quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

e as partes gagas... com água de rosas.

E vamos lá então.. diz aqui, que beber água da torneira sai mais caro que beber água engarrafada.
Vem no Público, em chamada de capa e remete-nos para S. Bento, onde a questão já se tinha levantado há uns tempos e em nome da crise e da poupança que urge fazer, a começar pelo próprio Estado. Na altura propôs-se que os deputados passassem a beber água da torneira , em vez de água mineral engarrafada. Na altura também, algumas vozes se levantaram em nome da saúde pública - no caso, da saúde dos próprios deputados ...  e, se ainda se lembram, o assunto acabou por cair no esquecimento, depois da Assembleia ter recuado na proposta e da Águas de Portugal se ter indignado com essa sugestão implícita, de que a água da rede pública seria menos própria para beber...  Os deputados logo se apressaram a dizer que não era isso que estava em causa. E depois disso, o assunto foi esmorecendo e diluíndo-se. 
Hoje o Público resgata-o para a primeira página com esta chamada de capa... Beber água da torneira sai mais caro a deputados.
Começa logo aqui. Se a despesa é dos deputados, não são eles quem a paga, pelo menos em exclusivo.. neste caso, a factura da água é distribuída, em forma de impostos, por todos os cidadãos contribuintes.. mas deixemos isso, que isso faz parte do acordo.. e vamos ao essencial.
E diz o jornal que o Conselho de Administração da Assembleia da República decidiu contra a substituição de água engarrafada por  água da torneira, que fora proposta pelo PS, porque o custo é 30 vezes superior...
Ora temos aqui uma diferença de peso.. 30 vezes mais. E seguindo o jornal, citando as contas do Conselho de Administração do Parlamento... consumir água da torneira sai 30 vezes mais caro do que consumir água engarrafada.
Já não se fala em riscos para a saúde, ou sequer em falta de dignidade institucional, eventualmente.. poderá haver quem pense que é menos digno beber água da torneira, vertida de um jarro , do que beber água mineral engarrafada de marca mais ou menos conhecida...   não! Aqui o que está em causa é outra emergência. Uma emergência nacional – esta de poupar nos gastos supérfluos...  e neste caso aqui a diferença é de monta... 30 vezes mais... 
Não vamos questionar estas contas, que decerto terão obedecido ao maior rigor técnico e administrativo e estarão plenamente justificadas, pelo menos no papel e sigamos em frente
E sigamos com esta outra questão: posto isto e chegados a esta conclusão.. o que se segue?  Vamos propor aos deputados da Assembleia que – em nome da crise em curso e a bem da Nação - comecem também a tomar banho, a lavar a loiça e o automóvel e a regar a horta com água mineral?.. sempre é uma poupança valente... 
Por outro lado, esta notícia deixa uma outra interrogação. Esta: que saberão os deputados da Nação, que nós ainda não sabemos?... Quero dizer... ainda não foi, mas quando for privatizada, a Águas de Portugal.,. quando for vendida a capitais estrangeiros.. aí quem sabe? Talvez acabe por ser mais barato dar banho ao cão com água mineral...

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