nem tudo é estupidez e alarvice, no reino do humor

"All in the family" - em português: Uma familia às direitas.

Mais que um clássico das sit-com norte americanas, esta série é uma verdadeira enciclopédia cheia de pérolas de pensamento lúcido e incisivo.

Por exemplo. Definição de Diplomacia, segundo Archie Bunker - diplomacia é levar alguém a fazer qualquer coisa que ela não quer, prometendo-lhe qualquer coisa que tu não pretendes fazer.

está bem compostinho e não se baba

Vem no Jornal de Notícias, já em rodapé de página e cita o ministro da solidariedade e segurança social, Pedro Soares... Em título, lê-se que o governo vai lançar um plano nacional do voluntariado, já a partir deste mês de Março, que amanhã começa. E depois explica-se, ou tenta explicar-se um pouco mais do que está aqui em causa e em agenda. Ou seja: o ministro anunciou ontem o lançamento de um plano nacional de voluntariado transversal a várias áreas, que contemple a responsabilidade social das empresas em que o Estado dá o exemplo – fim de citação.

Ou não, que o jornal continua citando o ministro, dizendo que este plano serve de ponte entre o Ano do Voluntariado 2011 e o Ano do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações e que vai envolver vários ministérios e várias respostas públicas , servindo de elo de ligação entre diversas áreas, como a educação, a juventude, o desporto, a segurança social e a administração pública. E deixem que continue mais um pouco em maré de citações... sobre a abertura deste Ano do Envelhecimento Activo, acha o ministro que este é o momento ideal para se fazer uma reflexão profunda sobre a longevidade e o aumento da esperança média de vida. O momento ideal. Não ontem, nem amanhã, mas hoje mesmo.Agora. Portugal é Hora, como dizia o outro... E isto porque é impossível ignorar os impactos sociais, económicos e financeiros daí resultantes – ou seja, o aumento da esperança média de vida coloca desafios a vários níveis, como  por exemplo, os sistemas de segurança social, a educação e a formação contínua ao longo da vida... Diz o ministro que os modelos económicos e sociais dos últimos 50 anos não são capazes de fazer face ao fenómeno. A rematar a prosa, o JN escreve que este assunto promete uma reforma, estando a elaborar-se estudos... 

E enquanto os estudo se elaboram, deixem que regresse às declarações do ministro Pedro Soares. A estas, onde se diz que, o plano nacional de voluntariado, transversal a várias áreas, vai contemplar a responsabilidade social das empresas em que o Estado dá o exemplo e que  vai envolver vários ministérios e várias respostas públicas....   como por exemplo?... Hein? Então?!...

Mas, vá lá, justiça lhe seja feita, o enunciado está bem compostinho e não se baba e se ficássemos até só pelo enunciado, o problema já estava resolvido.

falta um papa até ao fim do mundo (já?!...)

E acabaram-se as fitas. 

Vem no Público que , com a venda da Tóbis, fecha o único laboratório onde se revelavam filmes em película... O director do Instituto do Cinema garante no entanto que os trabalhos que estiverem contratualizados com a Tóbis serão concluídos. Mas que não se aceitam mais encomendas.

E depois , da vida das marionetas.. o Público leva-nos em visita guiada por 3 museus lisboetas onde as marionetas nos contam – segundo o jornal – histórias de amor. No museu do Oriente, no de Etnologia e, naturalmente, no museu da Marioneta... e através dessas visitas ficamos também a perceber que , nesta coisa das artes não há fronteiras, daí que seja fácil encontrar pontes e pontos de ligação entre religiões, lendas e contos tradicionais dos mais variados e distantes países...

Ainda no Público e para acabar temos uma entrevista com o actual 1ºministro italiano e outra com Paul Krugman, o Nobel da Economia. Diz Krugman: se daqui a um ano a Troika pedir mais medidas de austeridade, Portugal tem de dizer que não. Ora- e ainda que mal pergunte- e se em vez da Troika for o Governo a pedir mais austeridade, Portugal deve dizer o quê ?...

