quinta-feira, 10 de novembro de 2011

registemos o optimismo



Vem no Público e, como boa notícia que é, em tempos de crise e contenção, é quase de estranhar, o tão modesto destaque que o jornal lhe dá.. E diz assim: "Passos reduz número máximo de funcionários do seu gabinete".

Ora aí está, o exemplo vindo de cima sempre tem outro impacto. E vamos então ver. Diz o Público que o governo aprovou ontem o decreto lei sobre a composição do gabinete do primeiro ministro. E assim sendo, o gabinete do primeiro ministro – que é desse que estamos a falar – passa a reduzir de 15 para 12, o número máximo de adjuntos; reduz de 20 para 15, o número máximo de secretários; reduz de 23 para 12, o número máximo de motoristas e mantém o número máximo de 10 assessores...
Este anúncio foi ontem feito ao país pelo secretário de estado da presidência, Luis Marques Guedes. Outra das medidas previstas no decreto lei acaba com o pagamento das horas extraordinárias, ou antes, acaba com esse conceito de horas extraordinárias, trocando-o pelo regime de isenção de horário, o que quer dizer que esses funcionários, segundo o texto do decreto, passarão a ter de estar disponíveis em permanência para todas as solicitações dos vários gabinetes do Governo...
E a rematar esta breve notícia, o Público refere as justificações do secretário de estado – diz que é para homogeneizar o regime de trabalho de todo o pessoal...
Só pelo que ficou dito, não se chegava lá, mas fica dito.

E a rematar - e agora sim, mesmo para encerrar o assunto - temos ainda que, a partir de agora, despesas de representação só serão admitidas e pagas aos chefes de gabinete.... o que quer dizer que os outros funcionários , que não chefes de serviço, mas que sejam também chamados a representar qualquer coisa não terão direito ao pagamento de despesas de representação..  sendo que tudo leva a crer que os funcionários que não ocupam lugares de chefia devem ter um ordenado mais baixo do que os chefes, daí talvez fizesse sentido serem esses a ser reembolsados das despesas de representação que o ofício os obrigasse a fazer... ou então não.
Ou então, apenas os chefes de gabinete são chamados a representar seja o que for, porque só a eles é reconhecida a autoridade para tal... e se for assim, então esta decisão não faz sentido nenhum.







E agora fixemo-nos na manchete do Diário de Notícias.
Nesta, que diz que a Itália é mais perigosa para os bancos portugueses, do que a Grécia.
E isto porque os bancos portugueses investiram mais na compra de títulos de dívida italiana do que grega.  Uma diferença de mais de 94 milhões de euros. Ou seja, Portugal, os bancos portugueses compraram , ou investiram , segundo a redação do DN, investiram mil e 400 milhões de euros em dívida italiana. Um mau investimento, ao que parece. Um muito mau investimento. Mas enfim, os banqueiros também se enganam.
Mas, não deixa de ser estranho, ao mesmo tempo. Isto, se tivermos em conta que os juros da dívida sobem em proporção e relação directa com o grau de dificuldade que os países têm em cumprir esse tipo de compromisso, ou seja, pagar as dívidas. Aliás, nem isso. Que, ao que parece, não é isso que está em causa, nem ninguém parece com intenções de saldar esse tipo de factura. O que está em causa é antes a confiança que se consegue inspirar nos credores, a certeza de que a dívida haverá de manter-se dentro de um limite considerado razoável. Ou seja, que temos ali um cliente para o resto da vida.
Mas não nos desviemos do assunto. 
O mau negócio que terá sido investir em dívida italiana, agora que os juros dessa mesma dívida sobem até ao que o jornal chama de limite psicológico dos 8%... É isso que o jornal denuncia. E é isso que soa estranho. Pois se investirmos num produto financeiro – no caso dívida soberana - que nos pode render juros altos e, ao que parece, cada vez mais altos, à medida que a economia se afunda... então será esse um mau negócio?!. Não seria pior negócio comprar títulos que não rendem juros nenhuns, ou juros muito baixos?!..
Pode sempre dizer-se que , pois sim está bem, mas se não há dinheiro, tudo se fica num cenário virtual, de faz de contas... E será eventualmente assim, se bem que se pode sempre dizer que, dinheiro não temos, mas só com o dinheiro que nos devem dava para encomendar 15 TGV’s e um cabaz de nêsperas.
Mas, agora a sério, diz ainda o Diário de Notícias que Passos Coelho acaba de garantir que não pedirá mais ajuda externa.
Registemos o optimismo do primeiro ministro , se bem que, como toda a gente já percebeu, essa é uma decisão que o ultrapassa ligeiramente.

Se calhar é fodido, mas é assim mesmo.

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