quarta-feira, 30 de novembro de 2011

e não se pode, ao menos, dar-lhe com um pano encharcado nas ventas?!...

E deixem que comece por vos ler a entrada da crónica de hoje de Ferreira Fernandes no Diário de Notícias... diz assim: "psiquiatras e eu em total acordo." E depois segue: "os psiquiatras diagnosticaram uma esquizofrenia paranóica a Anders Breivik, o assassino norueguês. É uma segunda opinião, confirmando a minha: é maluco."
E vem esta crónica, como é evidente, a propósito do anúncio feito ontem, de que Anders Breivik foi considerado inimputável pelos psiquiatras noruegueses.
Ainda neste Diário de Notícia lemos que foram precisas 36 horas de conversa com Breivik, para os psiquiatras concluírem  que o assassino sofre de esquizofrenia paranoica e , assim sendo, pode trocar a prisão pelo manicómio – é aliás este o título que o DN escolheu para dar a  notícia. Já ontem, os jornais, em última hora, escreviam nas edições on line que Breivik não estava na posse das suas (dele) faculdades no dia do ataque...
E aqui é que a gente se surpreende. Apesar de se perceber o significado da afirmação,  fica sempre a impressão de que o que Breivik não tinha nesse dia talvez fossem as faculdades de uma pessoa normal... O que é ligeiramente diferente, ou pode pelo menos ser um pouco diferente, de quem não está na posse das suas próprias faculdades. E no caso de Anders Breivik e a avaliar pelo que ia publicando na internet,,, já não devia estar na posse das faculdades de uma pessoa normal há já algum tempinho...
E , seguindo ainda a mesma autoestrada de comunicação,  a Internet, acabamos por concluir que não será só este jovem norueguês, quem não estará na posse das faculdades de uma pessoa normal...Isto, claro, aceitando a teoria do bom padre Américo, de que não há rapazes maus.
Entretanto, para os jovens e opinião pública norueguesa em geral... na prisão ou no manicómio, o que importa é que Anders Breivik seja posto fora de circulação.
Quanto aos outros pares de Breivik nessa estranha cruzada.. é esperar que saiam para a rua a matar gente a granel, para depois os metermos num asilo de alienados.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

circo temos. pão é que não, mas há pastéis de nata.

E vamos aos fados.
Das declarações de circunstância, deixem que comece por esta -  Catarina Vaz Pinto, vereadora da cultura na Câmara de Lisboa. O mais importante, diz a vereadora, é que a candidatura não se esgote hoje com a atribuição deste reconhecimento.
Ora, o reconhecimento de que se fala é o da eleição do fado como património imaterial da humanidade...  Então sigamos por aqui, pelas declarações de circunstância...  se a candidatura tinha já levado muita gente a interessar-se pelo fado, agora irá estimular a gente nova – diz o guitarrista José Pracana...  Também  a fadista Mariza acredita que agora todos passam a olhar o fado com outros olhos e que esta distinção forçará a que todos puxem para o mesmo lado, ou seja, para o lado do fado...  Carlos do Carmo, o porta voz da candidatura, que não pôde ir a Bali, mas acompanhou todo o processo desde Lisboa: que é uma canção que existe porque os portugueses a cantam e tocam... – admitamos que sim... e, acrescenta Carlos do Carmo, deve ter alguma coisa de muito especial para este reconhecimento tão entusiástico...
João Braga, entusiasmado quanto baste,  lembra que , desde que Amália fez levantar a plateia do Olympia de Paris, que o fado é património da humanidade. Mais depoimentos... Ana Moura – fadista – acha que o fado sempre foi património da humanidade, esta distinção só vai aconchegar-nos a alma e encher-nos de orgulho . Enfim, uma explicação já bastante mais aceitável, apesar de tudo.
E agora, à medida que os depoimentos se tornam mais solenes e oficiais, também o discurso se eleva e refina. Oiçamos o secretário de Estado da Cultura, Francisco Viegas:  "este reconhecimento da UNESCO é a confirmação do talento e do génio da cultura portuguesa." E agora Cavaco Silva: "o fado é reconhecido como património de toda a humanidade, um valor inestimável no presente e uma herança cultural importante para as gerações futuras."
E por fim, não um depoimento, mas antes a legenda que o Correio da Manhã escolheu para a reprodução d' "o Fado", o celebradíssimo quadro de José Malhoa. Diz assim: "no quadro "o Fado" pintado por José Malhoa em 1909, aparece um marginal com uma guitarra portuguesa na mão , encantando com a canção de Lisboa uma mulher da má vida no bairro da Mouraria".
Ora, haverá prova maior do talento e do génio da cultura nacional do que isto?... Um marginal cantando o fado a uma mulher da má vida numa tasca da Mouraria?...

Tudo isto é fado. Tudo isto é Portugal? Pergunta o Diário de Notícias em título ao especial de 12 páginas que hoje dedica ao assunto.  O sub título prossegue em tom de pergunta... se Portugal fosse uma canção seria o fado? A canção faz parte da marca do país e Portugal só terá a ganhar com o reconhecimento que lhe acaba de ser concedido pela UNESCO?... Toda a gente quer acreditar que sim...  que esta distinção há-de dar outra visibilidade ao Fado e  talvez tão, ou mais importante do que isso, pode transformá-lo num pretexto para  relançar a economia.. por exemplo , através dos pastéis de Belém, que são outro símbolo nacional.. o DN traz a reprodução de uma colecção de embalagens de pastéis de Belém com as caricaturas de alguns fadistas famosos... Amália, Marceneiro, Maria da Fé...  E há também uma colecção de selos de correio com a reprodução de fotografias de vários fadistas... Amália, claro e Marceneiro, forçosamente.. e Hermínia e Carlos Ramos  .. enfim, os grandes clássicos.
Já se disse que são 12 páginas de suplemento especial ... avancemos então um par delas, porque as boas notícias não acabam aqui.
Falemos da hipótese do fado vir a ser ensinado nas escolas.
Não que se pretenda formar fadistas, mas antes seguir a história do fado. Diz o DN: "alunos vão aprender o que é o fado para conhecer a sociedade..."  agora o subtítulo: "candidatura tem programa de ensino desde o pré escolar. O objectivo é familiarizar estudantes com o fado e levá-los a reflectir sobre ele."
E como vai ser?...
Vai ser assim: no primeiro ciclo os alunos serão familiarizados com o género. Começam a ouvir fados e a perceber a sua pluralidade. Diz o jornal que através do estudo das músicas podem também pensar a nossa sociedade – isto no primeiro ciclo...
Agora no 2º ciclo—aqui espera-se que os alunos escrevam textos críticos de análise às letras de fados   e que exprimam a opinião e argumentem a partir das letras dos fados.. diz o DN, que este exercício de produção crítica há-de evoluir depois no secundário.
E em chegando à universidade?... Aqui espera-se que surjam mais trabalhos científicos sobre o universo fadista... um campo de trabalho que se estende pela antropologia e pelos estudos artísticos.
Mas deixem que recue só um par de linhas. Até aqui, onde se diz que as crianças do primeiro ciclo podem vir a aprender através do fado.. ou mais do que isso... podem começar a pensar a nossa sociedade através da música e das letras do fado... na primária, no primeiro ciclo...  a pensar a sociedade através do fado...  ou talvez também a começar a pensar no fado que as espera , tendo em conta a sociedade em que vivem...  o que não é rigorosamente a mesma coisa.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

