No Correio da Manhã a notícia merece apenas um breve destaque, em forma de citação. E o citado é o ex governador do banco do Canada, WilliamWhite e diz que acha surpreendente que tão poucos banqueiros tenham ido para a prisão...
Já no Diário Económico a matéria merece uma página inteira de texto e traz à ribalta Greg Smith, director do banco norte americano Goldman Sachs – que o jornal não hesita em classificar como a mais poderosa instituição financeira do mundo. Greg Smith apresentou ontem a demissão e disse ao New York Times porquê... Porque considera que o banco está em bancarrota moral. Diz o Económico que foi provavelmente uma das declarações mais estrondosas da história financeira... No artigo publicado no New Yor Times, o ex director do Goldman Sachs acusa o banco de não defender os interesses dos clientes, fixando-se apenas no objectivo de ganhar dinheiro a qualquer custo.. aliás, o que Greg Smith diz é que o banco só pensa em como tirar dinheiro aos clientes e garante mesmo que ouviu alguns directores gerais referirem-se aos clientes como Fantoches. Sabe-se que o Goldman Sachs foi alvo de duras críticas, tanto da administração norte americana, como de autoridades políticas da Europa. É também um dos alvos do protesto dos manifestantes do movimento Ocupy Wall Street, que o identificam como o exemplo vivo do lado negro do mundo financeiro.
A verdade é que o regulador norte americano está a investigar este banco, acusando-o de vender produtos financeiros tóxicos aos clientes de forma deliberada.
Segundo conta o Económico a coisa fazia-se assim – ao mesmo tempo que se vendiam esses produtos tóxicos relacionados com o sub prime, o banco apostava na desvalorização desses mesmos produtos.. Aliás, consta que foi já obrigado a pagar multas milionárias por causa da forma como se comportou durante a crise financeira..
E agora a resposta dos responsáveis do banco.
A resposta às acusaçõesde Greg Smith, claro.. e a resposta é brilhante de esclarecedora... já ouvimos a acusação – que o banco está em bancarrota moral que há administradores que chamam fantoches aos clientes e que o banco só pensa em fazer dinheiro, sem respeito pelos depositantes e que terá mesmo viciado o mercado vendendo produtos envenenados..
Pois perante uma acusação destas, o Goldman Sachs responde desta forma – ficamos desapontados ao ler afirmações de um indivíduo que não refletem os nossos valores, a nossa cultura e o que a grande maioria das pessoas no Goldman Sachs pensa sobre a firma e sobre o trabalho em prol dos nossos clientes... e acrescentou-se ainda, em jeito de pedra sobre o assunto, que para 89% dos 30 mil empregados do banco, o Goldman Sachs presta serviços de excepção aos clientes – enfim, se vender-lhes produtos tóxicos se pode considerar um serviço de excepção e é bem possível e até desejável que se possa considera-los assim...
Termina a defesa do banco dizendo que numa empresa tão grande não é chocante que algumas pessoas se sintam descontentes.
E se bem reparam, nenhum destes argumentos que acabámos de ouvir contradiz ou responde a uma única das acusações enunciadas pelo ex director Greg Smith.. ou seja, se um ladrão de galinhas apanhado em flagrante delito for a tribunal e em defesa própria responder o que o banco Goldman Sachs acaba de dizer.... o juiz pode achar que o arguido está a mangar com ele em claro desrespeito pelo tribunal...
- Roubar galinha, eu?!... Isso vai contra os meus princípios, portanto, não há hipótese.. nem que a própria galinha assinasse um termo de responsabilidade apontando-me o bico acusador.
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