E no Diário de Notícias ficamos a saber que – se for esse o caso, de fazer anos hoje, então é um dos 7427 portugueses a quem isso acontece... como é óbvio esta informação só se justifica mesmo por ser 29 de Fevereiro.. daí até a blague de só se fazer anos de 4 em 4 anos...

Agora mais a sério, temos em chamada de capa no DN de hoje que o Governo vai cortar nas bolsas de estudo para doutoramentos - sendo que o orçamento fez subir essa verba em 100 mil euros, mas o ministério da Educação reduziu em 16% o total disponível para atribuição de bolsas...

Outras contas - esta até merece letra grande e diz assim: Ex comandante acusado de gastar 70 mil euros em refeições – o ex comamndante era-o da Protecção Civil, chama-se Gil Martins e pelo corpo da letra percebe-se que não o devia ter feito. Aliás está acusado pelo Ministério Público de peculato e falsificação de documentos.. o que leva até a pensar que se calhar até nem gastou esse dinheiro em refeições, mas limitou-se a apresentar as facturas dos almoços, enquanto comer mesmo, ia comendo umas sandezinhas que levava de casa.

Na primeira do Jornal de Notícias temos o alerta—por causa das dívidas das Câmaras Municipais há o risco de 300 mil alunos ficarem sem transporte escolar.. a dívida global dos municípios anda pelos 8 mil e 200 milhões de euros.. e ainda há quem diga que este é um país pequeno, com números tão cheios de zeros...

O Correio da Manhã lembra que amanhã começa o acerto de contas com o Fisco, com a austeridade a cortar deduções e benefícios fiscais... em título maior lê-se que o IRS tira 700 euros a famílias;  o que, como título não explica grande coisa, só assusta e mais nada... e logo a seguir a inevitável cenoura – diz assim: saiba como poupar na sua declaração de impostos.. há sempre uma forma – é  deixar mesmo de trabalhar.. assim já não há lugar a cobrança de impostos sobre os rendimentos do trabalho de  ninguém.. 

Ainda aqui no Correio - e só para verem como este jornal é para contas – diz-se que a dívida das Câmaras  é, não de 8 mil milhões e 200 mil, mas sim de 10 mil milhões... enfim, a verdade é que aqui chegados, mais milhão, menos milhão...

No jornal I vou directo a esta discreta chamada de capa onde se lê que 40% do capital do BCP anda desaparecido... e vou directo a esta porque, ao que parece, tudo o que tem a ver com a saúde da banca é da máxima prioridade e importância nacional.

Já em rodapé, o I escreve ainda  que estamos em contagem decrescente.. Enfim, isso estamos sempre, sendo que o inverso também pode ser verdadeiro, mas vamos ao que importa – diz então o I que estamos em contagem decrescente e que falta um papa até ao fim do mundo..

Portanto , isso quer dizer que talvez não falte muito e depois já podemos descansar, destas e outras manchetes e notícias de rodapé.

"Os nossos"

- in "Cancioneiro Palmira" - Moloch & os Oriundos 

e o troco em hóstias, se faz favor

É bem provável que esta notícia mereça referência noutros jornais do dia, mas foi no JN que a fui descobrir primeiro e diz assim: Santa Sé atrasa a extinção de dois feriados religiosos. Porque o assunto está ainda a ser analisado e a decisão pode ser demorada -  primeiro, o assunto tem de ser submetido a várias reuniões, a várias comissões e dicastérios – dicastério, diz o meu dicionário que era um importante e antigo tribunal de Atenas..  (um dicastério, portanto, aliás vários, segundo o Jornal de Notícias.) Já o porta voz da conferência episcopal portuguesa, Manuel Morujão, que reuniu ontem em Fátima , em conselho permanente, sublinhou que estas decisões nem sempre se resolvem com a velocidade que gostaríamos e reafirma que a decisão final cabe à Santa Sé. 

É escusado sublinhar este facto, de um Estado laico depender de uma decisão da Santa Sé para, no caso, extinguir ou rearrumar no calendário dois feriados religiosos, em nome do resgate nacional e da salvação da Pátria...  e fixemo-nos no essencial...  depois das agências de notação financeira a definir, determinar e condicionar os destinos da Nação... temos agora também a Santa Sé, o Vaticano... 

