quinta-feira, 5 de abril de 2012

oh que C. senhores ouvintes!


Isto hoje está bom e aí está mais uma explicação que não explica nada e tem a ver com a tolerância de ponto concedida esta tarde, para os deputados da Nação. 
Diz o DN, que a presidente do Parlamento, Assunção Esteves, emitiu ontem uma nota oficial onde explica que  – e citemos – o agendamento da semana de Páscoa foi decidido em conferência de líderes, por unanimidade, sem qualquer proposta concreta prévia... Bom, paremos aqui um segundo.. e se os líderes parlamentares se reunissem em conferência e decidissem por unanimidade aumentar os próprios ordenados para o triplo?...   era pagar e cara alegre?...
Adiante. 
O jornal faz questão de lembrar que, na edição de ontem, tinha escrito que o que a conferência de líderes apreciou foi uma proposta da própria presidente Assunção Esteves, para que hoje se não trabalhasse em S. Bento, depois de almoço. Mas a presidente já esclareceu o Diário de Notícias que - e citemos, uma  vez mais: em analogia com o resto do País, em tempo de austeridade, a Assembleia da República reúne o plenário à quinta-feira santa, rompendo pela primeira vez com a tradição de nesse dia nunca se reunir... pausa na citação .. (em analogia com o resto do País a Assembleia reúne o plenário à quinta.. que raio está ela a dizer?! o resto do País reúne qual plenário, porra? E que tradição é essa de nunca reunir à quinta~feira? E se houver um golpe de Estado?) 
E a concluir, a presidente da Assembleia da República acrescenta que essa mesma reunião terá lugar na manhã de hoje – e voltemos a citar a senhora – por paralelismo com o formato dos trabalhos da Assembleia da República à sexta, uma vez que o dia seguinte é feriado...(se alguém percebeu o que isto realmente quer dizer, passe pela portaria que ganha uma t-shirt) 
Pois sim, mas seja como for, isso é o dia seguinte, amanhã, não hoje,   quinta feira. Daí que talvez fizesse mais sentido, respeitando os tais tempos de austeridade a que Assunção Esteves oportunamente se refere...e porque amanhã é feriado... os deputados reunirem-se então hoje, de manhã, se lhe dá mais jeito, antecipando assim os trabalhos que estavam agendados para amanhã e depois... bom e depois de almoço regressavam para tratar da agenda do dia .. ou seja, para despachar os trabalhos que estavam agendados para o dia de hoje. 
Haveria de trabalhar mais azinha e não perder tanto tempo em troca de galhardetes entre bancadas , ou não.. enfim .. haveria pelo menos de lá estar... nem que fosse para dar a ideia que estavam a trabalhar que nem mouros para salvar a Nação e tirar Portugal do aperto em que está neste momento. Nem que fosse... só mesmo para inglês ver.
                                             
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E entretanto como se pode ver, ficou sem resposta a questão de saber se foi dela, ou não a ideia de se baldarem esta tarde ao trabalho. os líderes podem ter decidido por unanimidade sobre uma proposta dela... não o disse nem o desmentiu. simplesmente, não respondeu e muito menos justificou este estatuto de excepção dos excepcionais deputados da Nação.
Realmente a senhora já devia mesmo estar em casa a gozar a reforma, já não diz coisa com coisa.

chavalo amigo, tu a fazeres contas és um tratado!


