terça-feira, 24 de julho de 2012

O ELEITO


E ontem Passos Coelho convidou os deputados do PSD para jantar, assinalando assim o fim de mais uma sessão legislativa da Assembleia da República. E hoje todos os jornais falam disso. 
E fazem-no por uma razão muito particular, que aliás  é sublinhada nas chamadas de capa, que o encontro merece em quase todos eles... esta: Passos Coelho avisa deputados: que se lixem as eleições – é, por exemplo assim, que o Diário de Notícias chama a atenção do leitor. Já, a páginas 12, onde a matéria merece algum desenvolvimento, tropeçamos na citação entre aspas do que disse o primeiro ministro: "se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, como se diz, que se lixem as eleições." 
Podíamos começar por aqui. 
O país é mais que um território; é o povo que o habita e é esse povo que vai a votos para eleger quem acha que estará melhor preparado para governar a Nação. Para eleger quem considere ser o mais sério e responsável para o fazer, o mais apto, o melhor deles todos...  E para que isso fosse possível, durante várias décadas, muitos sofreram em Portugal, muitos morreram em Portugal, muitos foram presos e torturados em Portugal, muitos foram postos fora de Portugal, muitos tiveram de fugir de Portugal, para que Portugal conquistasse o direito a eleições livres. Daí, ser um  pouco agressivo ouvir alguém dizer que se lixem as eleições... E nem é preciso que seja um primeiro ministro a dizê-lo.. podia ser qualquer um.  Até porque , em nome de Portugal, ou até mesmo para salvar Portugal, como diz Passo Coelho... para salvar Portugal, talvez um dia os portugueses digam, que se lixem as eleições... E com uma abstenção de 100%, haveria de convocar-se outro escrutínio, com novas listas, com outra gente  e se mesmo assim o povo continuasse a dizer que se lixem as eleições,, voltávamos ao mesmo e por aí fora até que aparecesse alguém merecedor da confiança popular. Alguém que não dissesse que se lixem as eleições. Alguém que se limitasse a pensar: foi a mim que escolheram, agora vou ter que me aplicar a sério no trabalho, que o tempo não está para festas, nem para trocadilhos graciosos, ou populismos galhardos.

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