tens para abrir uma porta, come lá o chocolate, pobre desgraçado, que eu aguento-me..
Tirando isso, falta talvez só sublinhar o optimismo , ou talvez essa visão luminosa, que o jornalista revela, ao escrever que o altruísmo não é característica exclusiva do ser humano, o que pressupõe que o jornalista acredita mesmo que o altruísmo é uma característica do ser humano.

364821_lagarto.jpgHá lagartos psicadélicos e macacos que espirram no Mekong... é assim que o Público começa a contar o que de mais surpreendente se destaca do relatório de 2010 do Fundo Mundial da Natureza...
Durante o ano passado, na bacia do rio Mekong, que compreende os territórios do Cambodja, Birmânia, Tailândia, Vietname e China, foram descobertas mais 208 novas espécies.  O Mekong Selvagem, que foi como este relatório foi batizado,  revela  uma região com uma extraordinária biodiversidade. A confirmar esta afirmação, o jornal lembra que entre os anos de 1997 e 2009 foram descobertas mais de 1300 novas espécies na bacia do Mekong.
Quanto aos lagartos, já se falou dele, o tal lagarto psicadélico... foi descoberto na ilha de Hon Khoai, no Vietname e foi batizado de CNEMASPIS PSYCHADELICA – tem as pontas das patas e a cauda de cor de laranja vivo, o torso entre o violeta e o cinza, a cabeça em tons de ver e amarelo.. é de facto um bicho estranhamente colorido.
A história dos macacos que espirram vem da Birmânia... foram dar com ele no alto das montanhas remotas do estado birmanês de Kachin, a norte.  E espirra porque tem o nariz virado para cima, o que faz com que espirre quando chove, porque a água lhe entra pelo nariz. O curioso é que este macaco acabado de ser descoberto parece estar já em vias de extinção. Segundo os investigadores, só devem existir uns 300 individuos desta espécie..
Aliás – e ainda segundo este mesmo relatório do Fundo Mundial da Natureza – muitas destas novas espécies já fazem parte da alimentação local, lutando para sobreviver em habitats cada vez mais pequenos e para escapar à extinção...  este foi um dos alertas lançado pelo próprio director da organização, Stuart Chapman... 
Mas disse mais... citemos : "o tesouro da biodiversidade da região ( da bacia do rio Mekong) poderá perder-se se os governos não investirem na conservação , fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo, tendo em conta as alterações ambientais globais." Fim de citação.
E ora aí está!   As alterações ambientais globais... E quem nos garante que não serão justamente essas alterações ambientais globais o que está na origem do aparecimento de algumas dessas novas espécies?... Ou, dando um exemplo, se o clima não tivesse sofrido alterações mais ou menos violentas, mais ou menos naturais ao longo dos séculos... talvez hoje ainda tivéssemos mamutes nas pradarias, mas se calhar não tínhamos era elefantes no Jardim Zoológico.

Regressando rapidamente ao tal macaco que espirra quando chove. Sabeis o que ele faz quando isso acontece?.. quero dizer, quando chove?.. senta-se, enfia a cabeça entre as pernas e espera que a chuva pare.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

7 de Dezembro - menos meia hora nos Açores

O assunto. Trabalhar mais meia hora para ajudar a economia nacional a acalmar os mercados e as agências de notação financeira, que têm andado muito assustadiços ultimamente, como toda a gente já deve ter reparado. O jornal I anuncia em primeira página que trabalhar mais meia hora só a partir de Março. E o Jornal de Notícias explica porquê.

