segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sem comentários




vila viçosa

o silêncio é como as laranjas. Às vezes, ouro, às vezes prata e às vezes mata.

E temos aqui uma curiosa chamada de capa, no "Correio da Manhã".
Esta, que diz que o ministério da educação vai acabar com a disciplina de informática no 9º ano. Mais curiosa se torna , se nos lembrarmos do investimento do governo anterior em computadores e programas à volta dessas novas tecnologias.
Outra não menos curiosa chamada de capa ,ainda no "Correio da Manhã", obriga-nos mesmo a espreitar a página 30, a confirmar que é mesmo cá.. Diz assim: "apelo aos jovens: governo manda emigrar." E se espreitarmos a página 30, confirma-se que foi o secretário da juventude, Alexandre Mestre quem o disse; que se recusa a falar em fuga de cérebros e que , em vez disso, aconselha os jovens portugueses a deixarem aquilo a que  chama “Zona de Conforto” – sendo a tal zona de conforto, supostamente, o desemprego que espera, em Portugal, a esses jovens.

Na primeira do jornal "I" temos também uma intrigante chamada de capa. Esta que diz que acabaram os luxos nas escolas portuguesas e que, assim sendo, os mármores estão a ser substituídos por betão.   Ora, aqui, fica-se sem saber se esta é uma boa ou uma má noticia. Ou seja, fica-se sem saber se o mármore de que se fala está a ser arrancado das escolas onde existe , para ser substituído por cimento, sendo esse mesmo mármore eventualmente vendido depois a retalho , ou por aí.. ou então não. Ou então, o cimento de que se fala vai fazer o acabamento em escolas novas que estejam a construir-se.. o que quer dizer que se estão a construir novas escolas.. e isso, se calhar, é bom.

Os económicos despacham-se já, que hoje é fácil.. quereis ver?..
Pois então, se quiserdes descobrir as 16 formas para aumentar as poupanças... lede o "Económico". Se preferis antes saber como proteger o vosso dinheiro da crise.. então a leitura recomendada é a do de "Negócios"... é verdade que o "Diário de Notícias" tenta também à sua maneira ajudar o leitor nessas contas e faz hoje um especial poupança, explicando, ou perguntando como poupam os portugueses em tempo de crise..  acho que é explicando, pelo menos a julgar por esta 1ª alínea que diz que , "uma quebra abrupta no dinheiro disponível obriga os portugueses a poupar menos";  o que, convenhamos, é uma conclusão, no mínimo, brilhante.

E finalmente faz-se luz na capa do "JN". É que toda esta preocupação em saber como se poupa ou como se deve poupar tem afinal a ver com essa efeméride do dia mundial da poupança...é o que anuncia o "Jornal de Notícias"... "Dia Mundial da Poupança: como poupar..." – é a pergunta implícita. Pois por exemplo, responde o "JN" .. por exemplo, "desligar a televisão poupa 27 euros por ano". Enfim , não vamos especular sobre este assunto, senão já não saímos daqui... isto do que se poupa ou deixa de poupar ao desligar a televisão nos dias que correm e com as televisões que temos.. não vamos, mesmo.
Vamos antes até à primeira do "Público", onde voltamos a encontrar o ministro da educação, mas desta vez não fala em computadores, mas antes na forte contenção que vai cair sobre a contratação de professores. Em entrevista exclusiva ao jornal "Público", que o mesmo é dizer que ESTA entrevista que o ministro Nuno Crato deu ao "Público", foi a que o ministro deu ao "Público" e não a que terá dado a um outro qualquer jornal.. esta foi em exclusivo para o "Público" e nesta o ministro fala , ou antes, respeitando a redação do jornal... "invoca um choque com a realidade" e explica "as prioridades políticas do ministério da educação".

E de saída mais uma charada.. ou antes , mais uma chamada de capa do "Público". "Sector Público".. é portanto este o cenário, o sector público. E "no sector público, a redução no número de gestores pode render 4 milhões de euros". É possível que alguém , perante estes números exclame: só?!.. como também é provável que alguém, inspirado por aquilo que se vai ouvindo e sabendo e dizendo e muitas vezes especulando.. é bem provável que alguém ao ouvir, que a redução no número de gestores público vai render uma poupança de 4 milhões de euros por ano, exclame.. mas então só vão dispensar  4 pessoas?!...


Adensa-se o mistério... regressemos rapidamente ao jornal "Público" e a essa chamada da capa que diz que as reduções nos gestores públicos rendem 4 milhões. Acrescenta a chamada de capa que – e vamos transcrever tal e qual – que "os cortes no número de gestores das administrações das empresas públicas, que serão revelados esta semana, devem significar uma poupança anual superior a 4 milhões de euros." No entanto , se avançarmos até à página onde a noticia se desenvolve, lemos que , o que o governo vai anunciar esta semana, é a nova fórmula dos conselhos de Administração nas empresas do Estado e que essa nova fórmula obriga os gestores públicos a limitar salários ao vencimento do Presidente da República. Ora, é então assim que se chega à tal poupança dos 4 milhões, ou pouco mais...  já faz um pouco mais de sentido, se bem que entra em rota de colisão frontal com o que se leu em chamada de capa, que falava em – e releia-se – cortes no NÚMERO  de gestores públicos... 

