quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

sacré curé

E o protagonista, neste caso, é o cardeal patriarca de Lisboa, a propósito das recentes polémicas à volta da maçonaria e da influência que esta e eventualmente outras sociedades, ditas secretas, têm na vida pública nacional. 
Na manchete do Público, o cardeal José Policarpo critica a influência directa da maçonaria na política e lembra, a propósito, que os maçons fazem parte da sociedade, mas afirma que os católicos devem manter distância. Enfim, aqui não diz, mas pressupõe-se que esta distância, a que o cardeal se refere, seja em relação à própria maçonaria e não em relação à sociedade... Portanto, que os católicos devem manter-se afastados da maçonaria e não da sociedade, obviamente.
Acrescenta-se, para que não sobrem dúvidas, que maçonaria e catolicismo são simplesmente incompatíveis.  E que os políticos não devem ser forçados a revelar as suas filiações maçónicas. 
Mas, fixemo-nos neste ponto, em que o cardeal de Lisboa acha que os maçons não devem envolver-se  em política. O que, convenhamos, é quase a negação dos próprios princípios da coisa em si – ou seja, da maçonaria... Para que serve um maçon, mesmo cheio de boas ideias e boas intenções, se não mexer uma palha para tentar deixar o mundo e a sociedade a que pertence, um bocadinho melhor do que estava quando veio ao mundo?!... Não é – tanto quanto se sabe – a maçonaria uma espécie de disciplina, ou religião, se quiserem, que defende, tal como o cristianismo, aliás, a solidariedade, a justiça social, a compaixão, a acção directa dos cidadãos na construção de um mundo mais limpo?...  E, ainda que mal pergunte, porque razão os maçons não devem envolver-se em política e os católicos já podem?
Aliás, que outra coisa está a fazer o cardeal Policarpo, ao criticar a influência dos maçons na política, do que envolver-se ele próprio, dando opinião sobre uma questão que, ao que tudo indica, é mesmo uma questão política, antes de tudo o mais?
E hoje, vai ser apresentado no Parlamento de Lisboa qualquer coisa como um guia de boas práticas contra a corrupção. E aqui, talvez a coisa comece a fazer mais sentido; já que a corrupção é maleita transversal à sociedade e está longe de ser exclusiva desta ou aquela organização, ou grupo, ou até mesmo de corruptos em nome individual, se assim se pode dizer.
Uma manual de boas práticas contra a corrupção... Ora aí está! É imprimi-los e mandá-los.. para onde, não sei, mas o melhor é mandá-los com aviso de recepção.

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