Vamos a isso.
"Patrões querem mais meia hora já em Janeiro" – é assim que o JN se lança e lança a matéria em apreço.
Cita-se Gregório Novo, da Confederação da Indústria Portuguesa, que considerou ontem no Parlamento que se não houver – citemos – "celeridade na operacionalização do aumento do tempo de trabalho em meia hora por dia, a medida não entrará em vigor em Janeiro." Durante a audição da Comissão de Segurança Social e Trabalho, no Parlamento, Gregório Novo lembrou que esta medida tem ainda de ser aprovada pelos deputados da nação, já que introduz alterações no próprio Código de Trabalho. Quanto aos  representantes das centrais sindicais – UGT  e CGTP - lembram que a proposta implica uma discussão pública  e de audições e que, no caso da discussão pública, o prazo para a fazer vai dos 20 dias até um mês... Já o Ministério da Economia, quando o Jornal de Notícias lhe perguntou se achava que esta medida poderia entrar em vigor já em Janeiro... querem ouvir a resposta?... que "a proposta de aumento de tempo de trabalho será levada á assembleia da república, como aliás tem acontecido com toda a legislação laboral produzida pelo ministério da economia e emprego..." o que, convenhamos , nem está mal como resposta - assim  tivesse sido essa a pergunta. Já quanto à pergunta mesmo.. se a nova medida estará ou não pronta para entrar em vigor em Janeiro, a abrir o ano... pois , já vimos que falta ainda muita burocracia a vencer antes disso e Janeiro é já ali. 
Mas , enfim, talvez trabalhando mais meia horita por dia, até lá, quem sabe, podia ser que já desse...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

juntar a fome com a vontade de comer

Vem no Diário de Notícias. Discretamente, mas vem. E diz assim: "Bispo defende quem sempre foi pobre".O bispo de que se fala é Januário Torgal, bispo das Forças Armadas, que na mensagem de Natal deste ano terá dito mais ou menos isto, que é necessário haver um recato em aludir ao viver acima das possibilidades; porque há um mundo de portugueses e portuguesas que nunca as tiveram... o DN remata a breve notícia escrevendo que o bispo Januário Torgal pede o exercício de comportamentos limpos, sem  conveniências nem interesses para defender os princípios que regem a dignidade da pessoa.Mas recuemos até ali onde se lê que há um mundo de portugueses e portuguesas que nunca as tiveram... Ora, nunca as tiveram, o quê?... As possibilidades, ou a possibilidade de viver acima das possibilidades? O que não é a mesma coisa...
Diz o bispo que é preciso algum recato em aludir ao viver acima das possibilidades, porque há um mundo de portuguesas e portugueses que nunca as tiveram...  e isso é verdade tanto para os que o bispo quer proteger, ou seja, os que sempre foram pobres – como se diz no título -  como para  os outros, os que vivem acima das suas próprias possibilidades. A única diferença é que a uns ainda se lhe reconheceu alguma capacidade de endividamento e por isso se lhes concedeu o crédito, que lhes permitiu viver acima das suas reais possibilidades... A outros esse crédito não foi reconhecido, nem concedido... e assim sendo, temos agora , entre os pobres...  os que sempre foram pobres.. os que nunca conseguiram quem lhes fiasse nem uma carcaça... e os outros, a quem os bancos e outras instituições de crédito deram quase tudo sem fazer perguntas. Os primeiros continuam pobres e são esses que o bispo quer proteger em nome da dignidade humana   e temos depois os outros, que, sem nunca terem realmente saído da pobreza, estão hoje ainda mais pobres, já que ninguém lhes empresta mais dinheiro e o que têm de mais certo e seguro é o cobrador do fraque a bater-lhes à porta.
Quem estará realmente em piores lençóis?...
Os que nunca saíram da cepa torta, como se diz, ou os que, depois de terem conhecido o Paraíso, se vêem agora recambiados para o Inferno...?

E na edição de hoje, o Público entrevista Rui Miguel Nabeiro, administrador da Delta cafés. Em título à entrevista, o jornal cita o próprio empresário, que acha que  “não resolvemos o problema da economia tornando as leis laborais mais flexíveis”. Diz ainda , já em sub título – que o que distingue as economias são os talentos e gente capaz de acrescentar valor.
Entretanto e em caixinha de texto, selecionada pelo próprio jornal, temos esta outra declaração de Rui Miguel Nabeiro: “preocupa-me que as pessoas estejam assustadas. Assustadas compram menos.”Ora aí está!   Ora aí está o velho adágio... que não há bela sem senão. Ou seja, se é verdade que as pessoas assustadas compram menos, é também verdade que, assustadas, é mais fácil levá-las a
suportar todos os sacrifícios, sobressaltos e até sevícias. Assustadas é mais fácil.
Muito mais fácil.
É quase como juntar a fome com a vontade de comer!


