sexta-feira, 4 de novembro de 2011

tanto me faz

E hoje haveria forçosamente de entrar pela primeira do I.
"Que  Horror", diz a manchete, com exclamação. A ilustrar esta legenda apenas uma imagem. E no caso, a imagem é a do rosto de Angela Merkl, fazendo aquilo que em gíria se chama uma careta. No caso, tudo leva a crer que seja uma careta de repugnância. Não de uma repugnância exagerada. Só a expressão de quem responde, sem palavras, a uma sugestão que de todo não lhe agrada. Poderia, aliás, ser também a expressão de quem observa qualquer coisa que correu, ou está a correr mal. Não será de facto uma expressão das mais fotogénicas, a menos que se considere que o jornal decidiu publicar uma fotografia daquelas em que se apanham as pessoas desprevenidas e em poses menos próprias só pela brincadeira. Uma coisa para se mostrar aos amigos depois das férias, como quem mata saudades de um tempo de lazer em que não há preocupações e tudo o que nos acontece dá vontade de rir, porque estamos de férias e não estamos para preocupações... E se isto é o que de mais imediato ocorre dizer sobre esta fotografia da chanceler alemã que ocupa a capa do I – e se concordarmos que, como fotografia se percebe que não seria a fotografia que a chanceler haveria de escolher para ilustrar a capa de um jornal – isto se lhe perguntassem...  posto isto , haverá também de concordar que não é razão para o título que a antecede – não sendo uma fotografia por aí além, não chega a ser um horror... Então vamos às legendas que chamam, na capa, para as notícias que, eventualmente, convocam a srª Merkl para a primeira página E as legendas dizem: "Papandreou prometeu abandonar governo hoje à noite". Será este o horror de que fala o título?
Vamos a outra: "Oposição dá o dito por não dito e quer eleições antecipadas" (na Grécia , claro). E será então este o motivo de horror?..
Talvez esta última... "Merkel garante que não vai mais um cêntimo para Atenas". Bom, enfim, talvez este...
Vamos supor a situação: "srª chanceler, vai emprestar mais um cêntimo a Atenas?" – isto partindo do princípio de que o resgate grego está a ser pago em exclusivo pelo tesouro alemão...  partindo então desse principio poderíamos imaginar a situação... "a srª vai emprestar mais um cêntimo a Atenas?". E então aí a chanceler faria a tal expressão que aqui temos e responderia: "Eu? Mais um cêntimo para Atenas? Que horror!" Enfim, seria possível.

Menos provável, mas apesar de tudo mais conforme com a expressão da chanceler, é este outro título, que surge logo abaixo e  realçado a negro e vermelho em fundo amarelo vivo e diz assim: "transportes públicos – preços sobem até 25% com novos passes". Aqui sim , a chanceler poderia exclamar  - "Um aumento de 25% nos transportes? Que horror!"—mas, apesar de ser conhecido o interesse com que a Alemanha segue a evolução da economia portuguesa, é pouco provável que o aumento dos transportes públicos em Portugal preocupe a chanceler alemã a ponto de a forçar a uma expressão... como diria?.. tão expressiva.




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É um dos assuntos do dia e é uma matéria que, pelo menos para alguns, criou entretanto alguma expectativa.
E falo da posição do partido socialista quanto à aprovação do próximo Orçamento Geral do Estado.
Segundo os jornais do dia e depois da reunião de ontem na sede no largo do Rato, em Lisboa, os socialistas vão abster-se na hora da votação. Diz o Público – "Seguro propõe a abstenção dos socialistas pela credibilidade do país"... este é o título - a ele voltaremos...
Na continuação da notícia lemos que o líder do PS contou com o apoio do seu opositor na liderança do partido, Francisco Assis, e de vários deputados e ex membros do Governo  de Sócrates... e lemos também que esta abstenção socialista, pelo menos no entender e sugestão do líder do partido... esta abstenção vale, independentemente da discussão, do debate na especialidade . Portanto a ideia é abster-se o partido socialista de aprovar, ou chumbar o Orçamento, desde a votação inicial até à votação final global, independentemente das eventuais alterações e acertos propostos, ou mesmo introduzidos no texto do documento.
O jornal diz que à hora do fecho da edição ainda decorria a reunião no largo do Rato, daí não saber-se ao certo que resultado seria apurado da votação de braço no ar dos 50 militantes que estavam ontem inscritos nesse sufrágio. Mas o que o Público pode assegurar com toda a certeza é que António José Seguro propõe a abstenção socialista ao Orçamento de Estado. ~

E agora regressamos ao título – "...propõe a abstenção socialista pela credibilidade do País"... poderia dizer-se que era pela credibilidade do próprio partido, nesse sentido em que , se as coisas correrem mal, poder então dizer... afinal nós é que tínhamos razão... se bem que aqui talvez fizesse mais sentido votar contra. Daria , pelo menos, mais força aos argumentos socialistas. Mais credibilidade, digamos assim.