isto anda tudo ligado

E  diz que foram muitos, mas ninguém sabe quantos. Isto é o que diz a manchete do Jornal de Notícias de hoje, quanto à adesão à greve geral de ontem.
Já o I escreve que, segundo os sindicatos, a média se ficou pelos 80%, enquanto os números do governo se fixam nos 10% de adesão.
Já o Diário de Notícias escreve que a polícia teme mais conflitos após os incidentes de ontem nas escadarias de s. Bento.
E temos ainda o Correio da Manhã, que fala de infiltrados na greve geral. Infiltrados radicais, a quem , ao que parece , se deve imputar a responsabilidade por alguns actos menos próprios durante este tipo de manifestações. Os sindicatos alertam para esse perigo, o da moda pegar, digamos assim. Como exemplo, temos o caso dos cocktails Molotov lançados ontem em 3 repartições de finanças. E para encerrar de momento o assunto temos ainda o Diário Económico dizendo que a greve acabou em confrontos e com promessa de mais protestos.
Mais protestos e mais ainda, se se confirmar o vaticínio de mais uma agência de notação financeira que – há que tempo que não se falava já de agências de notação financeira por aqui... saudades?.. bom adiante... -  se se confirmar que Portugal vai mesmo precisar de mais um resgate. É que a Fitch , como já devem saber, classificou ontem como lixo a dívida portuguesa, afirmando de caminho que Portugal precisa de mais austeridade... é , aliás, por aí que segue a manchete do Público: "Sarkozi cede a Merkel e aceita revisão dos tratados europeus." Pode parecer que não, mas isto anda tudo ligado.  É ler o sub-título: "Agência Fitch elogia governo e reduz para lixo o rating de Portugal." Ora, se reduz o rating português a lixo, não deverá certamente ser o governo português quem merece o elogio da Fitch... eventualmente será o governo alemão.. e merecê-lo-á eventualmente pela ideia peregrina de mudar os tratados europeus de forma a encaixar sem sobressaltos os próprios sobressaltos da economia alemã...
E já agora, só para vos provar como isto anda mesmo tudo ligado, deixem que leia a chamada de capa, ainda neste mesmo jornal Público". Diz assim: "Surto de infecções. Malária chegou à Grécia mas poupa Portugal". Segue depois a prosa dizendo que na Grécia, entre 21 de maio e 26 de outubro, 61 pessoas foram infectadas com malária, mas o surto estará controlado e as possibilidades de contágio estão limitadas a uma área específica. Parece não existir o risco de chegar a Portugal. Estão a ver? Assim como as crises que infectam certas economias podem contagiar as economias vizinhas... e o caso grego foi dado como exemplo disso vezes sem conta em relação a Portugal...  pois agora temos esta notícia que fala num surto de malária na Grécia. E antes que alguém fizesse a pergunta parva, o jornal deu a resposta inteligente.. não, a malária não é como o euro.. é menos gananciosa, apesar de tudo.
E  já agora e regressando rapidamente ao caso Fitch e ao mais recente prognóstico da agência norte americana...  oiçam o que diz o Jornal de Negócios: "não é necessário um  novo programa para Portugal – diz analista da Fitch".   Ora, a pergunta que fica é esta: e esse analista ainda lá trabalha? Na Fitch?...

Vamos a ver se a gente se entende. O Público fecha normalmente a edição com uma coluna a que chama de sobe e desce e onde vai afixando o nome das personagens que, no entender do jornal, por ditos e feitos sobem e descem , merecendo assim o aplauso ou a crítica implícita do jornal. E hoje, em queda, temos Ângela Merkel. 
"A chanceler alemã..." - escreve o Público"...continua a impor a sua vontade na zona euro e até a França se vergou ontem ao aceitar que o BCE não terá um papel mais activo na resolução da crise da dívida. Apesar do leilão de dívida alemã mal sucedido da véspera Merkel mantém-se irredutível e avança agora na revisão dos tratados para impor mais disciplina".
E foi então por estas razões, que o Público considerou que a chanceler alemã deveria hoje ser desclassificada.
Então vamos experimentar assim...
O primeiro ministro português continua a impor a sua vontade na zona euro e até a França se vergou ontem ao aceitar que o BCE não terá um papel mais activo na resolução da crise da dívida. Apesar do leilão de dívida portuguesa mal sucedido da véspera, Passos Coelho mantém-se irredutível e avança agora na revisão dos tratados, para impor mais disciplina."
E então e agora? Em que coluna acham que o jornal iria colocar esta notícia?
E se tivesse sido este o caso acham que esta manchete serviria?: Primeiro ministro português põe Europa em sentido. Com Fafe ninguém fanfe .

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

honi soit qui mal y pense

Deixem que comece assim, com um aforismo estrangeirado. Este que diz assim: honi soit qui mal y pense.
Posto isto vamos à noticia.
Vem no "DN" e apresenta-se desta forma singela: "governo acredita que greve geral vai ter forte adesão".
Saudemos a clarividência do governo, que sabe já de antemão o que as  centrais sindicais apenas se atrevem a desejar.. ou seja, a desejar que a paralisação de hoje tenha de facto uma forte adesão popular... uma clarividência que se poderá eventualmente emparelhar com essa outra, que garante que , o mais tardar em 2015, Portugal estará de novo relançado na grande aventura do progresso e da prosperidade.
Mas antes disso, deixem que vos leia o sub título desta notícia: "site do governo divulgará mapa nacional e por ministério da adesão à greve para garantir a veracidade e credibilidade." E chegámos onde queria chegar.. ou seja – honi soit qui mal y pense , que os números publicados no site do governo, quanto à greve geral de hoje, estejam acima de qualquer dúvida, suspeita ou reserva...mais credíveis, portanto, do que todas as outras contas que se façam, seja por quem for... ou, dito por outras palavras, que o site do governo só por si, ou por graça de qualquer entidade subtil, seja um garante incontestado de veracidade e credibilidade... honi soi qui mal y pense... e só por uma razão... ou talvez por duas reunidas numa só... primeiro, que o número real de grevistas é difícil de apurar , muito mais em cima da hora (pode até dar-se o caso de haver quem hoje falte ao trabalho simplesmente porque está com gripe, ou lhe dói qualquer coisa.. pode acontecer) ...e depois porque hoje muitos grevistas foram obrigados a ir trabalhar, porque - ingénuos sim , mas não tanto – muitos sabem que fazer hoje greve, apesar de ser um direito consagrado na Constituição, os pode colocar na lista negra e promovê-los a candidatos ao desemprego na próxima oportunidade...
Porque, mais cruel que o cobrador do fraque que nos persegue, é o medo que se soltou da trela e anda agora por aí, rosnando às pernas de quem passa, como um cão sarnento.