(Nota da Redacção - a fotografia dos burros não tem outra razão senão a vontade inexplicada do autor em publicar hoje uma fotografia de burros. só isso.)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

comemorações e festas, com bom tempo sempre têm outra graça.

E o Público convoca hoje o ministro adjunto Miguel Relvas. Vamos ver: o ministro Miguel Relvas entende que os problemas do euro dizem respeito ao mundo inteiro... é o que diz aqui.  E diz mais – agora citando o próprio ministro, escreve o Público que os problemas do euro são uma questão mais vasta, não sendo apenas da responsabilidade do Governo, mas também dos países da União Europeia e até de todo o mundo.
Claro que o jornal não podia ignorar uma análise tão credenciada e esclarecedora; que os problemas do euro, segundo o ministro Relvas,  não são uma responsabilidade exclusiva do governo português, mas sim e também da união europeia e até do resto do mundo; na medida em que a União Europeia tem relações económicas e financeiras com o resto do mundo, claro está.



A outra notícia que gostaria de vos contar, resume-a o Público em fecho de edição e na tal coluna do sobe e desce. E hoje, Toni Blair está em queda na apreciação do jornal. E está em queda por causa da divulgação pública das pressões feitas pelo governo dele próprio  para Saif al- islam, o filho de Muamar Kadafi, ser aceite na Universidade de Oxford. O Público remata esta chamada de atenção desta forma: que esta informação vem uma vez mais provar que a política tem por vezes caminhos muito pouco saudáveis...
Ficamos sem saber se, para o jornal Público, a doença em causa é esta – de meter cunhas - como diz o povo, (ou, se quisermos uma linguagem mais asseada,  tráfico de influências)... ou se o pecadilho de Blair foi interceder em nome do filho de um homem que o mundo agora reconhece como uma pessoa – no mínimo – pouco recomendável.
Tudo leva a crer que seja por causa da cunha em si própria, que, quanto ao resto,  às mordomias com que o Ocidente atapetava o caminho de Muamar Kadafi...como todo o mundo sabe... venha o primeiro, que lance a primeira pedra.


E quando não há cão, caça-se com gato – é o que se costuma dizer.
E hoje, diz o Jornal de Notícias que a Federação Portuguesa de Filatelia está a ponderar mudar o feriado do dia do Selo, de 1 de Dezembro para um outro qualquer dia feriado, que não esteja em vias de extinção.
Como se sabe, este último 1º de Dezembro pode ter sido mesmo o último, em que Portugal  celebrou o aniversário da reconquista da independência, com um dia de feriado.
Lembra o jornal que há meio século que a Federação Portuguesa de Filatelia aproveita a boleia do 1º de Dezembro, dia da Restauração, para celebrar o dia do Selo, mas que agora, com a possibilidade desse dia deixar de ser feriado nacional, vai ter de escolher outro dia feriado, onde encaixar a comemoração... Porque, no entender da Federação, comemoração que se preze merece dia feriado, para que se dê por ela, para que todo o mundo possa ter tempo e disponibilidade para se juntar à festa, ou para reflectir sobre o caso, a causa,  o pretexto que justifica esse dia livre...

E aqui fica uma ideia interessante.  Uma ideia para o próprio dia da Restauração. Ou seja, porque não passar-se a celebrar o 1º de Dezembro, por exemplo, em Abril ou Maio?!... Em princípio deve, pelo menos, fazer melhor tempo e estas coisas, de comemorações e festas, com bom tempo sempre têm outra graça.