quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

o que é Nacional é bom (as bolachas, por exemplo.)

A notícia passou ontem pelas televisões e salta hoje para as páginas dos jornais. 
No caso do I, o título que a anuncia reza assim: "Caos na saúde. Tribunal de Contas revela contabilidade pouco fiável e incentivos à ineficiência." Acrescenta-se em sub-título que os hospitais públicos portugueses estão sub financiados, mas que, mesmo assim, desperdiçam dinheiro. 
Desperdiçam e não será pouco. Pelas contas do Tribunal, o desperdício anda na casa dos 2 milhões de euros por dia.  E que, assim sendo e por exemplo, no ano de 2008 se gastou mais 745 milhões do que o necessário.
A explicação de como o financiamento aos hospitais se processa em Portugal vem logo em entrada de texto. E diz assim: "todos os anos os hospitais contratam com o Serviço Nacional de Saúde as actividades que vão realizar, com base em previsões e nem sempre sobre a população que servem e são pagos a um preço definido pelo Estado com base na contabilidade de cada unidade e numa matriz importada dos Estados Unidos." 
Acrescenta-se ainda que, como a contabilidade dos hospitais não abrange todos os actos utilizados neste sistema de pagamento, acabam por ser sub financiados – ou porque o preço do Estado não cobre os custos, ou porque são ineficientes na gestão dos recursos.
Enfim, estes são os prejuízos visíveis, contabilizáveis, detectáveis na gestão dos hospitais públicos portugueses.  Mesmo assim e sem irmos mais ao fundo da questão já temos um prejuízo de 2 milhões de euros ao dia...
Mas o que fica em aberto é esta questão: diz aqui que "os hospitais são pagos com base na contabilidade de cada unidade e numa matriz  importada dos Estados Unidos"... E que haverá aí que garanta, que essa matriz norte americana funciona em Portugal? A outra questão é esta:  serão os custos de gestão hospitalar norte americanos iguais aos portugueses? Podem ser, podem não ser. Não é evidente.
E depois há um pormenor que talvez tenha alguma influência, para compreendermos esta preocupante conclusão... é que a matriz pode ser norte americana , mas em Portugal, quem a aplica, não foi importado de lado nenhum, é produto nacional.
E se calhar e ao contrário do que diz o anúncio.... é bem capaz de haver aí casos, em que, nem sempre, o que é Nacional é bom.

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