terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Pastéis de nada.

Pastéis de nata.
Saltaram para a ribalta das notícias, depois do ministro da Economia, Álvaro S. Pereira ter defendido a internacionalização dos bolos, como uma espécie de quinta coluna da economia nacional... Por isso, alguns lhe chamaram já e até por graça, o ministro dos pastéis de nata. 
Hoje o Público traz Passos Coelho à colação, porque ontem o primeiro ministro subscreveu o apelo do ministro da Economia. Diz o jornal que foi durante uma visita a uma empresa produtora de vinhos, que Passos Coelho reiterou a aposta na internacionalização do pastel de nata, declarando-se – sublinha o Público – declarando-se ele próprio um apreciador e consumidor dessa especialidade. Citando o próprio : “ eu espero que os pastéis de nata possam ter uma grande internacionalização. Eu adoro pastéis de nata..." diz o jornal que os jornalistas voltaram ao assunto, quando, mais tarde durante a cerimónia, foi oferecido um lanche aos convidados... Só que, na altura, o primeiro ministro terá cortado a conversa rente... "não sou especialista, sou um consumidor que aprecia muito os pastéis de nata. E julgo que é melhor não glosar mais este tema para não parecermos aqui uns gulosos pela doçaria portuguesa, que também é boa..."  fim de citação.
Ora, a questão que fica em aberto é esta... E se Passos Coelho não fosse um apreciador de pastéis de nata? Continuaria a apoiar a internacionalização dos pastéis?  Ou, na eventualidade do gosto pessoal de Passos Coelho não ter peso rigorosamente nenhum na futura e eventual internacionalização dos pastéis de nata, como é de prever que não tenha...   e assim sendo, que nos interessa a nós saber se Passo Coelho gosta de pastéis de nata, ou prefere bolos de arroz?  Nada, pois não?...
Mas, não nos dispersemos.  Estoutra notícia vem de ontem e em números por alto diz que a economia paralela já vale 25% do PIB português. A fuga ao fisco pode rondar os 40 mil milhões. Hoje os jornais – o Jornal de Notícias, por exemplo – escreve em título que: o Governo espera um boom na corrupção e na fuga ao fisco...  Já em entrada de texto, lê-se que o governo estabeleceu como prioridade o combate ao crime económico e ao crime informático, temendo os efeitos da crise económica... acrescenta-se ainda que, apesar da prioridade dada pelo governo a este combate, a intenção esbarra na falta de gente habilitada  para a investigação, tanto mais que a complexidade desses crimes é cada vez mais sofisticada e difícil de despistar...
Mas fixemo-nos neste ponto. Diz o jornal, que diz o governo, que a corrupção e a fuga ao fisco podem disparar por causa da crise. Assim mesmo, numa evidente relação causa-efeito. Falta só lembrar que a própria crise nasceu, numa boa e suculenta parte, justamente desses crimes económicos de fuga ao fisco e de economia paralela, na sombra, caladinha e que, enquanto ia enriquecendo a economia própria de alguns iluminados, ia empobrecendo o País e a Nação e o próprio Estado... Empobrecendo nesse sentido mais lato, que não se esgota na falta de dinheiro para pagar as contas, mas num empobrecimento mais fundo, mais triste, mais radical,mais pobrezinho.

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