terça-feira, 13 de dezembro de 2011

entregue aos bichos

E o jornal chama-lhe empatia... pois seja.

Reporta-se a breve notícia a uma conclusão acabada de anunciar pela revista Science e que resulta da experiência efectuada por uns neurologistas da Universidade de Chicago.
E desta vez, os ratos de laboratório, mais que simples cobaias, foram mesmo o objecto e propósito do estudo. 
Empatia – escreveu o jornal e, enfim, o que se fez foi mais ou menos isto: fecharam-se os ratos numa caixinha; ensinou-se os ratos a abrir a porta da caixinha; lá fora havia bocadinhos de chocolate; quando um rato saía, a porta fechava-se, deixando o outro lá dentro. Acontece que, o primeiro rato, em vez de correr logo para o chocolate, voltava atrás tentava fazer sair o companheiro da caixinha e depois sim, ambos corriam para o chocolate que compartilhavam alegremente. Enfim, com uma alegria de ratinho... A isto, o jornal chamou empatia  e considera que, a partir daqui, se pode dizer que a empatia é um sentimento natural. 
No parágrafo seguinte, o jornal lembra que estudos idênticos foram já feitos com macacos e que então se concluiu que o altruísmo não é uma característica exclusiva do ser humano, sendo que, neste caso, com ratos, foi a primeira vez que tal se conseguiu observar, já que, eventualmente, terá sido também a primeira vez que se fez tal experiência.

E basicamente é isto..
Ou quase... 
Falta só  deixar a pergunta: onde se lê empatiaaltruísmo não deveria ler-se, por exemplo, solidariedade?... Ou até espírito de equipa, ou saudades da família, ou um  instinto que lhe diz que a união faz a força e essas coisas e que o melhor é irmos os dois, que, se aparece o dono dos chocolates sempre somos dois a dar de sola, vai um para cada lado e a velha não nos apanha... 


É que altruísmo talvez se pudesse dizer se, por exemplo, o primeiro ratinho a sair da caixa , voltasse atrás para libertar o companheiro e depois o deixasse comer o chocolate todo sozinho. Como quem diz, tu, que nem jeito tens para abrir uma porta, come lá o chocolate, pobre desgraçado, que eu aguento-me..
Tirando isso, falta talvez só sublinhar o optimismo , ou talvez essa visão luminosa, que o jornalista revela, ao escrever que o altruísmo não é característica exclusiva do ser humano, o que pressupõe que o jornalista acredita mesmo que o altruísmo é uma característica do ser humano.

364821_lagarto.jpgHá lagartos psicadélicos e macacos que espirram no Mekong... é assim que o Público começa a contar o que de mais surpreendente se destaca do relatório de 2010 do Fundo Mundial da Natureza...
Durante o ano passado, na bacia do rio Mekong, que compreende os territórios do Cambodja, Birmânia, Tailândia, Vietname e China, foram descobertas mais 208 novas espécies.  O Mekong Selvagem, que foi como este relatório foi batizado,  revela  uma região com uma extraordinária biodiversidade. A confirmar esta afirmação, o jornal lembra que entre os anos de 1997 e 2009 foram descobertas mais de 1300 novas espécies na bacia do Mekong.
Quanto aos lagartos, já se falou dele, o tal lagarto psicadélico... foi descoberto na ilha de Hon Khoai, no Vietname e foi batizado de CNEMASPIS PSYCHADELICA – tem as pontas das patas e a cauda de cor de laranja vivo, o torso entre o violeta e o cinza, a cabeça em tons de ver e amarelo.. é de facto um bicho estranhamente colorido.
A história dos macacos que espirram vem da Birmânia... foram dar com ele no alto das montanhas remotas do estado birmanês de Kachin, a norte.  E espirra porque tem o nariz virado para cima, o que faz com que espirre quando chove, porque a água lhe entra pelo nariz. O curioso é que este macaco acabado de ser descoberto parece estar já em vias de extinção. Segundo os investigadores, só devem existir uns 300 individuos desta espécie..
Aliás – e ainda segundo este mesmo relatório do Fundo Mundial da Natureza – muitas destas novas espécies já fazem parte da alimentação local, lutando para sobreviver em habitats cada vez mais pequenos e para escapar à extinção...  este foi um dos alertas lançado pelo próprio director da organização, Stuart Chapman... 
Mas disse mais... citemos : "o tesouro da biodiversidade da região ( da bacia do rio Mekong) poderá perder-se se os governos não investirem na conservação , fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo, tendo em conta as alterações ambientais globais." Fim de citação.
E ora aí está!   As alterações ambientais globais... E quem nos garante que não serão justamente essas alterações ambientais globais o que está na origem do aparecimento de algumas dessas novas espécies?... Ou, dando um exemplo, se o clima não tivesse sofrido alterações mais ou menos violentas, mais ou menos naturais ao longo dos séculos... talvez hoje ainda tivéssemos mamutes nas pradarias, mas se calhar não tínhamos era elefantes no Jardim Zoológico.

Regressando rapidamente ao tal macaco que espirra quando chove. Sabeis o que ele faz quando isso acontece?.. quero dizer, quando chove?.. senta-se, enfia a cabeça entre as pernas e espera que a chuva pare.

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