E porque hoje o "Jornal de Notícias" é o único que não traz a greve geral para a primeira página, nem sequer em discreta chamada de capa, vamos a ver se é mesmo porque o jornal resolveu ignorar o assunto por completo, ou se terá sido só por uma opção editorial... abrimos o "JN" e, afinal, logo na página dois aí a temos... Greve geral . A greve geral e o primeiro ministro.
Diz o "JN" que Passos Coelho cumpre hoje um dia normal de trabalho. Enfim, normal, normal mesmo talvez não seja. Será normal dentro do contexto de um país convocado para uma paralisação geral... o que deve fazer alguma diferença, de um país num dia normal de trabalho e mais diferença ainda de um país que se levanta cedo para ir alegremente para o trabalho... E aqui, é mesmo o alegremente que faz toda a diferença. Mas não vamos aqui dar à questão uma importância que se calhar ela não tem... falo da greve geral.
Ainda no "JN": " primeiro ministro reconhece o direito à mobilização, mas não aborda directamente a greve..." e não o faz porque, se calhar, a greve não tem mesmo a importância que alguns renitentes querem que tenha...  O jornal lembra que as declarações de P.P. Coelho surgiram em comentário e resposta ao documento, o manifesto, assinado por um conjunto de personalidades, com Mário Soares à cabeça e onde se retrata e comenta, criticando, a actual situação social e económica de Portugal... Foi nesse contexto que P.P. Coelho, o primeiro ministro, disse que – e citemos: "se reconheço a importância das pessoas se mobilizarem e se exprimirem, também reconheço que aquilo que é bem importante nesta altura para Portugal é encontrar uma saída para a crise."  -fim de citação.
E vamos por aqui. 
É que tudo leva a crer, que a mobilização popular a que o primeiro ministro se refere, pretende, se não me engano, encontrar uma saída para a crise. Uma outra saída, que não passe forçosamente pelo garrote, a que os mercados nos estão obrigando... Quanto ao resto... e o resto é justamente o título da notícia... bom aí... deixem que releia: primeiro ministro reconhece direito à mobilização... ora abóbora!, como se costuma dizer. E se Coelho não reconhecesse, que diferença faria?! Esse é um direito  consagrado na Constituição da República e dispensa a aprovação , ou o reconhecimento de um primeiro ministro, ou seja de quem for.
Portanto, se o primeiro ministro Coelho reconhece ou não o direito à mobilização popular   é - como se costuma dizer -   como o outro.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

amor e coisas assim

Ficou-se ontem  a saber que o orçamento da Direcção Geral das Artes vai sofrer um corte de quase 40% no ano que vem. Ontem, os beneficiários dos apoios do Estado às várias artes receberam a carta, onde eram informados dos cortes a que a crise obriga no sector da cultura, ou a que a crise alegadamente obriga. Os jornais, no caso o "Diário de Notícias", lembram entretanto que são o teatro e a dança as artes que mais dependem destes apoios estatais...
Entretanto, o jornal "I" puxa hoje para a primeira página António Mega Ferreira, presidente do Centro Cultural de Belém . É ele o entrevistado da edição de hoje  e por causa do lançamento do livro “Macedo – biografia de uma infâmia” – a história do padre Agostinho de Macedo, cuja personagem e história fascinam Mega Ferreira desde os tempos de escola... o padre Macedo – lembra Mega Ferreira – "fascina-me porque está no grau zero da moral, mas dentro do sistema e saiu sempre incólume."Enfim, de 1700 ao ano 2 mil, o país não mudou assim tanto, se calhar, pelo menos em algumas coisas. Adiante.... Quanto ao corte anunciado nos subsídios à cultura.. responde Mega Ferreira – "a mim pagam-me para fazer com o que tenho , não para me queixar." Admite, no entanto, que há limites para tudo e no dia em que o dinheiro  for mesmo muito poucochinho , aí, só lhe resta pedir a demissão do cargo e deixar o CCB. Mas, quanto aos cortes... deixa claro que não concorda e que se mandasse,  seria a cultura quem levaria a parte de leão do Orçamento do Estado... mas, como não é de se queixar, a quem diz que se está a asfixiar a cultura, responde: "Caramba, estão a asfixiar é as famílias. Haja decência!" E remata, que não tem coragem de se queixar de um corte de 15% no orçamento do CCB , quando  o país vive a situação financeira que se vai sabendo, ou fazendo uma vaga ideia...

E ainda na senda da cultura... Temos que, hoje o presidente Cavaco vai distinguir a Universidade de Lisboa, com o grau de membro honorário da Ordem Militar de Santiago da Espada. Dizem os jornais que Cavaco premeia assim o mérito literário, científico e artístico da universidade, entregando-lhe esta distinção no ano em que se assinala o centenário da instituição. 
E ficamos assim sem saber claramente se a honraria tem mesmo a ver com o citado mérito, ou simplesmente porque a universidade faz cem anos...
Sendo como for, é também curiosa e interessante essa outra circunstância, de se distinguir o mérito cultural de alguém, com uma comenda, ou ordem  militar... Enfim, para quem anda nesta guerra de promover a cultura em Portugal, talvez que até faça sentido, afinal de contas.





E de saída, notícias do mundo. Cultura, ainda? Talvez, não sei, vamos ver...
E temos então que Sílvio Berlusconi, arrumada que está de momento a carreira política, regressa à carreira musical e vai sair com um disco de baladas napolitanas , onde se fala principalmente de amor e coisas assim....

terça-feira, 22 de novembro de 2011

e o bolor é património mundial da humidade. ora aí está

E como ela é breve, lê-se num instante. Vem no "Público" e diz assim:  "a fadista Mariza afirmou que, se a Unesco confirmar o Fado com Património Imaterial da Humanidade, será um factor de orgulho para os portugueses e sugeriu que o género musical seja lecionado nas escolas."
Como se sabe, começam hoje em Bali as reuniões do comité que vai avaliar as várias candidaturas. São 49 ao todo e vão desde o teatro de sombras chinês ao mariachi mexicano, passando pela peregrinação a Qoyllurit'i, no Peru. O maior ritual religioso da América do Sul, sendo que o santuário fica num remoto glaciar e reúne mais de 30 mil peregrinos todos os anos, numa festa onde se misturam tradições católicas com ritos pagãos...
Mas não nos dispersemos – a decisão final será conhecida no próximo domingo, mas antes disso temos aqui esta declaração da jovem e internacional fadista Mariza. Diz que será um orgulho para todos os portugueses e que o fado deveria ser lecionado nas escolas... porque , provavelmente , também Mariza acredita que o fado é um género único no mundo, no que terá toda a razão...  admitamos que o mesmo se aplica aos mariachis do México, como às vozes búlgaras, ou ao flamenco, ou ao canto gutural que se pratica no Paquistão , ou aos cantos dos Inuits do Canada, Alasca, Gronelândia, por aí...
Ser ou não ser lecionado nas escolas é outra questão.
Mas fixemo-nos no essencial. 
O orgulho dos portugueses com a distinção do Fado como Património Imaterial da Humanidade...   isso será decerto uma coisa boa, porque a sensação de orgulho é sempre uma sensação agradável, que pode inspirar as pessoas e levá-las a grandes feitos  , corajosas conquistas... Fixemo-nos então no essencial e deixemos o acessório, como por exemplo, o facto de não ser só o fado, nem o mariachi, nem o flamenco, nem  as vozes búlgaras, nem o canto sincopado dos esquimós... mas toda a música .. toda a Música é Património Imaterial da Humanidade e dispensa perfeitamente distinções da Unesco, ou seja de quem for.. aliás há até quem defenda que a música , mais que património da humanidade é património e linguagem dos deuses... é a forma deles nos dizerem qualquer coisa... ou antes, de nos dizerem tudo o que vale a pena e é preciso saber sobre o sentido da vida e a terrível e maravilhosa inevitabilidade da morte