Deixem-me que cite um provérbio, creio que italiano mesmo e que diz assim- a Roma se fa la fede altrove ci se crede. O que em tradução apressada dará qualquer coisa como isto: em Roma se faz a Fé, no resto do mundo acredita-se.

já Bocage não sou...

E hoje entramos por aqui, pela direita baixa do jornal Público, onde se lê que, segundo um relatório da Unicef, a pobreza urbana põe milhões de crianças em risco... Continua explicando-se que é o crescimento descontrolado das cidades, o que vai excluindo milhões de crianças dos cuidados de saúde e do acesso à educação... Outra chamada de capa no Público de hoje diz que os laboratórios farmacêuticos Roche deixaram ontem de fornecer mais de 20 hospitais, que tinham facturas em atraso para pagar. Um atraso de 500 dias. A partir de agora, só a pronto pagamento. Ainda com chamada de capa, temos Natacha Atlas. Compositora, cantora, nascida na Bélgica, com raízes judias e muçulmanas, árabes e europeias. Assim a apresenta o jornal... Chamam-lhe a Rosa Pop do Cairo, mas o mais recente disco da artista vai mais longe do que o universo pop ligeiro da canção e pretende ser um alerta e manifesto contra a desordem mundial, numa fusão entre a música do médio oriente e do ocidente. Diz Natasha Atlas – tudo começa na escassez. Se não temos o suficiente, tornamo-nos intolerantes... – ou como diz o povo – a fome é má conselheira.

No Correio da Manhã... a notícia do corte de fornecimento da Roche aos hospitais ganha um alarme... enfim.... Vamos ler – doentes de cancro sem remédios – laboratório corta crédito – já vimos que não serão só os doentes com cancro... mas assim , claro que sim, que se torna mais assustador e cruel.. e um bocadinho de crueldade e susto logo pela manhã é melhor que uma bica curta...

E vamos aos de notícias... ou seja o Diário e o Jornal de Notícias. E no JN hoje o destaque maior vai para este padre de Viana do Castelo, que segundo a manchete - fazia de banqueiro e sacou fortuna a fieis idosos.. consta que os idosos lhe emprestavam dinheiro sem juros e em troca recebiam um diploma de beneméritos... Também aqui no JN é notícia o corte de fornecimento de medicamentos da Roche a alguns hospitais.. aqui o título diz que há vidas em risco por falta de 4 fármacos em vários hospitais.. e eles são 23 ao todo, segundo contava o Público.. ou seja, os 23 hospitais que deixaram arrastar o calote para além dos 500 dias... vamos culpar quem? A farmacêutica, que não é a santa casa.. ou os hospitais que ficaram a dever dinheiro.. se faltam medicamentos de quem é realmente a culpa afinal?

No Diário de Notícias a manchete vai para o ultimato do governo às câmaras municipais ... para que revelem todas as dívidas pendentes. Diz o DN que seguiu já uma carta para mais de 300 autarcas. A carta vai assinada por Miguel Relvas e Vitor Gaspar... aliás Relvas já tinha dado o mote, quando comentou o boicote de algumas autarquias à intolerância de ponto no Carnaval.. apontou o dedo dizendo que algumas até deviam milhões e mesmo assim davam folga ao pessoal...  ora aí está.. não perderam pela demora...

Ainda no DN... Ministério Público culpa juízes pelo insucesso no combate ao crime económico... segundo o Procurador Geral da República, os juízes exigem provas para lá do razoável e isso, na fase do julgamento, é a principal causa do insucesso.

Há ainda esta notícia, que merece até destaque de manchete no Público e discreta chamada aqui no DN – Clássica e Técnica querem fusão para ganhar dimensão global. No Público o que se diz é que as duas universidades públicas querem fundir-se para atingirem o top 100 mundial...   parece que sim.. no dia em que só existirem dois homens à face da Terra, em vez de se sentarem a conversar ou a ver a paisagem , hão de pôr-se a fazer corridas a ver quem chega primeiro, nem que seja a lado nenhum...

