segunda-feira, 17 de setembro de 2012


E hoje, todos os diários, menos o Correio da Manhã, dão conta, em primeira página, do ambiente de alta tensão, como lhe chama o Jornal de Notícias, de rota de colisão, como lhe chama o I, de inacreditável pressão, na versão do Diário de Notícias, de crise de divisão, na versão do Diário Económico, ou, se preferirem a versão do Público, o braço de ferro entre CDS e PSD, a propósito das alterações na taxa social única...
Tirando isso, podemos começar agora pelo Correio da Manhã, que faz hoje manchete com uma espécie de balanço da manifestação de Sábado passado. Escreve o Correio que a polícia deteve alguns manifestantes que foram apanhados com armas perigosas durante o protesto. Petardos e fisgas, por exemplo. O título resume o ponto da situação: Radicais na mira da polícia.. É também na primeira do Correio, que se deitam contas à frota automóvel do Governo : 208 automóveis. Só ao  serviço do primeiro ministro, pelas contas do jornal, são 31.  Consta que o gabinete da criatura em epígrafe já desmentiu, corringindo: são só 21!, carago! ( o carago, acrescentei eu...)
Quanto ao concurso para novos dirigentes do Estado. O concurso começa hoje,  diz o Económico, mas só para o ano se sabem os resultados. Para já, o que se sabe, é que há 800 vagas para preencher, em cargos de direcção.. Oitocentos novos directores de serviços. Carago, que agora, desta é que é!
Outras contas , aqui no Económico, “Jogo rendeu menos 11milhões aos cofres do Estado” e mais esta: “Estrangeiros cortaram em 20% a exposição à banca". E espero bem que saibam o que isto quer dizer – isto da exposição à banca, porque o de Negócios fala da mesma coisa. Só que aqui é a Caixa Geral de Depósitos. Diz assim: "Caixa tem exposição de 850 milhões à dívida das PPP"...   Ainda no de Negócios, mas em letra mais gorda, diz a manchete que os médicos arriscam uma quebra extra no salário líquido... Isto porque, médicos, mas também diplomatas e polícias e militares serão afectados pelo alargamento da base de incidência, previsto nas Grandes Opções do Plano, o que faz com que o corte no ordenado seja superior ao que decorre da simples subida da taxa social única para os trabalhadores..... E só mais esta do de Negócios: o.Governo admite despedimentos nas fundações que forem extintas.
Agora o Público.. temos hoje em primeira página Hunter Halder, cidadão norte americano a residir em Portugal e o criador do projecto Re Food. Uma iniciativa que se resume nisto: recolher, em restaurantes, a comida que sobra e distribui-la depois, quase porta a porta, por pessoas que precisam... o projecto já não é novo e quase todas as televisões o entrevistaram e realçaram o trabalho.. Hoje o Público abre-lhe duas páginas em destaque especial, porque agora é no bairro de Telheiras que Halder e a Refood começaram a actuar. A ideia é conseguir cobrir toda a zona da grande Lisboa com esta iniciativa. Em nota aparte deixem que sublinhe este número: por ano são desperdiçados mil e 300milhões de toneladas de comida, no mundo inteiro.
E na primeira do DN , uma que parece ser boa notícia: Mortes por enfarte baixaram de 4 para 3 por dia. De 2005 até ao ano passado, a percentagem destes casos baixou 30%, o que quer dizer duas coisas: aspessoas tem mais cuidado na prevenção e os meios de tratamento também melhoraram... 
Quanto à manchete do Jornal de Notícias, já não é tão auspiciosa e vem quase ao encontro da reportagem sobre Hunter Halder e a Refood.. diz assim, a manchete do JN: Pobreza: Cáritas recebe 15 pedidos de ajuda por hora--- só um pormenor: Caritas, não leva acento no primeiro A, porque vem do latim e quer dizer caridade e em latim caritas não leva acento, claro que, sem acento, algumas pessoas poderiam ler caritas.. mas isso só mesmo quem não souber do que se está a falar, já que a Caritas é bastante antiga em Portugal e mesmo sem acento, creio que ninguém lê caritas em vez de Caritas.. mas enfim era mesmo só um pormenor... sendo que, em linguagem técnica, ver aqui Caritas com acento é o que se chama na gíria – ruído puro. E vamos ao I... Saiba tudo sobre empréstimos bancários para estudar...  poderia acrescentar-se, em sub título- não se metam nisso, mas não, vamos antes ao primeiro parágrafo desta chamada de capa: pagar um curso superior a prestações sai cada vez mais caro... Pois diz que sim, tirar um curso, comprar uma casa, comprar um automóvel, ir de férias, ou o que seja... a prestações sai sempre mais caro... sempre.  
Penso que por esta altura já toda a gente se deu conta disso. Alguns mesmo da pior maneira.

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