E MAIS UMA PR'Ó PATRIMÓNIO


Vem no "DN": "145 Cidades Património Mundial em Sintra." 
Começa hoje e vai até sexta feira, o 11º Congresso Mundial da Organização das Cidades Património Mundial. Segundo o secretário geral da organização, o objectivo é juntar as cidades classificadas para discutir e tentar encontrar ferramentas para reagir às alterações climáticas. Esse é o tema central do encontro: as alterações climáticas nos locais classificados pela Unesco.
Ainda segundo o secretário da organização das Cidades Património Mundial, o que se passa é que essas cidades, quando foram construídas, não levaram em conta essas alterações. Na altura ninguém falava nisso, nem pensava sequer. Em parte porque, nessa altura, esse era um problema que não existia.
Hoje, sublinha Denis Ricard, o secretário da Organização das Cidades Património Mundial, hoje, algumas cidades estão mais vulneráveis e o que tem de ser feito é desenvolver ferramentas para reagir...
Segue a prosa explicando que, neste momento ainda não há nenhuma  que esteja em risco de perder essa distinção por causa disso, mas por isso mesmo é que se deve actuar imediatamente. Diz Denis Ricard – citemos: "não queremos chegar ao ponto em que estes locais podem perder a classificação, especialmente porque não conseguem controlar a poluição (e as alterações climáticas) e seria injusto perderem esse título por algo que não conseguem controlar".. isto foi o que, diz o Público,  Denis Ricard disse... e se já repararam , entretanto entrou aqui sorrateira uma nova personagem, de que ainda não tínhamos falado – a poluição.   Ali, onde se lê que seria injusto as cidades perderem o título por causas que não conseguem controlar como a poluição e as alterações climáticas. Ora bem, admitamos que as alterações climáticas – que eventualmente resultam da poluição – serão um pouco difíceis de controlar, pelo menos a nível autárquico, já a poluição talvez seja um caso diferente. Em legenda à fotografia, que ilustra a breve noticia, o "DN" escreveu isto: "construção de muitas cidades não teve em conta a poluição".. e pode ser certo... não menos correcto seria dizer-se que a poluição não teve em conta as cidades e quem lá vive... porque em verdade , as cidades já lá estavam. A poluição veio depois.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

a minha é maior que a tua!

Diz hoje, no "Público", José Jorge Letria: "Há sempre quem se surpreenda quando, falando-se da crise, surgem vozes defendendo a cultura como via para a recuperação económica dos países em risco. Não se trata de ilusão ou de invenção, mas sim de uma visão estratégica com eficácia comprovada e sentido de modernidade, que deve ser levada em conta pelos decisores políticos a nível nacional ou local." E, como exemplo,  cita o caso da cidade de Weimar, que foi capital da cultura na viragem do século 20 para 21 e que valorizou a oferta em termos culturais e turísticos, o que acabou por reafirmá-la também no plano económico, apesar da reduzida expressão demográfica da cidade...  Posto isto e resumindo, José Jorge Letria vem hoje ao "Público" dizer e defender que a Europa tem de apostar na cultura.




Já quanto aos Estados Unidos... aí a coisa fia mais fino. 
E quando se fala em cultura, diz o jornal que  um, em cada dois norte americanos, acredita que é culturalmente superior ao resto do mundo.
Ou seja, segundo um inquérito de um instituto de pesquisa norte americano, divulgado há dias, metade do povo norte americano acredita que a sua cultura é superior às outras... 
O que representa, mesmo assim, um ligeiro decréscimo nesse optimismo – chamemos-lhe assim -  o optimismo norte americano... a auto estima, o amor próprio, ou à pátria... o que seja. Por exemplo, em 2002 a percentagem andava nos 60%... 60% dos norte americanos acreditava na superioridade cultural do seu país. Já este ano, apenas 49% concordaram com a frase: Não somos perfeitos, mas a nossa cultura é superior às outras.
Curioso, em Portugal temos um provérbio semelhante... diz assim: presunção e água benta cada qual toma a que quer.
Em termos comparativos, nesta breve lista de orgulhos nacionais... temos ainda e por exemplo, a Alemanha, onde 47% dos cidadãos sofre da mesma coisa.. ou seja, acreditar que a sua cultura é superior à dos outros... temos a Espanha, onde essa percentagem se fixa nos 44%... temos também, se bem que mais modestos e comedidos, os ingleses, que só em 32% dos casos acreditam serem culturalmente superiores  aos vizinhos e os franceses, que são ainda mais modestos, ficando-se pelos 27%... e temos finalmente e se não me engano que concordar ,que não seria bem isto a que José Jorge Letria se referia, quando dizia que a Europa tem de apostar na cultura.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Único no Mundo - Anão com 1,80 !

Dantes, todos os cafés com algum gabarito tinham um . Um engraxador.
Hoje, como se sabe, cafés  desses há cada vez menos e engraxadores também.
Mas ainda subsistem alguns.  E foi justamente para esses resistentes, que os alunos do IADE criaram este modelo de caixa de engraxador.
Vem no "Diário de Notícias", que os engraxadores vão ter caixas únicas no mundo.
Vamos então a ver.
Diz o "DN" que o IADE – Instituto de Artes Visuais , Design e Marketing – desenvolveu um  modelo de caixa para engraxadores, que vai permitir um maior conforto, quer aos clientes, quer ao próprio. Diz o jornal que este projecto pretende ao mesmo tempo recuperar esta profissão, que, como já vimos, já conheceu melhores dias e maior popularidade.  E diz também que, dos cem projectos apresentados pelos alunos do IADE, foi o  de Mariana Rato, o vencedor.

A caixa é semi oval e tem um assento para o engraxador e uma base ajustável para o sapato do cliente. Os objectos de trabalho – continua o "DN" – podem ser guardados no interior da caixa, num compartimento por baixo do assento – e até aqui, se já repararam  e tirando a forma oval da caixa, mais nada a distingue das caixas de engraxadores tal como as conhecemos... um sítio para o engraxador se sentar, outro para o cliente assentar o pé e os instrumentos de trabalho são arrumados dentro da caixa... mas, adiante, que pode ser que a grande surpresa esteja ainda para chegar.






Diz o jornal que este projecto foi batizado de "Tradição-Engraxadores" e é patrocinado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa... a Santa Casa que, como se viu, convidou os alunos do IADE para terem ideias e criarem um novo modelo para estas tradicionais caixas de engraxador. 


A rematar a breve prosa, o DN escreve que o novo modelo, único no mundo, terá marca registada, que será propriedade da Santa Casa, que, juntamente com o IADE, está neste momento a desenvolver a patente do novo objecto... sendo a ideia final distribuir estas novas caixas por todos os engraxadores certificados.
E afinal a surpresa não veio!.. ou antes... já veio e foi logo ao início da notícia. Ali mesmo, onde se lia – engraxadores vão ter caixas únicas no mundo... afirmação que se reforça depois, já quase no fim , nessa passagem que diz que o novo modelo é único no mundo e que terá marca registada.
Ora aí está! A surpresa era essa. Caixas de engraxadores únicas no mundo.





Se bem que não seja verdade. Porque a verdade é que, uniformizando o modelo, o que acontece é que todos os engraxadores certificados vão passar a ter caixas iguaizinhas, ou com muito pequenas diferenças, que mal as hão-de distinguir.
O que não acontecia quando cada um construía e decorava a sua própria caixinha conforme a inspiração e os recursos. A base do objecto era sempre a mesma. Uma caixa. Uma caixa, onde o engraxador se sentava e dentro da qual guardava todos os objectos de trabalho e um apoio , fixado sobre um dos topos da caixa, para o pé do cliente. Todas elas partiam daqui, depois cada um inventava e tornava – aí sim - a sua própria caixa... verdadeiramente e às vezes de forma delirante... única no mundo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vá Angelita, balda-te à guita!