E por fim o I e aqui temos um par de títulos curiosos.....primeiro este que diz que aos balcões da Caixa Geral de Depósitos se cobram 6 euros por informações... E depois estoutro -  Fidel o católico (Fidel... o de Castro) e é uma pergunta... Fidel o católico? Vaticano feliz com a ideia. O jornal lembra que Fidel foi excomungado em 62, que mais tarde recebeu João Paulo 2, em 98 e que agora, segundo a própria filha , se terá reconciliado com deus e que a próxima visita do papa a Cuba pode marcar o regresso de Fidel ao catolicismo. Enfim, como se uma coisa tivesse a ver com a outra.. o reconciliar-se com deus e o regresso ao catolicismo. A verdade é que o medo da morte é uma coisa terrível  e como o futuro a deus pertence, e às vezes nunca fiando.. enfim,   já Bocage não sou à cova escura meu estro vai parar desfeito em vento e por aí fora...

CÃZOADA RAG

do "Cancioneiro Palmira" de Moloch & os Oriundos

SEJAMOS HONESTOS, UMA VEZ NA VIDA

 TODA A MERDA QUE ESTÁ A ACONTECER AO POVO PORTUGUÊS É  RESPONSABILIDADE E CULPA EXCLUSIVA DOS CANALHAS QUE GEREM O ESTADO E COMANDAM OS DESTINOS DA NAÇÃO

UMA CORJA DE INCOMPETENTES CORRUPTOS, MENTIROSOS E IRRESPONSÁVEIS.

E ISTO É UM FACTO QUE NÃO ADMITE CONTRADITÓRIO

PONTO FINAL

Sieg heil!

 Merece chamada de capa na edição do Público desta segunda feira e traz Diogo Feio, eurodeputado centrista à colação.

A entrevista, o jornal justifica-a com o lançamento do livro de Diogo Feio – "o Poder das Agências". Em entrada de texto, lá onde a entrevista depois se desenvolve, lemos que, para Diogo Feio, cada greve feita acaba por ser uma mancha na imagem do País. Claro que os motivos que levam a essas greves não serão decerto e também coisa de que o País se possa orgulhar por aí além.. mas continua. E continua dizendo que – citemos – mais do que assinar cartas, os portugueses – oposição e sindicatos incluídos (ainda bem que o eurodeputado o ressalva tão expressamente...) oposição e sindicatos incluídos, portanto – devem ajudar o Governo a afastar-se dos modelos de laxismo.  e já agora, se me permitirem,  de corrupção e compadrios vários e avulsos e algumas pequenas mentiras piedosas também...

Mas vamos à frase, que o jornal escolheu para a chamada de capa... esta: Por causa da situação em que se encontra, Portugal tem que ser mais alemão que os alemães. Não se chega a perceber, só por aqui, se é o Portugal que governa, se o Portugal que é governado que deve – no entender de Diogo Feio – ser mais alemão que os alemães... Na primeira hipóteses, falta saber se a chanceler alemã acharia essa uma ideia particularmente interessante... já quanto ao Portugal que é governado, talvez não fosse má ideia.. ter o nível de vida que os alemães têm actualmente, apesar de todas as crises...

Mas isto de mínimos olímpicos, já percebemos que, tirando os próprios Jogos Olímpicos, Portugal quer mesmo ir mais longe, mais alto e ser mais forte, do que  os mínimos exigem e impõem. Atente-se no caso do memorando de entendimento, onde  o actual governo orgulhosamente reivindica ter ido mais longe do que era exigido   e agora temos Diogo Feio, imbuído do mesmo espírito, afirmando que Portugal deve ser mais alemão que a própria Alemanha...

E aqui chegados, pergunto-me eu... porque diabo estamos aqui a perder tempo com esta conversa? Pela bizarria da coisa, em si?... E se Diogo Feio tivesse dito que Portugal devia ser mais tuaregue que os tuaregues?... Bom, então aí, talvez valesse a pena ler a entrevista toda...