Mas voltemos aos argumentos de Seguro... o interesse e a credibilidade do país, é o que o Público diz que Seguro disse... acrescentando – o jornal – que Seguro disse também que não sentia qualquer responsabilidade em relação à execução do próximo Orçamento por não ter sido chamado a dar o seu contributo pelo Governo.. ou se quisermos – chamado pelo Governo a dar o seu contributo...


Para o caso não interessa a ordem , ou a desordem das palavras.. o que fica é este raciocínio curioso.. Seguro não se sente responsável pela execução do Orçamento porque não foi convidado a dar um parecer durante a elaboração do documento... é chamado agora a pronunciar-se sobre se concorda ou não.. e é então que António José, seguro de que defende o interesse e a credibilidade do país responde.. tanto me faz, agora já tanto me faz.



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Convém começar por deixar bem claro que vamos seguir o relato do Diário de Notícias, daí que, se porventura alguma informação relevante ficar por acrescentar ao que for dito... ou ficar em falta para o esclarecimento do caso... enfim, de momento, é o que temos.
E o que temos é que, segundo o relato do DN, o Pingo Doce está a pedir dados dos filhos dos funcionários, o que para o PCP é uma medida discriminatória.
Dito isto, vamos aos factos.
Diz o DN que a cadeia de supermercados está a pedir , a quem quiser trabalhar de forma temporária para a empresa no período de Natal que se aproxima, que declare , na ficha de candidatura, a idade dos filhos. Para quê? Para saber a quem vai dar prendas de Natal, que, segundo o jornal refere, é uma prática antiga na empresa – dar prendas de Natal aos filhos dos funcionários. A todas as crianças até 12 anos de idade é oferecido um vale de compras no valor de 25 euros para compras de Natal , desde que as façam nas lojas da própria cadeia; ou seja, 25 euros para serem gastos no próprio Pingo Doce. Mas não é isso que indigna o PCP – não isso de condicionar as compras das crianças aos artigos que o próprio supermercado vende, limitando-lhes o território e a liberdade de escolha... não. O que indigna o PCP e já o fez saber pela voz de dois deputados que enviaram o protesto para o próprio ministro da economia e para o secretário de estado da igualdade.. o que indigna o PCP é a ilegalidade da coisa. A ilegalidade porque representa uma violação.. uma violação, porque fere a reserva da intimidade da vida privada prevista no código de trabalho.  Citando os argumentos destes deputados comunistas: "não se vislumbra qualquer necessidade ou relevância para avaliar a aptidão para a execução de funções na questão sobre a idade dos filhos que não seja a discriminação entre candidatos de empregos".. Bom, aqui talvez devêssemos dar razão a estes argumentos... de facto talvez seja uma discriminação. A discriminação entre os funcionários que têm e os que não têm filhos. Os que não têm , não têm e pronto.. os outros, se os filhos tiverem até 12 anos, têm direito a um vale de compras de 25 euros.
Posto isto o jornal foi naturalmente ouvir a outra parte e ficou a saber que este procedimento é comum na empresa... ou seja, segundo a Jerónimo Martins, há mais de dez anos que  há um único modelo de ficha de inscrição e nesse impresso vem sempre a questão dos filhos, por causa das razões que já ouvimos...
Mas o DN quis saber mais e foi falar com um especialista em direito do trabalho. E a resposta que obteve foi esta: "a lei só admite que o empregador peça este tipo de informação aos candidatos a trabalhadores, caso essa mesma informação seja importante para avaliar a aptidão para a execução do trabalho em causa..." como por exemplo – remata o DN citando ainda o especialista em direito do trabalho... "que, para um trabalho que exija um esforço físico, por exemplo, já se admite que uma candidata tenha de dizer se está grávida ou não."Ora, penso que já percebemos que não é isso que está aqui em causa.. o de funcionárias grávidas.. mas antes , o caso de crianças até aos 12 anos de idade, contando esse prazo de vida a partir do parto e não do momento da concepção...
E era mais ou menos isto que tinha para vos contar. E como amanhã é Sábado e o tempo não está seguro deixo-vos com um excerto da Balada da Neve, de Augusto Gil...


Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

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