terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

pede ao papai nòéu...

De fato ou de facto, diz o  jornal I que, para o embaixador do Brasil em Portugal, é igual.
Na chamada de capa fica-se sem saber a que propósito veio esta declaração. Tudo leva a crer que se terá falado sobre o novo Acordo Ortográfico, daí o embaixador ter respondido que não o preocupa se falamos de fato ou de facto – sendo que aqui, onde se ouve – falamosdeverá ouvir-se, claro está, em português de Portugal -  dizemos – ou seja, pouco o preocupa se dizemos fato ou facto... Sendo que a questão nem é essa. Não como se diz, mas como se escreve. E se , de facto, no Brasil, comem o C, de facto, talvez faça sentido que não o escrevam, mas nós por cá... não. De facto.
Mas, se seguirmos até ao Diário de Notícias, que já adoptou o novo Acordo, temos esta frase em título – Há ativos apetecíveis nas privatizações – e aqui a palavra activo vem sem o c - que até agora lhe abria a  penúltima sílaba..  e , na instrução primária aprendemos que a língua portuguesa é de acentuação grave, donde, não havendo acento que lhe mude a tónica de sítio.. e neste caso concreto da palavra activo .. se não houver nada que o contrarie, e deixando cair o C, antes do T , pelo que nos foi ensinado haveríamos de ler âtivo. O c – é suposto abrir o A, sem o tornar tão tonitruante que abafe o I que vem a seguir, mas o suficiente para fazer com ele um harmónico em que ambas as sílabas sobressaem... Activo. E não âtivo , que até custa a dizer...

Mas na primeira do DN de hoje, outra actividade se anuncia...  e diz assim: Colapso grego não obriga Portugal a renegociar a dívida.
Acrescenta-se que a Comissão Europeia e a agência Fitch consideram que Lisboa não será obrigada a reestruturar o seu endividamento.
Toda a gente já ouviu, até quase à náusea, falar no efeito dominó, nestas crises económicas e financeiras...  Mas hoje, no dia em que se assinala o 20º aniversário do tratado de Maastricht- e não digo celebra, porque até o DN reconhece que para muitos críticos Maastricht marca o fim do sonho europeu, ou antes, foi o tratado que acabou por afundar a Europa...
Mas hoje, dizia eu, tanto a Comissão Europeia como uma das agências de notação financeira admitem que Portugal será bem sucedido e não vai precisar de renegociar a dívida.
Ora bem, Portugal será bem sucedido se cumprir,  pelo menos à risca, sem improvisos, nem querendo ser mais papista que o Papa, todos os compromissos do tão citado memorando de entendimento – coisa que a Grécia, ao que consta, está a ter alguma dificuldade em fazer... E se, mesmo assim, as contas não  forem ao sítio... aí se calhar, o problema não estará tanto – neste caso, em Portugal – mas na receita que lhe foi aplicada pela Tríade Internacional de Resgate...  
Se se cumprir à risca tudo o que foi determinado e mesmo assim não resultar... talvez seja melhor, os representantes do BCE, FMIComissão Europeia admitirem que se enganaram na receita, ou então, marcarem a próxima reunião com os representantes das agências de notação e os que eventualmente representem essa eminência parda, a que se chama – eufemísticamente – mercados. Reunir com eles e acalmá-los, explicar-lhes tudo com muita paciência, como se faz a uma criança, que teima em querer um brinquedo novo e a quem a mãe tem de explicar que, agora não filho, pede ao pai natal, que se te portares bem , o pai natal dá.

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