O meu forte não são contas mas estas até são boas de fazer. E isto vem a propósito da aparente falta de inteligência que revela a intenção de incluir, ou distribuir os subsídios de natal e férias pelos 12 meses de ordenado. 
A ideia é esta. No total, o dinheiro gasto acaba por ser o mesmo, seja pago de uma assentada, ou em suaves prestações mensais... Claro que, incluído no ordenado dá uma sensação de que se foi aumentado, mas é evidente que não; é mentira e qualquer um chega rapidamente a essa conclusão. Também não vou agora aqui perder tempo a especular sobre a coincidência do dinheiro voltar a ser pago em ano de eleições legislativas e o camano. Não e adiante, que de resto... 
Bom de resto, se tenho mesmo que pagar esse total, não será melhor pagá-lo todo junto, seja em Agosto, pelas férias seja em Dezembro, pelo Natal?... Em vez de o pagar lentamente, ao longo de todo o ano?  É que, se pagar tudo junto, em Agosto, ou em Dezembro, até lá, o dinheiro está na minha conta e é para a minha conta que ele está a render juros. Se pagar o dinheiro em prestações mensais, esses juros hão-de descer de forma evidente. É menos dinheiro para os cofres do Estado.
Já quanto à ideia de estender esta medida aos privados, ou seja, obrigá-los a cortar os subsídios de Natal e Férias, ou fazê-los distribuir também esse dinheiro pelos 12 meses de ordenado... isso é que não sei se não será mesmo anti constitucional.. Que lei pode impedir uma pessoa de gerir o que é seu como bem entende? Ou seja, quem me  pode impedir de pagar os salários que bem entenda aos meus trabalhadores e dar-lhes os subsídios que me apeteça, ou mandá-los mesmo de férias para a Polinésia com tudo pago?...  Aliás, só assim se percebe alguns ordenados e aumentos de ordenado e ajustes de ordenado, que se vão conhecendo em várias empresas e nem todas tão privadas quanto isso.
De resto, talvez para o estrangeiro, o facto de se riscar da folha de pagamento o conceito de 13º e 14º mês, chegue e baste... mas a verdade é que, feitas as contas , a despesa acaba por ser a mesma e, como se viu, pode até resultar num ligeiro prejuízo para o Estado.. 
Já quanto a invocar-se o exemplo de outros países europeus, onde este tipo de medida alegadamente vigora... Aí só há uma reacção óbvia... Tomara nós, que Portugal se pudesse comparar com esses países! E não só na questão dos subsídios, claro... mas  no resto , principalmente no resto tudo! A começar pela assistência social, ensino, justiça, saúde, ordenados e outros pequenos luxos  a que a gente se vai habituando sem dar conta...

Mas a verdade é que, a questão que fica realmente em aberto é outra - que faço eu com esta informação? Continuo a fingir que acredito?...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

vão marrar com o Bilhim. Sim?...


Vem no Público. Merece duas páginas de texto e reproduz a entrevista ao recém empossado presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública.
Chama-se João Bilhim e era até agora presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas .
Em título e em jeito de declaração de princípios o Público cita o próprio e recém empossado presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, João Bilhim: "Se em 2014 não tivermos dirigentes com mérito,  a culpa é minha" – minha, dele, João Bilhim...
Já em começo de entrevista, o jornal lembra que esta nova Comissão foi aprovada a semana passada em Conselho de Ministros, mas falta ainda a aprovação do Parlamento para que seja formalmente reconhecida e nomeada. Já quanto à tarefa que espera João Bilhim, é o próprio quem reconhece que não será fácil , mas garante também que, dentro de 2 anos, a Administração Pública terá dirigentes mais competentes e que vão acabar os concursos feitos à medida... ou seja, citando o próprio : "o Governo pode e deve definir os traços gerais do perfil, mas nunca aceitarei um perfil que seja uma fotografia de alguém que se quer colocar no cargo. Só por cima do meu cadáver." E acrescenta ainda que, se este cargo, esta comissão não fosse independente, nunca tinha aceitado a função, senão ia ser mais do mesmo...
Sendo o mais do mesmo, ao que tudo indica, a nomeação para cargos da Administração Pública de gente menos capacitada, ou cuja virtude mais evidente é ser conhecida, ou amiga, ou credora de algum tipo de favores de alguém com poder de decisão, neste caso, poder de nomeação para cargos públicos...
Diz João Bilhim que, nomeações desse tipo, só por cima do seu cadáver... e acrescenta que se em 2014 não tivermos dirigentes com mérito a culpa é dele, João Bilhim.
Repare-se que não se garante que os tenhamos – dirigentes com mérito... garante-se só que, no caso de os não termos, a culpa é de João Bilhim e de mais ninguém.
E  ressalve-se isso, que já não é pouco. Se a cúpula da Administração Pública for dirigida por incompetentes ou corruptos, ou arrivistas de qualquer espécie, a culpa não é dos próprios, incompetentes, corruptos ou arrivistas, nem do sistema, que os promove e acolhe,  nem do povo que se deixa governar por incompetentes.. nada disso. A culpa é de João Bilhim, o recém empossado presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública Portuguesa.
Por isso, meus amigos, a partir de agora, se tiverem razões de queixa... vão marrar com o Bilhim. Sim?...