E esta vem muito discreta nas páginas do "Público" de hoje... Notícias do mundo e a crise do euro é o mote.
E fala-se do novo governo italiano, formado por  tecnocratas, intelectuais independentes, bancários e mulheres poderosas – como lhes chama o jornal. E fala-se do reforço da governação económica da zona euro e que, nesse sentido, Portugal vai continuar sob forte vigilância até reembolsar 75% dos empréstimos europeus... e onde se fala também do novo governo grego, que terá já recebido o apoio expresso , a confiança do parlamento de Atenas.
E é então nesta página, que temos a tal discreta referência de que vos falava ao início.
Esta que diz assim: “Juncker lembra que Berlim também tem dívida elevada”




E como ela é breve podemos lê-la na íntegra...
"Jean Claude Juncker disse a um jornal da Alemanha que considera a dívida deste país mais preocupante do que a espanhola. A Alemanha tem níveis de endividamento maiores que a Espanha. A única diferença é que isso aqui ninguém quer saber disso, disse  o primeiro ministro luxemburguês e presidente do eurogrupo.."
Ora aí está! O parecer de um técnico credenciado... que a dívida soberana alemã é maior do que a espanhola, só que ninguém quer saber disso...
Bom , haverá também quem ache que nem é preciso fazer grandes contas , já que essa dívida, por portas travessas e de forma indirecta, estará já a ser paga à custa dos programas de austeridade impostos aos países considerados periféricos da velha Europa. Ou antes, que a credibilidade alemã se vai firmando sobre a capacidade de sacrifício revelada pelos povos de outras nações... como quem diz,,,  se eles conseguem , nós também conseguimos, se for mesmo preciso... por supuesto e Got sei dank e o caraças !...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

e outra que nem por isso

Temos aqui uma boa notícia e outra  que nem por isso.
Comecemos pela boa notícia. Vem no Diário de Notícias, que a EDP acaba de ser eleita a melhor do mundo, em performance empresarial pela American Productivity and Quality Center, associação norte americana, com sede em Houston, Texas. Diz o jornal que é líder mundial em actividades de benchmarking de melhores práticas e de performance empresarial...

Ora, nos Estados Unidos está em visita de Estado o presidente da república portuguesa e diz o DN que ontem Cavaco , dirigindo-se a um grupo de empresários norte americano, disse que as privatizações de alguns sectores chave da economia são oportunidades de negócio – subentende-se – de bom negócio.




E como exemplo disso aí temos  a notícia de que a EDP, uma das empresas chave da economia portuguesa, que pode vir a ser privatizada, acaba de ser eleita como a melhor do mundo em performance empresarial.


Agora saltemos para o Público, para a página das notícias locais.
Enfim, as notícias são locais, mas vamos já ver que o que se diz aqui,serve que nem uma luva a todo o território nacional e a toda a sociedade em geral; desde os órgãos de decisão ao cidadão comum.


E o que diz aqui é que a região do Algarve vive o drama do falso rico.
Ou seja, os municípios de Loulé, Albufeira e Portimão, entre 2007 e 2010 perderam mais de 50% das receitas de impostos sobre transacções e que actualmente as Câmaras , por exemplo a de Albufeira, tem dinheiro para mandar limpar as ruas e pouco mais... Em contas por alto, diz o Público que as autarquias algarvias devem quase 58 milhões de euros, só à empresa que fornece água à região. Já o desemprego aproxima-se dos 20%. Aliás, o que diz aqui é que ameaça ultrapassar esse número.


Mas fixemo-nos no essencial. Que o Algarve vive o drama do falso rico.
Já percebemos como se conquista esse estatuto... vivendo de fiados... vivendo, como se diz, acima das possibilidades, dando, como se diz também, o passo maior que a perna... e aqui chegados, admitamos que esse estatuto não é, nem de longe, exclusivo do Algarve.


Nem novo aliás.
Faz lembrar aqueles casos de doença grave, de que o doente, depois de conhecer o diagnóstico, fala com nostalgia ... se naquela altura não tivesse efeito isto, ou aquilo, agora não tinha este problema. Claro que, casa roubada trancas na porta, de pouco adianta a gente recriminar-se sobre o facto consumado. É verdade também que certas doenças se insinuam , às vezes até com requintes de encanto e sedução...  
Foi assim connosco, desde os anos 90, quando Portugal foi sendo, paulatinamente, levado a pensar que o crédito fácil era uma espécie de auto estrada sem portagens.
Mas não é.
Quem seria o homem do leme de então, que não nos soube avisar da borrasca que nos esperava?...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

salve graínha!

registemos o optimismo



Vem no Público e, como boa notícia que é, em tempos de crise e contenção, é quase de estranhar, o tão modesto destaque que o jornal lhe dá.. E diz assim: "Passos reduz número máximo de funcionários do seu gabinete".

Ora aí está, o exemplo vindo de cima sempre tem outro impacto. E vamos então ver. Diz o Público que o governo aprovou ontem o decreto lei sobre a composição do gabinete do primeiro ministro. E assim sendo, o gabinete do primeiro ministro – que é desse que estamos a falar – passa a reduzir de 15 para 12, o número máximo de adjuntos; reduz de 20 para 15, o número máximo de secretários; reduz de 23 para 12, o número máximo de motoristas e mantém o número máximo de 10 assessores...
Este anúncio foi ontem feito ao país pelo secretário de estado da presidência, Luis Marques Guedes. Outra das medidas previstas no decreto lei acaba com o pagamento das horas extraordinárias, ou antes, acaba com esse conceito de horas extraordinárias, trocando-o pelo regime de isenção de horário, o que quer dizer que esses funcionários, segundo o texto do decreto, passarão a ter de estar disponíveis em permanência para todas as solicitações dos vários gabinetes do Governo...
E a rematar esta breve notícia, o Público refere as justificações do secretário de estado – diz que é para homogeneizar o regime de trabalho de todo o pessoal...
Só pelo que ficou dito, não se chegava lá, mas fica dito.

E a rematar - e agora sim, mesmo para encerrar o assunto - temos ainda que, a partir de agora, despesas de representação só serão admitidas e pagas aos chefes de gabinete.... o que quer dizer que os outros funcionários , que não chefes de serviço, mas que sejam também chamados a representar qualquer coisa não terão direito ao pagamento de despesas de representação..  sendo que tudo leva a crer que os funcionários que não ocupam lugares de chefia devem ter um ordenado mais baixo do que os chefes, daí talvez fizesse sentido serem esses a ser reembolsados das despesas de representação que o ofício os obrigasse a fazer... ou então não.
Ou então, apenas os chefes de gabinete são chamados a representar seja o que for, porque só a eles é reconhecida a autoridade para tal... e se for assim, então esta decisão não faz sentido nenhum.