Euséééébio!

E muito provavelmente esperavam que vos falasse de José Afonso e assinalasse convosco este 25º aniversário, que hoje passa sobre a morte do artista... mas não o vou fazer e vou antes dar-vos conta de um caso que, se calhar, até nos vos vai interessar por aí além.. mas assumo o risco.

Vem de Paredes de Coura, a notícia, e apresenta-se assim, nas páginas do Público de hoje – Autarca de Paredes de Coura não perdoa Paulo de Carvalho por atender telemóvel. Acontece que Paulo de Carvalho estava já a acabar o concerto, no centro cultural da vila; estaria mesmo já a acabar de cantar a última cantiga do alinhamento, quando, segundo o Público, João Malheiro, que já foi porta voz do Benfica, irrompeu pelo palco adentro com um telemóvel em punho em direcção a Paulo de Carvalho dizendo que era uma chamada do amigo Eusébio. Perante esta súbita aparição, consta que Paulo de Carvalho acabou mesmo por atender a chamada, tanto mais que se reconhece como amigo, aliás, muito amigo do Pantera Negra. Ora, este acto indignou o público e também, como se viu, o autarca de Paredes de Coura, que diz que Paulo de Carvalho, em Paredes de Coura e a convite do município nunca mais canta... Paulo de Carvalho já pediu desculpa ao povo de Paredes de Coura através de uma rádio local... e sublinhou também, com alguma graça, que o único espectador que se terá realmente ofendido e abandonado a sala era um adepto do Futebol  Clube do Porto..

Mas regressemos ao título - autarca de Paredes de Coura não perdoa a Paulo de carvalho por atender telemóvel.. muito bem... Então e o tal João Malheiro, que irrompeu palco adentro a meio de uma canção de telemóvel em riste a dizer que era o Eusébio ao telefone e atende lá aí?...

O autarca de Paredes de Coura acaba de colocar Paulo de Carvalho na lista negra e diz que se sentiu ofendido  e que o cantor desconsiderou todas as pessoas que se encontravam a assistir ao concerto e que eram muitas e que até pagaram bilhete para o ver..  Ora aí esta! Para o ver,  a ele, Paulo de Carvalho e não para ver um qualquer João entrar palco adentro de telemóvel na mão... cala-te lá que está aqui o Eusébio ao telefone...  

Talvez fosse de bom senso considerar também que João Malheiro, em próximas festas a que assista em Paredes de Coura deixe o telemóvel no bengaleiro.

Ora bem... emigrar não é?

Ora bem... emigrar não é? Enfim, é uma hipótese. Aliás sempre foi, mesmo sem ser preciso que alguém mais informado nos viesse explicar isso, ou indicar a porta da saída... 

Pois hoje, o jornal Público traz um exemplo de emigração talvez não tão bem sucedida quanto isso. O caso vem de Bruxelas, a capital europeia da comunidade e , apesar de ter acontecido já em Novembro, só agora se lhe conhecem os pormenores. 

António Nunes Coelho, 49 anos, trabalhava na Bélgica há 12 anos, legalmente. Há dois anos foi despedido e para aguentar o barco e as contas acabou por aceitar um – como se diz – biscate – numas obras.. Aqui, de forma ilegal...ou seja, sem contracto de trabalho.. só mesmo enquanto a vida não se recompunha. Diz o jornal que, nessa manhã de Novembro, saíu bem cedo de casa e foi trabalhar. Estava em cima de um andaime quando um ataque cardíaco o deitou por terra. Gerou-se o pânico no estaleiro das obras. O encarregado resolveu então, com a ajuda de dois homens carregar António Coelho para uma carrinha, onde o transportou durante duas horas, só que em vez de o levar para o hospital , o acabou por abandonar numa rua meio deserta, de um parque de Bruxelas e foi-se embora...

