quinta-feira, 11 de abril de 2013

pior sorte teve o João Ratão


E hoje, só porque muito se tem falado em desemprego e em falta de dinheiro e em cortes e contenções e outras coisas, que a crise em curso trouxe para o nosso discurso quotidiano… deixem-me que vos leve até à página 34 do Diário de Notícias. Até à página dedicada aos assuntos da Bolsa.

O jornal avisa logo em sub-título que o que se vai ler é um exemplo de excepção – e a seguir explica-se como e quem: "gestor da dívida pública ganha mais do que o presidente da república e quase o dobro do vencimento do primeiro ministro."
E o gestor de quem se fala chama-se João Rato e sabe-se agora que o despacho foi assinado há uma semana pela secretária do tesouro e publicado ontem em Diário da República. João Rato vai assim receber um salário que pode ir aos 10 mil euros por mês, como presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público… já o vogal desta mesma instituição receberá perto de 8 mil euros por mês , enquanto uma outra vogal do mesmo organismo poderá receber perto de 7 mil euros por mês.No Diário da República lê-se que estes salários se justificam, ou antes, são autorizados.. enfim, o melhor é ler: "é autorizada a opção pelo valor correspondente à remuneração média dos últimos 3 anos do lugar de origem..." destes 3 gestores, claro está… Esqueçamos agora o lugar de origem e fixemo-nos no lugar de destino… este a que agora chegaram… o DN, na chamada de capa, que nos remete para esta notícia, escreve que o governo autorizou o pagamento de um salário até 10 mil euros mensais para o presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública devido à sua especial responsabilidade... Bom, só por aqui, ficamos sem saber se a responsabilidade invocada diz respeito ao cargo – que é de responsabilidade , ou ao nomeado, que será pessoa de grande responsabilidade, no sentido em que é responsável, porque responde pelo que faz, sem arranjar desculpas esfarrapadas para o fracasso.Mas, já na legenda à foto do próprio – afinal um jovem, ainda… na legenda, o jornal é mais explícito – fala em complexidade, exigência e responsabilidade do cargo.Enquanto isso, como já vimos, em Diário da República escreveu-se que os salários se justificam tendo em conta a média do que recebiam nos últimos 3 anos..E aqui, os meus amigos decidirão o que preferem…Que João Rato e respectivos vogais recebam estes salários generosos na função pública porque nos últimos 3 anos já recebiam assim bastante bem e agora podiam estranhar a diferença…Ou porque o lugar que vão ocupar é de grande responsabilidade, o que leva a acreditar que os agora escolhidos sejam também gente da maior competência e confiança e de tal competência e confiança e a tarefa de tão delicada e monumental importância, que haverá que pagar a peso de ouro aos corajosos e abnegados voluntários, que assim se prestam a servir a nação…Pessoalmente prefiro esta última. Se bem que, se basearmos a argumentação na média de ordenados , ainda vá… agora, se basearmos a argumentação na competência e responsabilidade dos nomeados, se falharem os objectivos, se não se mostrarem à altura do encómio e da encomenda.. que é que acontece? Devolvem o dinheiro, ou corta-se-lhes no ordenado?

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