E agora fixemo-nos na manchete do Diário de Notícias.
Nesta, que diz que a Itália é mais perigosa para os bancos portugueses, do que a Grécia.
E isto porque os bancos portugueses investiram mais na compra de títulos de dívida italiana do que grega.  Uma diferença de mais de 94 milhões de euros. Ou seja, Portugal, os bancos portugueses compraram , ou investiram , segundo a redação do DN, investiram mil e 400 milhões de euros em dívida italiana. Um mau investimento, ao que parece. Um muito mau investimento. Mas enfim, os banqueiros também se enganam.
Mas, não deixa de ser estranho, ao mesmo tempo. Isto, se tivermos em conta que os juros da dívida sobem em proporção e relação directa com o grau de dificuldade que os países têm em cumprir esse tipo de compromisso, ou seja, pagar as dívidas. Aliás, nem isso. Que, ao que parece, não é isso que está em causa, nem ninguém parece com intenções de saldar esse tipo de factura. O que está em causa é antes a confiança que se consegue inspirar nos credores, a certeza de que a dívida haverá de manter-se dentro de um limite considerado razoável. Ou seja, que temos ali um cliente para o resto da vida.
Mas não nos desviemos do assunto. 
O mau negócio que terá sido investir em dívida italiana, agora que os juros dessa mesma dívida sobem até ao que o jornal chama de limite psicológico dos 8%... É isso que o jornal denuncia. E é isso que soa estranho. Pois se investirmos num produto financeiro – no caso dívida soberana - que nos pode render juros altos e, ao que parece, cada vez mais altos, à medida que a economia se afunda... então será esse um mau negócio?!. Não seria pior negócio comprar títulos que não rendem juros nenhuns, ou juros muito baixos?!..
Pode sempre dizer-se que , pois sim está bem, mas se não há dinheiro, tudo se fica num cenário virtual, de faz de contas... E será eventualmente assim, se bem que se pode sempre dizer que, dinheiro não temos, mas só com o dinheiro que nos devem dava para encomendar 15 TGV’s e um cabaz de nêsperas.
Mas, agora a sério, diz ainda o Diário de Notícias que Passos Coelho acaba de garantir que não pedirá mais ajuda externa.
Registemos o optimismo do primeiro ministro , se bem que, como toda a gente já percebeu, essa é uma decisão que o ultrapassa ligeiramente.

Se calhar é fodido, mas é assim mesmo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

falemos antes de extra terrestres

Tenho aqui uma dúvida. Deixem que leia: “Não há democracia sem justiça. Não há justiça sem advogados. Consulte um advogado e fique descansado". Vem, este alerta assinado pela Ordem dos Advogados e em nome de uma reforma na Justiça portuguesa. E vem no jornal "Público", em anúncio de meia página. Digo em anúncio, mas a dúvida que fica é se não deveria dizer antes – publicidade - o que pode ser , em substância, a mesma coisa, mas que pode também ser substancialmente diferente. Ou seja, a publicidade paga-se e , manda a lei, que seja devidamente identificada como tal, nos órgãos de comunicação social, o que, neste caso, não acontece. No canto superior direito, onde habitualmente se escreve a palavra publicidade, aqui, o que aparece é apenas o endereço electrónico da Ordem dos Advogados. De resto e quanto ao conteúdo e ao conselho que ele transmite, parece um pouco inútil. Claro que , em assuntos de justiça e principalmente quando esses assuntos chegam à barra dos tribunais, o melhor é contractar um advogado. E , quando não houver dinheiro para isso, creio que o Ministério Público se encarrega de nomear um...
Mas, falemos antes de extra terrestres.
Ainda no Público ficamos a saber que a Casa Branca não confirma nem desmente, que tenha já contactado com algum , ou que haja provas de que eles já aí andam por entre os humanos , disfarçados, ou até mesmo em forma mais subtil e imperceptível a olho nu.
E esta declaração surge por causa de duas petições que chegaram a Washington,  solicitando que o Governo reconhecesse  formalmente a presença de extraterrestres na Terra, convivendo com a raça humana.. isso e que divulgasse imediatamente todos os dados na posse das autoridades e das comunicações com seres extraterrestres.
A resposta veio em comunicado subscrito pela administração norte-americana e pelo próprio Departamento para a Ciência e Tecnologia e diz assim: "o governo não tem provas da existência de qualquer forma de vida fora do planeta, ou de uma presença extraterrestre ter contactado ou se ter relacionado com a raça humana."  E continua explicando que nem em forma mais ou menos extravagante, se bem que vagamente antropomórfica, ou , mais extravagante ainda, em forma de pequena bactéria. Diz o comunicado que não há informação credível que sugira que qualquer tipo de prova está a ser escondida da opinião pública.
Rematando, o comunicado deixa ficar bem claro que tudo isto não quer dizer que não se esteja à procura de vida para lá da Terra, seja a nível da iniciativa privada, ou a nível oficial, através dos telescópios da Nasa, ou nas viagens interplanetárias, que a agência espacial norte americana vai realizando... mas por enquanto nada. Pelo menos que se saiba... Claro que sobra sempre a hipótese de ter já havido de facto uma espécie de encontro imediato de 3º grau, só que o extraterrestre em causa se deixou ficar tão quietinho que o confundiram com uma pedra.


Pois ,o "Diário de Notícias", em relação ao mesmo assunto e partindo da mesma informação que chega da Casa Branca  , escreve, peremptório e, diria eu, mais papista que o Papa:"que não há vida extraterrestre". O que, para além do abuso de interpretação, é até um pouco falso. Senão vejamos... os astronautas, que andaram passeando pela superfície da lua eram o quê, nessa circunstância, senão extraterrestres?...


E agora, se aterrarmos na página ao lado desta, onde o DN garante que não há vida extraterrestre , lemos que, segundo um inquérito do Banco de Portugal, 60% dos portugueses não sabem o que é o spread, desconhecem o custo dessa taxa , no crédito à habitação... e que, em 90% dos casos, não sabem também o que é a Euribor. Em destaque sublinhado, o DN escreve que, para o governador do banco central, Carlos Costa, "o maior activo que temos é a confiança no sistema bancário".   Neste caso e ao que se pode concluir.. é mesmo de uma confiança cega que se trata...


E avancemos.
Se de contas se fala, vamos ás contas feitas pela APDC – ou seja, a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações.
A APDC quer ajudar o Estado a poupar.. e não será pouco – 11 mil milhões de euros em 3 anos.
Diz o jornal que a proposta vai hoje ser apresentada ao secretário de estado adjunto, Carlos Moedas. Não se chega ao pormenor de especificar medida a medida, as que levam a essa poupança , mas diz-se que são seis. 
" Seis medidas de base tecnológica, que podem ajudar o País a realizar as poupanças a que se obriga no prazo de 3 anos imposto pela troika" – é o que se lê, na citação de Pedro Norton, o presidente da Associação.
Diz ainda o jornal, que a APDC representa quase 8% do PIB nacional e que está disponível para aprofundar com o Governo, essas 6 linhas de acção, que se inspiram em experiências semelhantes , como por exemplo, a que foi proposta em Outubro à administração norte americana.
Resumindo : a proposta pretende ajudar a administração pública e o sector empresarial do Estado a poupar 11 mil milhões e a alavancar as receitas.
11 mil milhões. Portanto, menos mil milhões,  do que vai ser preciso, ao que parece , para recapitalizar a banca nacional e evitar que o Estado seja obrigado a nacionalizar mais um banco à beira da falência.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

a Lâmpada de Al Ladino

Investir.
Há quem defenda que os tempos de crise financeira e económica são bons para quem tem qualquer  coisinha de seu para investir. Janelas de oportunidade – chamam-lhe.
Pois hoje temos aqui um investimento  sério e assumido. A EDP comprou metade da primeira página de dois jornais do dia – o Diário Económico e o Jornal de Negócios. Meia página de publicidade; tendo em conta que é justamente a primeira página, o que está aqui em causa e mesmo desconhecendo as tabelas publicitárias destes dois jornais, uma coisa é certa: não foi barato. Mesmo e apesar deste anúncio não contar com a presença de ninguém conhecido, ou famoso, sorrindo – o que, naturalmente aumentaria o preço da campanha... mesmo sem essa mais- valia... uma coisa deve ser certa: não foi barato.