Diz o jornal que tudo coincidiu com um fim de semana prolongado em Bruxelas, o que fez com que o corpo fosse encontrado por um transeunte, não se sabe quanto tempo depois, o que se sabe é que o homem já estava rigorosamente morto.. e segundo a autópsia terá levado entre 15 minutos a uma hora para morrer, ali sozinho e despejado no meio da rua. Foi aberto inquérito, claro está.. tanto que as roupas de trabalho que vestia acabaram por conduzir a polícia até ao estaleiro onde trabalhava.. Diz o jornal que tudo aconteceu em Novembro, mas só agora a imprensa belga divulgou o caso..

E diz também que António Nunes Coelho tinha um processo a correr termos no tribunal por causa de um despedimento abusivo de que se julgava vítima.... O veredicto já foi despachado e deu-lhe razão.. assim sendo, o antigo patrão de António Nunes Coelho haveria de lhe pagar 14 mil euros de indemnização.. Pena que tenha morrido, assim já não recebe o dinheiro nem fica sequer a saber que afinal tinha razão..
e quando um gajo tem razão, caraças, até há quem dê a vida por uma merda dessas. 

a erecção canónica

Vem no Jornal de Negócios, com chamada de capa e diz que o Supremo abre a porta à isenção de IRC para os colégios católicos... 

E  começa por lembrar-se o leitor, que esta guerra já nem é nova e que o Fisco continua a fazer finca pé na recusa dessa mesma isenção, proposta para os colégios católicos...

Aliás, o texto começa justamente assim: os colégios católicos são estabelecimentos de ensino privado com objectivos predominantemente empresariais, ou desenvolvem funções de utilidade pública que lhes permitem ficar automaticamente dispensados do pagamento de impostos? –(era uma pergunta ) agora a resposta do jornal – perguntando às Finanças a resposta encontra-se na primeira formulação --- ou seja : os colégios católicos são estabelecimentos de ensino privado com objectivos predominantemente empresariais.

Já os tribunais têm opinião e parecer diferente... Os colégios católicos são – ou podem ser equiparados a – Instituições Particulares de Solidariedade Social e por essa via ficam isentos de IRC... O jornal cita até um recente acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, onde são  derrotados em toda a linha os argumentos do Fisco, para recusar a isenção de IRC aos colégios católicos. E depois, quase em jeito de conclusão, temos que para o Fisco, o facto dos colégios católicos poderem gozar das prerrogativas das pessoas colectivas de utilidade pública não significa que tenham direito a qualquer das isenções previstas no código do IRC.. 

Já quanto às prerrogativas.. o jornal , citando o Fisco, escreve que essas prerrogativas se justificam com o facto dos colégios católicos serem instituições – e aqui vai com aspas – "canonicamente erectas"...

E agora, se alguma dúvida ainda persistisse, estou em crer que acaba de ser varrida enérgica e definitivamente...  se outros argumentos não tivéssemos, tínhamos este – a erecção canónica .. um conceito que talvez escape à maioria dos cidadãos, mas felizmente não são eles quem tem de decidir nestas matérias tão complexas...

Tirando isto fica uma outra questão.. se é de ensino  que se fala, mesmo ministrado em colégios particulares, se é de instrução...de educare.. que é como quem diz – conduzir a inteligência até ao seu pleno usufruto , formar gente capaz de cruzar informação, de pensar e  tirar as suas próprias conclusões, gente capaz de ver, com olhos de ler, o mundo que a rodeia.. E enfim, se é de formar cidadãos que se fala.... se tirarmos a palavra Particular á sigla IPSS... ficamos com isto: Instituições de Solidariedade Social.. e nesse contexto, talvez que qualquer escola, pública ou privada, se enquadre nesse conceito – o da solidariedade social... porque, quanto mais não seja por solidariedade de nós próprios, uns com os outros e com o futuro será de todo o interesse ter uma população minimamente instruída e educada... quando não.. o que temos é um rebanho de gente mais ou menos bem comportada, pagadora de impostos, não tanto por consciência e vontade própria, mas porque, em boa parte dos casos, não tem o engenho e a arte para fugir a eles... que aliás, por alguma razão se chamam impostos e não – por exemplo – propostos, ou sugeridos.. não. São impostos mesmo.