sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

pasmaceira do caraças

E temos aqui no DN, duas revelações surpreendentes.
Primeiro esta.
O ministro da Economia  admite enviar as suspeitas de ilegalidade, no seio da Autoridade para as Condições de Trabalho, para a Procuradoria Geral da República.
Portanto, o ministro admite a hipótese de mandar investigar as suspeitas de ilegalidade.. Já é um bom princípio, apesar de tudo.
A outra remete-nos para o Parlamento e para a polémica à volta da extinção do feriado de Carnaval este ano..
Em título lê-se que o PCP pede tolerância  de ponto para esse dia. Mas tolerância para o Parlamento. Não tanto em sentido alargado a toda a população trabalhadora... Só ao Parlamento.
Diz o jornal, que o partido pediu ontem à presidente da Assembleia, Assunção Esteves, que determine essa tolerância, no quadro das suas próprias competências – ou das suas competências próprias – para respeitar a declaração original... 
Cita-se portanto e no caso o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, que, em carta ao Parlamento, deu conta dessa pretensão. Aliás, consta que a carta tem mesmo um tom crítico e denuncia o aumento da exploração de quem trabalha...
Acrescenta também que, não sendo um feriado  formalmente idêntico a outros do calendário, o Carnaval é realmente entendido pela maioria das pessoas com um verdadeiro feriado...
Quanto à tolerância de ponto para os deputados – Bernardino Soares acha que o Parlamento dispõe de total autonomia em relação à organização dos seus trabalhos e que não é um departamento ou serviço sob tutela governamental, mas um órgão de soberania que deve tomar de forma autónoma as suas decisões sobre a matéria em causa... acabei de citar.
Sendo a matéria em causa, claro, respeitar, ou não o dia de trabalho, na terça de Carnaval...
Deixemos agora este aparente paradoxo do líder parlamentar comunista, ao  falar em nome do povo, quando alega que trabalhar no dia de Carnaval é um atentado  a quem trabalha e que, em nome da tradição, o feriado deveria ser respeitado, para depois defender o feriado só para os deputados, pelas razões que já ouvimos..
Ora – e se pegarmos nas razões que já ouvimos – que o Parlamento é um órgão de soberania autónomo e que não está sob tutela do governo e que deve exercer essa autonomia nas decisões que toma, como por exemplo , esta questão do feriado de Carnaval.. pois seguindo a mesma lógica de raciocínio e porque o tempo é de acção e esforço patriótico... talvez se pudesse colocar a hipótese dos deputados começaram a trabalhar, não só no Carnaval, mas na Páscoa, no Natal, no 1º de Maio – que é até o dia do trabalhador -  e nos outros  feriados e fins de semana todos que o ano tem..
Portugal poderá não ser um país excepcional, mas que tem casos excepcionais a assinalar, lá isso tem. Casos extraordinários e gente extraordinária, com extraordinários estatutos. Nalguns casos, verdadeiros fenómenos, que  fazem parecer a cidade do Entroncamento, uma pasmaceira do caraças...

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