Mas foi certamente um investimento bem pensado, que, apesar de tudo e de todas as janelas de oportunidade se abrirem em tempos de crise, não parece que seja razão para  aproveitar essa janela aberta para deitar dinheiro  para a rua...
Quanto à mensagem do anúncio – ela convida o leitor a investir na EDP ... a tornar-se um pequeno acionista, portanto.
O anúncio garante que é um investimento seguro e acrescenta à mensagem o logótipo de 4 bancos que, supostamente, estarão ligados a esta campanha de angariação de investidores.


E é isto. Sendo isto duas coisas a um tempo: primeiro, que não deve ter sido barato publicar estes dois anúncios de meia capa nos jornais económicos desta segunda feira.E depois esta, que os novos investidores da EDP terão pelo menos uma pequena consolação, quanto aos aumentos de tarifas e taxas várias incluídas na factura da electricidade... Sendo investidores da empresa, até pode ser uma boa notícia, o aumento dos preços...
Ou então – reformulando a questão em forma de pequeno intermezzo dramático - imaginemos a situação em que uma pessoa costuma por hábito repetido esquecer-se de apagar as luzes de casa, ou as acende mais do que é preciso... essa situação, em que geralmente alguém diz: "Tu deves ser, mas é... (este mas é, é só para reforçar o tom coloquial à conversa.) ... tu deves ser , mas é, acionista da Companhia!"
Aí, naturalmente, a resposta será— "Pois sou !"

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

tanto me faz

E hoje haveria forçosamente de entrar pela primeira do I.
"Que  Horror", diz a manchete, com exclamação. A ilustrar esta legenda apenas uma imagem. E no caso, a imagem é a do rosto de Angela Merkl, fazendo aquilo que em gíria se chama uma careta. No caso, tudo leva a crer que seja uma careta de repugnância. Não de uma repugnância exagerada. Só a expressão de quem responde, sem palavras, a uma sugestão que de todo não lhe agrada. Poderia, aliás, ser também a expressão de quem observa qualquer coisa que correu, ou está a correr mal. Não será de facto uma expressão das mais fotogénicas, a menos que se considere que o jornal decidiu publicar uma fotografia daquelas em que se apanham as pessoas desprevenidas e em poses menos próprias só pela brincadeira. Uma coisa para se mostrar aos amigos depois das férias, como quem mata saudades de um tempo de lazer em que não há preocupações e tudo o que nos acontece dá vontade de rir, porque estamos de férias e não estamos para preocupações... E se isto é o que de mais imediato ocorre dizer sobre esta fotografia da chanceler alemã que ocupa a capa do I – e se concordarmos que, como fotografia se percebe que não seria a fotografia que a chanceler haveria de escolher para ilustrar a capa de um jornal – isto se lhe perguntassem...  posto isto , haverá também de concordar que não é razão para o título que a antecede – não sendo uma fotografia por aí além, não chega a ser um horror... Então vamos às legendas que chamam, na capa, para as notícias que, eventualmente, convocam a srª Merkl para a primeira página E as legendas dizem: "Papandreou prometeu abandonar governo hoje à noite". Será este o horror de que fala o título?
Vamos a outra: "Oposição dá o dito por não dito e quer eleições antecipadas" (na Grécia , claro). E será então este o motivo de horror?..
Talvez esta última... "Merkel garante que não vai mais um cêntimo para Atenas". Bom, enfim, talvez este...
Vamos supor a situação: "srª chanceler, vai emprestar mais um cêntimo a Atenas?" – isto partindo do princípio de que o resgate grego está a ser pago em exclusivo pelo tesouro alemão...  partindo então desse principio poderíamos imaginar a situação... "a srª vai emprestar mais um cêntimo a Atenas?". E então aí a chanceler faria a tal expressão que aqui temos e responderia: "Eu? Mais um cêntimo para Atenas? Que horror!" Enfim, seria possível.

Menos provável, mas apesar de tudo mais conforme com a expressão da chanceler, é este outro título, que surge logo abaixo e  realçado a negro e vermelho em fundo amarelo vivo e diz assim: "transportes públicos – preços sobem até 25% com novos passes". Aqui sim , a chanceler poderia exclamar  - "Um aumento de 25% nos transportes? Que horror!"—mas, apesar de ser conhecido o interesse com que a Alemanha segue a evolução da economia portuguesa, é pouco provável que o aumento dos transportes públicos em Portugal preocupe a chanceler alemã a ponto de a forçar a uma expressão... como diria?.. tão expressiva.




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É um dos assuntos do dia e é uma matéria que, pelo menos para alguns, criou entretanto alguma expectativa.
E falo da posição do partido socialista quanto à aprovação do próximo Orçamento Geral do Estado.
Segundo os jornais do dia e depois da reunião de ontem na sede no largo do Rato, em Lisboa, os socialistas vão abster-se na hora da votação. Diz o Público – "Seguro propõe a abstenção dos socialistas pela credibilidade do país"... este é o título - a ele voltaremos...
Na continuação da notícia lemos que o líder do PS contou com o apoio do seu opositor na liderança do partido, Francisco Assis, e de vários deputados e ex membros do Governo  de Sócrates... e lemos também que esta abstenção socialista, pelo menos no entender e sugestão do líder do partido... esta abstenção vale, independentemente da discussão, do debate na especialidade . Portanto a ideia é abster-se o partido socialista de aprovar, ou chumbar o Orçamento, desde a votação inicial até à votação final global, independentemente das eventuais alterações e acertos propostos, ou mesmo introduzidos no texto do documento.
O jornal diz que à hora do fecho da edição ainda decorria a reunião no largo do Rato, daí não saber-se ao certo que resultado seria apurado da votação de braço no ar dos 50 militantes que estavam ontem inscritos nesse sufrágio. Mas o que o Público pode assegurar com toda a certeza é que António José Seguro propõe a abstenção socialista ao Orçamento de Estado. ~

E agora regressamos ao título – "...propõe a abstenção socialista pela credibilidade do País"... poderia dizer-se que era pela credibilidade do próprio partido, nesse sentido em que , se as coisas correrem mal, poder então dizer... afinal nós é que tínhamos razão... se bem que aqui talvez fizesse mais sentido votar contra. Daria , pelo menos, mais força aos argumentos socialistas. Mais credibilidade, digamos assim.


Mas voltemos aos argumentos de Seguro... o interesse e a credibilidade do país, é o que o Público diz que Seguro disse... acrescentando – o jornal – que Seguro disse também que não sentia qualquer responsabilidade em relação à execução do próximo Orçamento por não ter sido chamado a dar o seu contributo pelo Governo.. ou se quisermos – chamado pelo Governo a dar o seu contributo...


Para o caso não interessa a ordem , ou a desordem das palavras.. o que fica é este raciocínio curioso.. Seguro não se sente responsável pela execução do Orçamento porque não foi convidado a dar um parecer durante a elaboração do documento... é chamado agora a pronunciar-se sobre se concorda ou não.. e é então que António José, seguro de que defende o interesse e a credibilidade do país responde.. tanto me faz, agora já tanto me faz.