Já reduções em pessoal, mesmo, é o que se vai passar, ao que parece sem dúvidas, no sector da educação. Hoje Nuno Crato em entrevista exclusiva ao "Público"- que o jornal faz questão em sublinhar essa exclusividade, vamos respeitá-la..  em entrevista exclusiva ao "Público", o ministro Nuno Crato da educação diz que os cortes, as reduções no sector da educação são em grande parte em pessoal... não nos vencimentos, portanto.. e diz mais, que esta intenção "não representa de forma alguma um sinal de menosprezo pela educação", mas que, a partir de agora, ou se quisermos, mas por agora, "as contratações de professores vão ser as estritamente necessárias."
E aqui voltamos à mesma questão : será esta uma boa notícia? ...
Porque.. pensemos alto e em conjunto.. se contratarmos todos os professores estritamente necessários... se ficarmos mesmo e só por aqui... contratando os professores estritamente necessários...  ficamos com as nossas necessidades nesta matéria estritamente satisfeitas. Pode parecer pouco, mas há quem ache que neste momento estamos ainda um pouco e estritamente, exactamente, precisamente, justamente, rigorosamente... abaixo desse patamar.

E na página 13, da edição do "Correio da Manhã" de hoje só se fala em assaltos a ourivesarias.
"Armas e ferramentas para roubar ourivesarias" – é o título maior que lança a notícia do assalto a um ourives no centro comercial de Odivelas, concelho vizinho de Lisboa. 4 homens dispararam sobre o ourives durante o assalto, quando o homem ia a ligar o alarme... o jornal sublinha entretanto essa coincidência - é que o assalto aconteceu no dia em que o ourives fazia anos. Foi ontem e o assalto aconteceu logo pela manhã, 11 da manhã .
Depois o jornal relembra que na passada quinta feira  foram assaltadas 3 ourivesarias na zona da grande Lisboa e mais uma no Porto e que desde o início deste ano  já foram assaltadas 128 ourivesarias ou lojas de compra e venda de ouro usado,,,
A juntar a este rol, o "Correio" acrescenta que um mesmo grupo de bandidos assaltou , na terça e quinta feiras últimas,  duas ourivesarias em Sintra e Lisboa. E que em ambos os casos foi com recurso a armas de fogo... com caçadeiras.
E para fechar este capítulo damos um salto até à margem sul do Tejo e chegamos ao Seixal.

Aqui, os ladrões terão tido uma desagradável surpresa. Depois de terem ameaçado a funcionária da loja com uma pistola, levaram algum dinheiro e todo o ouro que havia no cofre. Acontece que, segundo o jornal, o ouro era falso.
Agora aqui abre-se mais um mistério, nesta segunda feira já de si tão rica em prodígios e notícias intrigantes. Como esta: porquê guardar, no recato de um cofre forte,  ouro falso?!... Não vamos pensar que seria revendido como autêntico a algum cliente incauto e desprevenido...  como aqueles anéis do conto do vigário que pesam quase 3 arrobas mas é tudo chumbo com um  banho de metal dourado por fora... 
Mas, tirando essa hipótese...
Ficamos com uma outra ainda mais interessante. Ou seja, a dos ourives começarem agora a guardar ouro falso nos cofres para enganar os ladrões e conseguirem que lhes –literalmente – desamparem a loja sem violência nem prejuízo de maior.. isto enquanto o ouro verdadeiro estará guardado noutro sítio insuspeito e seguro.. debaixo do colchão , ou até mesmo no forro do telhado da casa, ou na perna da mesa...  quase como aquelas lojas, que têm nos expositores só as embalagens vazias, para evitar problemas... o produto que vale está guardado numa gavetinha, longe da vista e longe da tentação...
Pode ser que sim.. o que a ser verdade, só revela a brilhante perspicácia destes ourives do Seixal.

E já que de ouro se está falando, deixem que vos diga que acho que o silêncio é como as laranjas. Às vezes, ouro, às vezes prata e às vezes o silêncio também mata.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

pré aviso

há países onde um burro não pode ser ministro

Sigamos o "Público".
Diz aqui: "Miguel Relvas vai avisando que há muitos países que só têm 12 vencimentos..." acrescentando-se em sub-título que o ministro dos assuntos parlamentares, em entrevista à TVI, não descartou a hipótese de prolongar o corte de subsídios de natal e férias. Citando o próprio ministro: "o que está em cima da mesa são dois anos, mas se tal não acontecer não deixaremos de assumir o nosso caminho." como se viu, o que acabou de ser dito não é rigorosamente o mesmo do que dizer-se que o corte nos subsídios irá para além dos dois anos, aliás e por isso mesmo é que o jornal diz que esta conclusão ficou subentendida na entrevista de Miguel Relvas à TVI.
Mas fixemo-nos no essencial da argumentação do ministro: Miguel Relvas vai avisando que há muitos países que só têm 12 vencimentos... tendo acrescentado, como exemplo, os casos da Holanda, da Noruega e da Inglaterra.
E pela mesma lógica de raciocínio poderemos também alegar que, por exemplo, em Inglaterra os automóveis têm o volante à direita, que na Holanda há cafés onde a venda de drogas leves se faz sem grandes constrangimentos e que na Noruega o nível de vida da população é francamente superior ao português.. mas também poderíamos dizer, sem faltar à verdade, que há países onde o ordenado mínimo é francamente superior a 500 euros por mês; que há países quem nem euro têm; países onde a moeda única é a única moeda que têm, ou seja, a própria, como por exemplo a própria Inglaterra; que há países onde quase nunca chove; há países que desconhecem os pastéis de bacalhau; há países onde a homossexualidade é punida com pena de morte; há países onde, quando alguém espirra, não se diz santinho, mas antes saúde, como na Alemanha: "Gesundheit!"...
Ora aí está! Haja saúde e bom fim de semana.

pequena canção obscena