terça-feira, 10 de janeiro de 2012

de Mao a Piao

Deixem-me ler esta breve que vem no Diário de Notícias de hoje. 
Vem da China e como é mesmo breve acho que vou lê-la na íntegra. Diz assim: "cerca de dois terços dos programas de entretenimento ou considerados de mau gosto foram retirados do ar na China. A medida faz parte de uma campanha do Governo chinês, iniciada este mês, para melhorar a qualidade da cultura daquele país, tendo afectado 34 canais transmitidos via satélite..." 
E isto é o que diz a notícia. Claro que o senso comum é logo levado a pensar no fantasma da censura e da revolução cultural maoísta e nas perigosas prerrogativas de um regime de partido único e de todos os ismos que condicionam o livre arbítrio e a liberdade de opinião e gosto de cada um... Haverá também quem ache que, se calhar e em nome, justamente, do bom senso e bom gosto , em nome de alguma cultura em geral, em nome do entretenimento puro, porque não?... se eliminássemos dois terços da actual programação  do chamado entretenimento das televisões de sinal aberto em Portugal...  se os substituíssemos por outra coisa qualquer... talvez Portugal começasse a transformar-se – como sonhou Almada Negreiros – em qualquer coisa... asseada.


Estoutra vem em todos os jornais com mais ou menos destaque, depois de ter já passado, ontem, por todas as televisões. E dá-se notícia do novo portal do Governo.
As novas funcionalidades do portal contemplam vários tipos de informação e reúnem, ao que parece, num só sítio, todas as páginas online de todos os ministérios. Segundo fontes próximas do primeiro ministro, no caso, a assessora Marta Pereira - "assim se poupam centenas de milhares de euros."
Outras novidades.?...  Esta! A iniciativa “o Meu Movimento”. Ou seja, qualquer cidadão pode propor uma causa, um movimento em torno de uma qualquer causa. O que for mais votado, o que reunir mais adeptos terá direito a uma audiência com o próprio primeiro ministro.
Mas há mais! E o que falta dizer talvez responda a uma velha e terrível questão nacional, que o povo resume de forma simples e directa nesta frase: para onde é que vai o dinheirinho dos nossos impostos, hein?...
Pois, segundo a prosa do Correio da Manhã, o Governo vai mostrar o destino do IRS. 
A ver... 
Para saber-se como é que o dinheiro do IRS é distribuído pelas várias áreas do Estado, desde a saúde, à educação, à segurança, por aí... basta – diz o jornal – basta o cidadão inserir, neste novo portal do Governo, o rendimento bruto, o estado civil e o número de filhos. Eventualmente, depois disto feito, o cidadão terá acesso à tal informação de como é distribuído o dinheiro dos impostos. Como já se viu, a informação estará disponível apenas e só depois do cidadão fornecer esses dados -  o rendimento bruto que aufere, o estado civil e o número de filhos. 
A questão que se levanta é: para quê? 
Para que precisa o Estado desta informação, para revelar onde gasta o dinheiro dos impostos? 
E uma pessoa que não tenha qualquer rendimento, nem bruto, nem líquido, nem gasoso?... Não terá o direito de saber para onde vai o dinheiro dos impostos? Quanto mais não seja para concluir até que ponto vale mesmo a pena aceitar pagá-los.
Quanto ao resto... Como é bom de ver, o facto do portal do Governo informar para onde vai o dinheiro dos impostos... vale isso mesmo... como a informação do portal do Governo a dizer para onde vai o dinheiro dos impostos.
Só isso e nem mais um real.

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