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Convém começar por deixar bem claro que vamos seguir o relato do Diário de Notícias, daí que, se porventura alguma informação relevante ficar por acrescentar ao que for dito... ou ficar em falta para o esclarecimento do caso... enfim, de momento, é o que temos.
E o que temos é que, segundo o relato do DN, o Pingo Doce está a pedir dados dos filhos dos funcionários, o que para o PCP é uma medida discriminatória.
Dito isto, vamos aos factos.
Diz o DN que a cadeia de supermercados está a pedir , a quem quiser trabalhar de forma temporária para a empresa no período de Natal que se aproxima, que declare , na ficha de candidatura, a idade dos filhos. Para quê? Para saber a quem vai dar prendas de Natal, que, segundo o jornal refere, é uma prática antiga na empresa – dar prendas de Natal aos filhos dos funcionários. A todas as crianças até 12 anos de idade é oferecido um vale de compras no valor de 25 euros para compras de Natal , desde que as façam nas lojas da própria cadeia; ou seja, 25 euros para serem gastos no próprio Pingo Doce. Mas não é isso que indigna o PCP – não isso de condicionar as compras das crianças aos artigos que o próprio supermercado vende, limitando-lhes o território e a liberdade de escolha... não. O que indigna o PCP e já o fez saber pela voz de dois deputados que enviaram o protesto para o próprio ministro da economia e para o secretário de estado da igualdade.. o que indigna o PCP é a ilegalidade da coisa. A ilegalidade porque representa uma violação.. uma violação, porque fere a reserva da intimidade da vida privada prevista no código de trabalho.  Citando os argumentos destes deputados comunistas: "não se vislumbra qualquer necessidade ou relevância para avaliar a aptidão para a execução de funções na questão sobre a idade dos filhos que não seja a discriminação entre candidatos de empregos".. Bom, aqui talvez devêssemos dar razão a estes argumentos... de facto talvez seja uma discriminação. A discriminação entre os funcionários que têm e os que não têm filhos. Os que não têm , não têm e pronto.. os outros, se os filhos tiverem até 12 anos, têm direito a um vale de compras de 25 euros.
Posto isto o jornal foi naturalmente ouvir a outra parte e ficou a saber que este procedimento é comum na empresa... ou seja, segundo a Jerónimo Martins, há mais de dez anos que  há um único modelo de ficha de inscrição e nesse impresso vem sempre a questão dos filhos, por causa das razões que já ouvimos...
Mas o DN quis saber mais e foi falar com um especialista em direito do trabalho. E a resposta que obteve foi esta: "a lei só admite que o empregador peça este tipo de informação aos candidatos a trabalhadores, caso essa mesma informação seja importante para avaliar a aptidão para a execução do trabalho em causa..." como por exemplo – remata o DN citando ainda o especialista em direito do trabalho... "que, para um trabalho que exija um esforço físico, por exemplo, já se admite que uma candidata tenha de dizer se está grávida ou não."Ora, penso que já percebemos que não é isso que está aqui em causa.. o de funcionárias grávidas.. mas antes , o caso de crianças até aos 12 anos de idade, contando esse prazo de vida a partir do parto e não do momento da concepção...
E era mais ou menos isto que tinha para vos contar. E como amanhã é Sábado e o tempo não está seguro deixo-vos com um excerto da Balada da Neve, de Augusto Gil...


Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Obama volta a ser o mais poderoso" – diz o Jornal de Noticias.
Foi ontem eleito a pessoa mais poderosa do mundo pela revista Forbes.
Acrescenta o jornal que Obama recuperou assim o lugar até agora ocupado pelo presidente chinês, Hu Jintao, que baixa para 3º. Diz ainda que as mortes de Bin Laden e de Muammar Kadafi  terão contribuído para esta revisão em alta do estatuto de Barak Obama.
Ainda segundo o JN, das 70 figuras eleitas, 6 são mulheres, e dessa meia dúzia, uma é Angela Merkl, que surge em 4º lugar, impulsionada pela crise do euro – aliás, o que está aqui escrito é que a chanceler alemã foi eleita a 4ª pessoa mais poderosa do mundo por causa da influência da Alemanha numa união europeia em crise...    E para encerrar o assunto falta só dizer que , ainda nesta lista dos 70 mais poderosos do mundo, estão o chefe de um cartel de narcotraficantes e o chefe de um grupo criminoso, no caso um indiano suspeito de financiar grupos terroristas. É escusado citar-lhe o nome, que duvido que o conheçam. Já estes dois são mais conhecidos e constam também da lista: o criador do Facebook é um deles e é o mais novo da lista, o Papa é outro.
Kadafi não consta que apareça nesta lista, apesar de termos ficado hoje a saber pelos jornais que constaria numa outra, a lista das Nações Unidas para ser distinguido como defensor dos direitos humanos...
Mas aparece nesta outra noticia que o JN publica ainda nesta mesma página.
Não tanto Muammar Kadafi, mas um filho do ex presidente líbio.
O que acontece é que esta jovem italiana acaba de perder o emprego porque  foi namorada de um filho de Kadafi...  Não consta que o fosse ainda, actualmente, mas que terá sido namorada de Mutassim Kadafi durante 4 anos.  Mutassim morreu no mesmo dia em que o pai, durante a guerra civil; já esta jovem, Vanessa, diz o jornal que se chama... Vanessa é modelo fotográfico e era a imagem de marca de uma operadora telefónica alemã. O contracto acabava só para o ano que vem, mas a empresa, mal soube da morte de Mutassim Kadafi, cancelou a campanha e dispensou a jovem modelo.
Ou seja, se Mutassim Kadafi não tivesse morrido, talvez ainda hoje a jovem Vanessa fosse o rosto da telefónica alemã... aliás, se Mutassim Kadafi não tivesse morrido, talvez ainda fosse a Nova Iorque, ver o pai receber a distinção das Nações Unidas,  pela defesa dos direitos humanos.



Agora, outra coisa...


Deu polémica desde a primeira hora. A afirmação do secretário de Estado da juventude, Alexandre Mestre, em S. Paulo, no Brasil perante uma plateia de jovens luso-brasileiros.
E o que o secretário de Estado  disse foi – citemos o Diário de Noticias – "se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras."
Os jornais do dia logo resumiram estas declarações como um convite expresso à emigração dos jovens portugueses. Hoje, o DN escreve que os deputados do partido comunista, no caso, pela voz de Rita Rato, querem que Miguel Relvas, o ministro dos assuntos parlamentares, vá a S. Bento explicar se o governo mantém a confiança política no secretário de Estado, depois destas afirmações, que o PCP considera inaceitáveis...
Ora bem,  quem não for completamente estranho ao tipo de argumentação utilizado em política, decerto que já sabe como é que o ministro, ou até mesmo o secretário de Estado vão responder, se forem responder, pelas controversas declarações. Recitemos o que foi alegadamente dito: "se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras." Ou seja, se estamos no desemprego, temos de sair  da zona de conforto... dessa zona de conforto, em que há empregos para toda a vida; dessa zona de conforto, em que se consegue trabalho na área profissional para que se andou a estudar, ou se tem particular vocação e competência; da zona de conforto, em que o trabalho é pago pelo seu justo valor e não condicionado por orçamentos de emergência... e ir para além das nossas fronteiras, ou seja, abrir os horizontes a todas as possibilidades, inventar, reinventar, criar o próprio emprego, empreender, arriscar... Ir além das  fronteiras , nesse sentido em que a economia é hoje um fenómeno global...  Ir para além das nossas  próprias fronteiras pessoais, nesse sentido de descoberta de qualidades, de forças, de energias que julgávamos que não tínhamos ...  ir para além das nossas fronteiras, nesse sentido olímpico da coisa -  mais rápido , mais alto, mais forte.
 E agora? Já soa menos mal?
Mas não digam que fui eu que disse...